São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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NEGÓCIO

Governo vai taxar contratos de exibição e desenvolver modalidades carentes

França reparte riqueza do futebol

ROBERTO DIAS
da Reportagem Local

O governo francês planeja taxar em 5% os contratos de transmissões televisivas do futebol para desenvolver outros esportes.
Lançado por Marie-George Buffet, ministra da Juventude e do Esporte do país, o projeto foi apresentado nesta semana ao Conselho de Ministros local e já provoca a ira dos clubes do país.
"Se ela quer uma verba suplementar, deveria procurar no orçamento, não nos contratos", diz o presidente da liga francesa de futebol, Noel Le Graet.
O governo francês quer utilizar o dinheiro arrecadado para incentivar esportes menos tradicionais ou com estruturas insuficientes -que tenham poucos locais de treinamento, por exemplo.
Em seu site na Internet (www.jeunesse-sports.gouv.fr), o ministério defende seu projeto dizendo-se preocupado em regular as mutações pelas quais passou o esporte nos últimos anos.
Os adversários da proposta argumentam que a medida tiraria um naco da mais importante fonte de receitas dos clubes. E que, com isso, as equipes se veriam em desvantagem em relação às dos demais países europeus.
O antecessor de Buffet, Guy Drut, está entre os críticos da idéia. Segundo ele, a medida contribuirá para tornar ainda mais exorbitantes as cifras dos contratos de televisão.
O RPR -um partido de direita, enquanto Buffet integra um governo de esquerda- também critica o projeto. "Ela não compreendeu que estamos no século 21. Em vez de fazer do esporte um lugar de liberdade, vem com velhas teorias marxistas e comunistas de estatizar e controlar a organização esportiva em nosso país", declarou Christian Estrosi, secretário de esportes do RPR.
Outro argumento dos opositores da idéia é o que não é certo retirar um dinheiro do futebol e reparti-lo entre outros esportes.
Apesar de só agora estar sendo encampada por um governo, a idéia já havia sido sugerida antes, na Inglaterra (leia texto abaixo).
Se adotada em relação ao Campeonato Brasileiro de futebol deste ano, por exemplo, a medida proposta pelo governo francês representaria um aporte de US$ 3,5 milhões aos cofres públicos.
O projeto, de qualquer forma, não se limita ao futebol.
Sua idéia é estender esse conceito de "cota de contribuição governamental" aos principais eventos do esporte profissional -como a Volta da França de ciclismo.
O projeto será agora apreciado pela Assembléia Nacional, onde as chances de aprovação são consideradas no mínimo razoáveis.


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