São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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PENTA

Sem proposta de times europeus, técnico pensa em seguir e tentar o ouro em Atenas-2004

Sonho olímpico deve manter Scolari à frente da seleção

DOS ENVIADOS A YOKOHAMA
E DO ENVIADO A LOS ANGELES

Luiz Felipe Scolari desembarca hoje em Brasília propenso a continuar como treinador da seleção.
Segundo a Folha apurou, essa condição só será modificada se algum grande clube europeu estiver disposto a dar a ele um contrato de longo prazo e com salário equivalente ao que recebe da CBF -R$ 370 mil mensais.
Amigos do treinador que anteontem conquistou o Mundial da Coréia e do Japão dizem que a cada dia Scolari mostra-se mais seduzido pela possibilidade de conquistar o inédito ouro olímpico em Atenas-2004.
Até do presidente Fernando Henrique Cardoso, que hoje receberá a seleção brasileira na capital federal, Scolari deverá ouvir um pedido para que continue a comandar a equipe.
Ontem, em sua última entrevista no Japão antes do embarque para o Brasil, Scolari pediu mais uma semana de prazo para pensar na proposta feita pela CBF, que ofereceu ao treinador o comando de todas as categorias da seleção, uma reivindicação feita por ele desde o ano passado.
A entidade quer mantê-lo até a Olimpíada, único título que falta para a gestão de Ricardo Teixeira, iniciada em 1989.
Em Los Angeles (EUA), onde o vôo que traz a seleção fez escala ontem à noite, Scolari afirmou que ele e o presidente da CBF precisam de tempo para pensar. "Não quero nem comentar esse assunto. Havia um compromisso que acabou. Tenho uns dias para descansar, e o presidente Teixeira, para organizar a sua agenda e definir o que vai fazer."
Um dos projetos profissionais de Scolari era dirigir um clube da Europa, mas as propostas que chegaram ao treinador até agora não o seduziram. Outro fator que aumenta as chances de Scolari permanecer na seleção é a preferência de sua família por continuar morando em Canoas (RS).
O técnico ganhava até ontem o maior salário já pago pela CBF a um treinador da seleção, e a entidade estuda com seus parceiros formas de dar mais a Scolari, que, além dos Jogos de Atenas, teria pela frente as eliminatórias da Copa-06, pois o campeão mundial deixou de estar automaticamente classificado para a Copa seguinte.
Ainda na Ásia, Scolari disse que o Brasil deve iniciar as próximas eliminatórias com uma nova mentalidade, ciente de que o futebol no mundo está nivelado.
"O Brasil não pode entrar em campo pensando que, somente porque é campeão, o adversário irá tremer."

História
A maior crise vivida pelo futebol brasileiro estourou em meio às últimas eliminatórias. Scolari assumiu o time em 12 de junho do ano passado, quando faltavam apenas cinco jogos para o Brasil. Precisava vencer pelo menos três.
Segundo o treinador, aqueles foram seus piores momentos na seleção brasileira.
A saga de Luiz Felipe Scolari vai ganhar as páginas de um livro. Segundo ele, a publicação contará em detalhes toda sua caminhada rumo ao penta.
O livro, que estaria a cargo de um jornalista gaúcho, também servirá para Luiz Felipe Scolari demonstrar na teoria como funciona uma de suas mais controversas "invenções" na seleção, o esquema 3-5-2.
O episódio envolvendo a não-inclusão do atacante vascaíno Romário no time do Mundial também deverá ser relatado.
Na despedida do Japão, o técnico voltou a enfatizar o espírito de união do grupo comandado por ele e disse ter certeza de que todos os que participaram da campanha na Ásia sentirão saudade. (FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, SÉRGIO RANGEL E FÁBIO VICTOR)


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