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ATLETISMO
Depois de dizer que "a ficha não caiu", maratonista chora e afirma não ligar para o dinheiro obtido com a fama
Pop star, Vanderlei quer folga para pescar
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vanderlei Cordeiro de Lima começou ontem a ter dimensão da
frase que ouviu de um desconhecido em sua chegada ao Brasil:
"Disseram que eu sou a pessoa
mais conhecida do mundo".
O maratonista não foi recebido
por milhares de pessoas como os
campeões do vôlei, mas já sente o
efeito do novo status alcançado
após o bronze e o incidente com o
ex-padre irlandês. "Não caiu a ficha ainda. Continuo como se nada tivesse acontecido, como se eu
só tivesse ganhado o bronze."
"Só quero ir pescar e rever a família. Estou com saudade."
A pescaria será breve. No domingo, Vanderlei será comentarista da transmissão da meia-maratona do Rio. Este foi um dos
inúmeros convites que choveram
para o atleta desde que ele cruzou
a linha de chegada em Atenas.
O maratonista foi chamado para estrelar comerciais e dar dezenas de entrevistas, inclusive fora
do país. Uma proposta do Chile,
por exemplo, inclui cachê de US$
700, passagem aérea de primeira
classe e hotel cinco estrelas. Até a
TV japonesa quer falar com ele.
"Em Atenas, quando saí para
passear, nem conseguia andar na
rua. Todo mundo pedia autógrafo, queria tirar foto. Tenho muito
orgulho da minha glória, mas
continuarei mantendo minha humildade. Do jeito que está, para
mim já está bom", disse Vanderlei, que ganhou prêmio de R$ 200
mil de um patrocinador -valor
que seria pago em caso de ouro.
A Confederação Brasileira de
Atletismo e a Nike também darão
a premiação máxima ao atleta. A
BM&F, seu outro patrocinador,
ainda não havia definido o valor.
Vanderlei disse estar ciente de
que, se não tivesse sido atacado
por Cornelius Horan, talvez não
tivesse metade do reconhecimento. Quando soube que o ex-padre
irlandês havia dito à Folha que
"Deus dará a Vanderlei o que eu
tirei dele", o maratonista não se
conteve e chorou copiosamente.
"Nunca pensei em dinheiro. É
muito difícil chegar até onde eu
cheguei sem apoio. Herói não se
faz de uma hora para outra."
Na entrevista em São Paulo, o
ex-bóia-fria de Cruzeiro D'Oeste
(PR) estava à vontade. Sentado
entre o senador Aloizio Mercadante (PT) e Abílio Diniz e seu filho João Paulo, do grupo Pão de
Açúcar, ainda fez brincadeiras.
Sobre projetos futuros, disparou:
"Queria pedir permissão para
participar da maratona de revezamento, no dia 26, na equipe do
seu Abílio. Se ele me quiser".
Após o revezamento em São
Paulo, Vanderlei irá se concentrar
na preparação para o Mundial-05.
"Acho que posso brigar por medalha. Mas sem padre dessa vez."
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