São Paulo, quarta, 2 de junho de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS
Uma coisa de cada vez

THALES DE MENEZES

A maioria dos leitores que têm paciência suficiente para ler esta coluna já vai estar sabendo os resultados de Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni nas históricas quartas-de-final de Roland Garros. Em nítida desvantagem, o colunista muda o foco para a bendita questão do número um.
Um telejornal esportivo anunciou ontem: "Derrota de Ríos rouba de Guga o sonho de ser o número um!". Mesmo sem chegar a esse arroubo de dramaticidade, todo o resto da imprensa elegeu a busca da primeira posição do ranking como a prioridade de Kuerten nos últimos dias.
Isso demonstra um total desconhecimento de como funciona a cabeça de um tenista e da real importância de um título em Roland Garros.
De uma vez por todas, ranking é circunstância! Claro que todo jogador quer ser o número um, mas ganhar um título de Grand Slam, seja o primeiro, o segundo ou o 20º do mundo, é muito mais importante.
Quem conhece bastante o tênis e um pouco a cabeça de Kuerten sabe que o brasileiro não está nem aí para essas contas de ranking. E os motivos são de fácil compreensão.
Kuerten deverá ser número um do mundo, é só uma questão de tempo. Não vai ser na próxima segunda, mas será em breve. Basta lembrar: se a alteração do sistema de ranking que a ATP vai adotar no próximo ano já estivesse vigorando, Kuerten já seria o número um. É dele o melhor desempenho do ano.
No atual nível de competitividade do tênis, o primeiro posto do ranking tende a ter um número maior de ocupantes. E um título de Grand Slam, fruto de duas semanas de disputa feroz e desgastante, continua sendo um momento único. Não há como negar: lembrar o nome dos vencedores da Copa do Mundo de tênis ou do Lipton não é tarefa fácil, mas todos se lembram dos ganhadores na França, em Wimbledon...
Kuerten não precisa ter pressa. Cada coisa no seu tempo.

NOTAS

Maratona
O ressurgido Andre Agassi contra o azarão Dominik Hrbaty deve ser um jogo da pesada e tem tudo para ser interminável. Os dois são incansáveis. Ríos e Moyá que o digam.

Sem zebras
Martina Hingis, Steffi Graf, Arantxa Sánchez e Monica Seles. Enquanto a chave masculina exibe caras novas nas rodadas finais, a feminina parece um filme antigo. Anna Kournikova, Patty Schnyder e as irmãs Venus e Serena Williams sentiram que Roland Garros resolveu esperar mais um ano para consagrar a nova geração.

Velha guarda
O hexacampeão Bjorn Borg, John McEnroe entrando com a filhinha na quadra, Ilie Nastase ameaçando tirar seu calção, Ken Rosewall, Tom Okker... A chave de veteranos é um show em Paris, mas total e injustamente desprezado pela TV.
²
E-mail thales@folhasp.com.br



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.