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BASQUETE
Pai nosso
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
"Meus filhos são totalmente diferentes. Jeffrey
é bem desinibido, amistoso, gosta
de estar cercado de pessoas. Senta-se ao lado de todo mundo para
conversar, deixa que brinquem
com ele. Marcus, por sua vez, é
mais arisco. A menos que você seja uma mulher, claro. Nesse caso,
Marcus virá se exibir, se enroscar
em você, cortejá-la, deitar a seu
lado. Marcus já possui o repertório completo de um playboy.
"Acredito que ambos acabarão
se dedicando ao esporte. Jeffrey
tem mãos grandes e boa coordenação motora para o basquete.
Mas Marcus... rapaz, as mãos dele
são realmente imensas. Fui uma
criança parecida com ele: independente, agressiva, sempre envolto em problemas, à procura de
estímulos diferentes. E isso me fez
virar um homem de convicções,
duro na queda. Aposto que Marcus será tão durão como eu."
Michael Jordan assinou os parágrafos acima há quase 12 anos,
na pág. 74 de sua primeira autobiografia ilustrada, "Rare Air".
Provavelmente devem ter sido
redigidos por um relações-públicas. O ex-cestinha, afinal, foi um
pai assumidamente ausente. Mas
tanto faz. O importante é que as
previsões vem se confirmando.
No mês passado, Jeffrey Jordan,
16, fez a sua estréia nacional. Preservado das lentes e microfones
até então, o aluno da escola católica Loyola Academy (Illinois) foi
o centro das atenções do Nike All-America, uma espécie de showroom anual de talentos para as
universidades norte-americanas
(e, mais recentemente, a NBA).
A platéia se surpreendeu.
Primeiro porque o primogênito
não se parece com Michael. É canhoto, e não destro. Atua de
"point guard", iniciando as jogadas ofensivas, e não de "shooting
guard", que costuma finalizá-las.
Exibe um penteado "black power" de trancinhas, e não uma
careca lustrosa. É franzino e baixinho, com 1,81 m, 17 centímetros
a menos do que o musculoso pai.
E vestiu a 32, um chiste com o número 23 eternizado pelo o vermelho-e-branco do Chicago Bulls.
Segundo porque, ao contrário
dos prognósticos, não desapontou
nos testes. Até então, Jeffrey não
aparecia ranqueado entre os 100
maiores promessas do basquete
colegial em sua posição. Mas foi
um dos cinco melhores nos exercícios de habilidade e velocidade.
"Sei que a maioria dos garotos
quis me desmoralizar em quadra,
para ter o que falar para os amigos e vizinhos. Sei, também, que
não sou apontado como o melhor,
ou o segundo melhor, nem o terceiro melhor do meu Estado. Mas
provei que ao menos pertenço."
O sonho da NBA parece ainda
muito distante, fantasioso até. O
sonho de um convite de uma universidade prestigiosa não mais.
(Vale lembrar que o estudante
Michael Jordan foi cortado do time do colégio porque o treinador
julgava-o pequeno demais...)
E quanto ao caçula?, você pode
estar curioso. Pois é. Dizem que,
apesar dos três anos de diferença,
já dá pau no irmão mais velho.
Com 1,92 m, Marcus foi eleito o
melhor jogador de basquete do
ensino fundamental de Illinois.
Será que o Pelé do basquete vai
ter o orgulho (e a dor de cabeça)
de emplacar o seu Edinho?
Cria 1
Primeira vitória da seleção masculina que se apronta para buscar, no
fim do mês, a vaga no Mundial do Japão: a Globo reabrirá sua grade
para o basquete (amistoso contra o Canadá, na manhã de sábado).
Cria 2
Anderson Varejão faz o telefone de Danny Ferry tocar "quase todo
dia". O novo gerente do Cleveland conta que o brasileiro é o jogador
do time que mais atrai o interesse dos rivais nesta pré-temporada.
Cria 3
O site pbf.blogspot.com notou com propriedade que, na campanha
para metralhar a liga independente dos clubes, a CBB até agora não
tratou do feminino. E o Nacional delas devia começar em outubro...
E-mail: melk@uol.com.br
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