São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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BASQUETE

Pai nosso

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

"Meus filhos são totalmente diferentes. Jeffrey é bem desinibido, amistoso, gosta de estar cercado de pessoas. Senta-se ao lado de todo mundo para conversar, deixa que brinquem com ele. Marcus, por sua vez, é mais arisco. A menos que você seja uma mulher, claro. Nesse caso, Marcus virá se exibir, se enroscar em você, cortejá-la, deitar a seu lado. Marcus já possui o repertório completo de um playboy.
"Acredito que ambos acabarão se dedicando ao esporte. Jeffrey tem mãos grandes e boa coordenação motora para o basquete. Mas Marcus... rapaz, as mãos dele são realmente imensas. Fui uma criança parecida com ele: independente, agressiva, sempre envolto em problemas, à procura de estímulos diferentes. E isso me fez virar um homem de convicções, duro na queda. Aposto que Marcus será tão durão como eu."
Michael Jordan assinou os parágrafos acima há quase 12 anos, na pág. 74 de sua primeira autobiografia ilustrada, "Rare Air".
Provavelmente devem ter sido redigidos por um relações-públicas. O ex-cestinha, afinal, foi um pai assumidamente ausente. Mas tanto faz. O importante é que as previsões vem se confirmando.
No mês passado, Jeffrey Jordan, 16, fez a sua estréia nacional. Preservado das lentes e microfones até então, o aluno da escola católica Loyola Academy (Illinois) foi o centro das atenções do Nike All-America, uma espécie de showroom anual de talentos para as universidades norte-americanas (e, mais recentemente, a NBA).
A platéia se surpreendeu.
Primeiro porque o primogênito não se parece com Michael. É canhoto, e não destro. Atua de "point guard", iniciando as jogadas ofensivas, e não de "shooting guard", que costuma finalizá-las. Exibe um penteado "black power" de trancinhas, e não uma careca lustrosa. É franzino e baixinho, com 1,81 m, 17 centímetros a menos do que o musculoso pai. E vestiu a 32, um chiste com o número 23 eternizado pelo o vermelho-e-branco do Chicago Bulls.
Segundo porque, ao contrário dos prognósticos, não desapontou nos testes. Até então, Jeffrey não aparecia ranqueado entre os 100 maiores promessas do basquete colegial em sua posição. Mas foi um dos cinco melhores nos exercícios de habilidade e velocidade.
"Sei que a maioria dos garotos quis me desmoralizar em quadra, para ter o que falar para os amigos e vizinhos. Sei, também, que não sou apontado como o melhor, ou o segundo melhor, nem o terceiro melhor do meu Estado. Mas provei que ao menos pertenço."
O sonho da NBA parece ainda muito distante, fantasioso até. O sonho de um convite de uma universidade prestigiosa não mais.
(Vale lembrar que o estudante Michael Jordan foi cortado do time do colégio porque o treinador julgava-o pequeno demais...)
E quanto ao caçula?, você pode estar curioso. Pois é. Dizem que, apesar dos três anos de diferença, já dá pau no irmão mais velho. Com 1,92 m, Marcus foi eleito o melhor jogador de basquete do ensino fundamental de Illinois.
Será que o Pelé do basquete vai ter o orgulho (e a dor de cabeça) de emplacar o seu Edinho?

Cria 1
Primeira vitória da seleção masculina que se apronta para buscar, no fim do mês, a vaga no Mundial do Japão: a Globo reabrirá sua grade para o basquete (amistoso contra o Canadá, na manhã de sábado).

Cria 2
Anderson Varejão faz o telefone de Danny Ferry tocar "quase todo dia". O novo gerente do Cleveland conta que o brasileiro é o jogador do time que mais atrai o interesse dos rivais nesta pré-temporada.

Cria 3 O site pbf.blogspot.com notou com propriedade que, na campanha para metralhar a liga independente dos clubes, a CBB até agora não tratou do feminino. E o Nacional delas devia começar em outubro...


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