São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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ATLETISMO

Depois de dizer que "a ficha não caiu", maratonista chora e afirma não ligar para o dinheiro obtido com a fama

Pop star, Vanderlei quer folga para pescar

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vanderlei Cordeiro de Lima começou ontem a ter dimensão da frase que ouviu de um desconhecido em sua chegada ao Brasil: "Disseram que eu sou a pessoa mais conhecida do mundo".
O maratonista não foi recebido por milhares de pessoas como os campeões do vôlei, mas já sente o efeito do novo status alcançado após o bronze e o incidente com o ex-padre irlandês. "Não caiu a ficha ainda. Continuo como se nada tivesse acontecido, como se eu só tivesse ganhado o bronze."
"Só quero ir pescar e rever a família. Estou com saudade."
A pescaria será breve. No domingo, Vanderlei será comentarista da transmissão da meia-maratona do Rio. Este foi um dos inúmeros convites que choveram para o atleta desde que ele cruzou a linha de chegada em Atenas.
O maratonista foi chamado para estrelar comerciais e dar dezenas de entrevistas, inclusive fora do país. Uma proposta do Chile, por exemplo, inclui cachê de US$ 700, passagem aérea de primeira classe e hotel cinco estrelas. Até a TV japonesa quer falar com ele.
"Em Atenas, quando saí para passear, nem conseguia andar na rua. Todo mundo pedia autógrafo, queria tirar foto. Tenho muito orgulho da minha glória, mas continuarei mantendo minha humildade. Do jeito que está, para mim já está bom", disse Vanderlei, que ganhou prêmio de R$ 200 mil de um patrocinador -valor que seria pago em caso de ouro.
A Confederação Brasileira de Atletismo e a Nike também darão a premiação máxima ao atleta. A BM&F, seu outro patrocinador, ainda não havia definido o valor.
Vanderlei disse estar ciente de que, se não tivesse sido atacado por Cornelius Horan, talvez não tivesse metade do reconhecimento. Quando soube que o ex-padre irlandês havia dito à Folha que "Deus dará a Vanderlei o que eu tirei dele", o maratonista não se conteve e chorou copiosamente.
"Nunca pensei em dinheiro. É muito difícil chegar até onde eu cheguei sem apoio. Herói não se faz de uma hora para outra."
Na entrevista em São Paulo, o ex-bóia-fria de Cruzeiro D'Oeste (PR) estava à vontade. Sentado entre o senador Aloizio Mercadante (PT) e Abílio Diniz e seu filho João Paulo, do grupo Pão de Açúcar, ainda fez brincadeiras. Sobre projetos futuros, disparou: "Queria pedir permissão para participar da maratona de revezamento, no dia 26, na equipe do seu Abílio. Se ele me quiser".
Após o revezamento em São Paulo, Vanderlei irá se concentrar na preparação para o Mundial-05. "Acho que posso brigar por medalha. Mas sem padre dessa vez."


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