São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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TOSTÃO

Defender bem é técnica ou arte?


O São Paulo não tem uma ótima defesa só devido às virtudes dos zagueiros. Há um eficiente esquema tático


A EXCEPCIONAL defesa do São Paulo sofreu apenas sete gols em 23 jogos, contando a goleada de ontem sobre o Paraná.
Incrível!
A do Fluminense, a segunda melhor do Campeonato Brasileiro, levou 21 gols.
Será que a defesa do São Paulo não vai ter um desses dias em que tudo dá errado? Será que nenhum zagueiro vai fazer uma grande lambança? Há muito tempo que Rogério Ceni não engole um frango. Como Xico Sá, vou secar, para que tudo isso aconteça, senão a luta pelo título vai ficar sem graça.
O sistema defensivo do São Paulo é muito melhor do que os outros por causa da qualidade de seus defensores ou é pelo esquema tático?
Com exceção de Lúcio e Juan, os zagueiros do São Paulo são tão bons quanto os melhores zagueiros brasileiros que atuam na Europa. Rogério Ceni está cada dia melhor, com os pés, com as mãos e com a cabeça.
Se o Brasil não tivesse ótimos zagueiros, até o jovem Breno, 17 anos, já poderia ir para a seleção. Não é o caso do Pato, que já merece ser chamado, pois, além do talento, foram convocados Vágner Love e Afonso para sua posição.
Com certeza, o São Paulo não tem um excepcional sistema defensivo somente por causa das virtudes de seus zagueiros. Há um eficiente esquema tático. Quando o time perde a bola, todos os jogadores participam da marcação, desde o ataque.
Isso não significa que o São Paulo joga na retranca. Os dois alas são armadores pelos lados e chegam ao ataque, como no belíssimo gol do Jorge Wagner contra o Palmeiras. O volante Hernanes também avança, e há ainda três jogadores mais adiantados.
Quando tinha Josué e Mineiro, a equipe marcava mais na frente, tomava a bola com facilidade e estava sempre perto do outro gol. Em compensação, deixava mais espaços na defesa para o contra-ataque. O time marcava e sofria mais gols. Hoje, o São Paulo arrisca pouco. Não marca por pressão nem fica muito atrás, com exceção de alguns momentos.
Por ser um clube mais organizado do que os outros e ter adquirido o hábito de vencer, os jogadores do São Paulo entram em campo mais confiantes e mais seguros. Já os do Corinthians correm assustados atrás deles mesmos, de suas sombras e de seus medos.
O São Paulo não tem um camisa 10, um criativo meia de ligação, sonho dos outros times. Dagoberto é um atacante, e Leandro, só um meia esforçado. O São Paulo não tem um meia habilidoso, mas possui o melhor cruzador do campeonato (Jorge Wagner). Isso costuma ser mais eficiente, desde que não se confunda jogador habilidoso com craque.
Gosto mais do estilo ofensivo, porém sei da importância de se ter um ótimo sistema defensivo. Sou um romântico com os pés no chão.
Se eu fosse treinador, também pensaria primeiro na vitória. As grandes equipes da história, que ganhavam e jogavam bonito, entravam em campo para vencer. O show era conseqüência.
Não é preciso jogar feio para vencer. O São Paulo não joga feio. O que falta é mais talento individual do meio para frente.
Defender bem é apenas uma virtude técnica ou é também arte?

tostao.folha@uol.com.br


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