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TOSTÃO
Dois estilos
O estilo holandês é o do Brasil do passado. O estilo brasileiro atual é uma mistura do nosso antigo futebol e o do pragmático futebol europeu
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O Brasil enfrenta a Holanda
no sábado, em Salvador, e na
próxima terça-feira, em Goiânia. O time holandês joga no
esquema tático parecido com o
do Brasil dos anos 60: dois zagueiros, dois laterais essencialmente marcadores, dois
armadores, dois pontas, um
jogador fixo
na frente e um
meia, na ligação com os três
atacantes (4-2-1-3).
O time brasileiro continua
com seu esquema "moderno", que está
ficando velho e
repetitivo: dois
zagueiros, dois
laterais apoiadores, dois armadores defensivos (volantes), plantados em linha, na
frente dos zagueiros, um armador ofensivo de cada lado e
dois atacantes (4-4-2).
No time holandês, a cobertura dos zagueiros é feita principalmente pelos laterais, e, no
brasileiro, pelos volantes. O
apoio ao ataque é feito, na seleção brasileira, por meio dos
dois armadores ofensivos e dos
laterais, enquanto, na holandesa, esse apoio é executado
pelos dois armadores e pelo jogador de ligação entre o meio-campo e o ataque.
A Holanda usa, no ataque,
um jogador fixo no centro, um
meia-ponta-de-lança, vindo
de trás, e dois pontas. O Brasil
tem dois atacantes movimentando-se na frente, e os espaços,
nos flancos, são
ocupados pelos
laterais.
Qual é o melhor
sistema? O melhor é o craque.
Os dois times têm
ótimos jogadores
e se equivalem. A
Holanda prioriza
mais o toque e a
posse de bola, os
passes curtos e as
tabelas pelo
meio, enquanto o Brasil prefere mais os cruzamentos das laterais e as jogadas em velocidade.
O estilo holandês é o do Brasil do passado. O estilo atual
brasileiro é uma mistura do
nosso antigo futebol (Holanda
atual) e o do pragmático futebol europeu. A Holanda joga
um futebol mais bonito, e o
Brasil é mais competitivo. Serão dois belos jogos.
No limite
Hoje, o Palmeiras volta novamente ao gramado para
uma partida decisiva.
O time não está tão cansado
como falam, porque revezou
seus jogadores durante todo
este ano. No entanto, em alguns momentos, por causa da
importância dos jogos, foi
obrigado a escalar os mesmos
jogadores na quarta-feira, na
sexta-feira e no domingo, o
que prejudicou o rendimento
da equipe.
O Palmeiras continua com
grandes chances de ganhar os
três títulos -do Paulista, da
Copa do Brasil e da Libertadores-, porque se preparou corretamente para isso.
Não espero hoje uma partida
brilhante, e sim um bom resultado. A derrota, até por um gol
de diferença, está nos planos
do treinador.
Estou percebendo que o Palmeiras joga o que precisa jogar. Como já disse o Matinas,
confundimos essa sua capacidade de atuar no limite de
suas necessidades com más
atuações.
O Deportivo Cali não tem a
tradição do River Plate, mas
tem hoje um time melhor.
O futebol colombiano parece
com o brasileiro do passado.
Eles têm jogadores habilidosos, um belo toque de bola,
mas não têm a eficiência e o
pragmatismo dos vitoriosos.
Estão caminhando para chegar lá. Talvez falte somente
um grande título. Mas penso
que ainda não está na hora de
isso acontecer.
Para iniciantes
Nesta semana, sentei-me na
poltrona, diante da TV, para
torcer e assistir às partidas dos
nossos craques do tênis, e saí
novamente frustrado, porque
não consegui entender nada.
Além de torcer, queria conhecer as regras, aprender a
terminologia, saber dos detalhes técnicos -o que ninguém
explica. Os narradores e comentaristas pensam que todos
os espectadores são especialistas no assunto.
Na última Olimpíada, um
amigo lamentou que tinha tirado férias para assistir e entender um pouco de todos os
esportes. Depois de um mês
acompanhando as competições pela TV, terminaram os
Jogos, e ele continuava sem entender nada.
Percebo, com mais clareza,
que nós, comentaristas e narradores, fazemos o mesmo no
futebol. O número de pessoas
que assistem aos jogos pela TV
e que gostariam de saber dos
detalhes do futebol é muito
maior do que se imagina.
E, em uma Copa do Mundo,
elas são a maioria.
E não fazemos nada para
ajudá-las. Ao contrário, usamos uma terminologia antiga,
cheia de clichês, que não corresponde ao que se vê hoje em
campo.
Ainda tenho esperanças de
que até a final do torneio de
Roland Garros saberei o mínimo necessário sobre a regra e
técnica do tênis.
Estou curioso para entender
o que é "quebrar o serviço",
"set point", "break point",
"match point", "lob",
"smash", "tie-break" e"vantagem a favor".
Pensava, por exemplo, que
toda vantagem fosse a favor.
Hoje, em Porto Alegre, com a
volta do capitão Dunga, o Internacional tem uma grande
chance de chegar novamente a
uma final da Copa do Brasil. O
Juventude, porém, tem mostrado, neste torneio, que é um
time com condições de vencer
qualquer adversário, em qualquer campo.
Quem saiu lucrando na disputa entre Dida e Cruzeiro foi
o Milan. O clube italiano adquiriu um excepcional goleiro,
pelo preço de um jogador comum (US$ 3 milhões). O Cruzeiro teve um tremendo desfalque. O jogador vai ganhar o
salário que recebia no time
mineiro, já que concordou em
não receber seus direitos na
porcentagem do passe.
Fala-se muito, nas partidas,
que o jogador não teve a intenção de fazer o pênalti, de tocar
com a mão na bola, de cometer
faltas etc. Com raras exceções,
jogador nenhum tem intenção
de cometer infrações. Como
um atleta vai desejar cometer
um pênalti? A falta deveria ser
marcada, independente da intenção.
Na semana passada, assisti a
uma das mais deliciosas entrevistas na TV, a da contadora
de histórias Regina Machado,
entrevistada por Marília Gabriela, no canal GNT. Quando
crescer, quero ser também um
contador de histórias.
"Fiz tantos gols que não tive
tempo para aprender a jogar
futebol." (Dadá Maravilha).
²
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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