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"Despreparado", Parreira sofre sua pior derrota e deixa cargo
Técnico diz que não esperava perder nas quartas-de-final e assume responsabilidade por resultado
Direção da CBF considera que faltava comando ao treinador, visto com desconfiança também
por parte dos jogadores
DOS ENVIADOS A FRANKFURT
O ar abatido de Carlos Alberto Parreira, 63, entregava. "Não
estava preparado para este momento", disse após a eliminação para os franceses. Em sua
quinta Copa, o homem que levou o Brasil a seu quarto título
Mundial em 1994 sofreu sua
pior derrota ontem e não continuará no comando da seleção.
A decisão já havia sido tomada por ele antes mesmo de ir à
Alemanha. Em entrevista à Folha neste ano, ele colocara o
triunfo como condição fundamental para seguir no cargo.
"Nunca vi alguém não ganhar
uma Copa e continuar".
Mas, antes mesmo da derrota para a França, cartolas próximos à CBF diziam que Ricardo Teixeira não daria brecha
para Parreira seguir na seleção.
Por respeito, o presidente da
CBF vai esperar o técnico divulgar que tem outros planos.
Será a terceira vez que ele
deixará a seleção. Na primeira,
em 1983, saiu pela porta de trás
após um trabalho decepcionante. A segunda, foi pela frente, ao ganhar o tetra em 94.
Ontem ele não quis anunciar
seu futuro. "Não tenho essa
preocupação, se vou continuar,
se não vou. Falei que definiria
depois da Copa. Estou sem cabeça para pensar nisso", falou o
técnico, que regressará ao país
hoje ou amanhã. E assumiu a
responsabilidade pelo fracasso.
"No Brasil, isso é comum.
Quando se ganha a Copa, foi o
talento dos jogadores. Quando
se perde, a culpa é do treinador.
O roteiro já estava preparado, e
está sendo confirmado."
"É um momento muito difícil, duro, quando a seleção é eliminada nas quartas-de-final,
para o qual eu não me preparei
e ninguém da delegação estava
preparado", comentou.
A cúpula da entidade não estava satisfeita com o modo como ele vinha conduzindo a
equipe. A principal crítica é que
faltava comando. Os cartolas
acreditam que ele se preocupa
apenas com a parte técnica e
tática do time, não se envolvendo com outros problemas, como os de relacionamento.
Parreira, na visão de cartolas,
demorou para mexer na estrutura da equipe e apostou em
atletas que não vinham rendendo em campo, como os laterais Cafu e Roberto Carlos.
O fato de não divulgar a escalação do time irritou os jogadores, que ficaram sabendo a formação pouco antes do jogo. Depois, o treinador mudou de estratégia. Passou a contar para
seus comandados a equipe titular na véspera das partidas.
Alguns jogadores, mesmo
sem reclamar diretamente
com Parreira, irritaram-se com
o fato de ele demorar a fazer
mudanças. O treinador também é visto por parte dos atletas como um técnico de pouco
diálogo. Queriam ouvi-lo mais.
Antes do duelo com a França, por exemplo, ele não explicou os motivos das entradas de
Juninho e Gilberto Silva.
O treinador admitiu que faltou "alguma coisa", chegou a
citar o preparo físico, mas agradeceu o "empenho" do elenco.
Parreira tem várias propostas de trabalho no Brasil e no
exterior. Disse que lhe ofereceram cargos de técnico, manager e de consultor técnico. Mas
ele ainda não decidiu o que fará
e afirmou que terá tempo para
analisar um novo projeto.
Parreira disse na entrevista
coletiva em Frankfurt que é
hora de "pensar no futuro." No
da seleção, sem ele.0
(EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS,
RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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