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Jogadores evitam cometer faltas e deixam Uruguai criar jogadas
Seleção ignora cartilha do novo técnico e fica "dócil"
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A MONTEVIDÉU
A seleção brasileira não realizou
o que prega a cartilha de seu novo
treinador e colheu ontem mais
uma derrota nas eliminatórias
sul-americanas para a Copa-2002.
Contra um adversário com
quem travou alguns dos duelos
mais violentos da sua história, o
time nacional, principalmente no
primeiro tempo, quando teve
atuação pífia, não adotou a estratégia de Luiz Felipe Scolari de parar o jogo com faltas no meio-campo e saiu derrotado por 1 a 0.
Segundo o Datafolha, o Brasil
cometeu 19 faltas. Além de baixo
para os padrões dos clubes que
Scolari já dirigiu, esse número é
inferior à média da seleção nas eliminatórias com Wanderley Luxemburgo -21,6 por jogo.
Quando se verifica a violência
brasileira em cada jogo do qualificatório sul-americano, fica mais
claro o quanto o Brasil precisa hoje parar os adversários com faltas
para ter sucesso.
Nas seis vezes em que venceu na
competição, a média de infrações
brasileiras alcançou a marca de
23,2 por jogo. Nas sete oportunidades em que terminou sem a vitória, a média de faltas não passou
de 16,8 por encontro disputado.
Para Scolari, o receio dos jogadores brasileiros em cometer faltas foi a chave da derrota.
"Temos que parar as jogadas do
adversário. Quando dizemos isso,
falam que mandamos bater, mas
não é assim. Isso é uma técnica de
jogo. Temos que aprender para o
futuro algumas coisas que nossos
adversários já sabem fazer melhor", declarou Scolari.
Em toda a primeira etapa da
partida de ontem, o Brasil cometeu apenas oito faltas e deixou os
uruguaios com a bola no pé na
maior parte do tempo.
O primeiro gol dos donos da casa mostrou bem que a seleção não
seguiu a cartilha de Scolari.
Por quase todo o campo de ataque da sua equipe, o meia-atacante Recoba conduziu a bola sem ser
parado pelos volantes e pelos zagueiros brasileiros.
Só quando se preparava para
chutar, dentro da área, o uruguaio
foi derrubado por Cafu.
Sem hesitar, o juiz escocês Hugh
Dallas marcou a penalidade, que
foi cobrada com categoria pelo
atacante Magallanes, aos 34min.
Na comemoração, o jogador
mostrou uma camiseta em homenagem ao companheiro Nicolás
Oliveira, que, depois de sofrer
duas convulsões e um desmaio
nos treinamentos, não teve como
participar da partida de ontem.
"Temos receio, e o receio faz
com que você se exponha ao erro.
Cercamos demais o adversário,
até dentro da nossa área", lamentou o treinador sobre o lance do
pênalti que decidiu o jogo.
Além de deixar o adversário jogar, o Brasil não tinha competência para finalizar. Até o momento
do gol uruguaio, a equipe do capitão Romário, que teve atuação
apagada, tinha finalizado apenas
duas vezes -ambas sem perigo
para o gol de Carini.
Na etapa final da partida, o Brasil fez mais faltas -11- e teve
uma atuação melhor.
Com a entrada de Euller no lugar de Élber, o time se movimentou mais, criou mais, mas pecou
nas finalizações. Segundo o Datafolha, das 18 conclusões da equipe, apenas cinco tiveram a direção certa, o que significa um aproveitamento de 28%. Com Wanderley Luxemburgo, o time acertava 38,4% de suas conclusões.
Com 15 minutos para o final do
jogo, Scolari partiu para uma mudança radical.
No desespero, o treinador, que
gritava muito na beira do campo,
vestido com agasalho, colocou o
atacante Jardel, seu jogador no
Grêmio, e sacou Antônio Carlos.
Sem entrosamento algum com
Romário, Jardel praticamente
não tocou na bola.
Para tentar evitar o jogo aéreo
brasileiro, Victor Púa, técnico do
Uruguai, sacou seus jogadores
mais ofensivos.
No final, a partida se tornou
emocionante. Em uma cobrança
de falta, o lateral Guigou acertou a
bola na trave. Em um chute de fora da área de Rivaldo, Carini defendeu com dificuldades. Os brasileiros reclamaram que o goleiro
caiu com a bola dentro do gol
após a defesa. Nos acréscimos, na
entrada da pequena área, Euller
perdeu a última chance.
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