São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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HIPISMO

Baloubet du Rouet, apontado como o melhor do mundo na especialidade e montado pelo tricampeão mundial Rodrigo Pessoa, refuga três vezes consecutivas na passagem decisiva
Cavalo se recusa a saltar, e Brasil perde última chance de levar ouro

France Presse
Favorito ao ouro, o campeão mundial Rodrigo Pessoa empaca com Baloubet du Rouet na prova final de saltos



DOS ENVIADOS A SYDNEY

Três refugos consecutivos do garanhão francês Baloubet du Rouet, 11, montado pelo brasileiro Rodrigo Pessoa, 27, após ter saltado sete dos 13 obstáculos da passagem decisiva, fulminaram a chance de o Brasil conquistar sua primeira medalha de ouro da Olimpíada de Sydney no concurso hípico de saltos.
Último cavaleiro a entrar na pista na passagem decisiva, Pessoa esteve com o ouro nas mãos. Tudo dependia dele e do cavalo, apontado como o mais destacado do mundo na especialidade no momento. O conjunto necessitava zerar a passagem, ou seja, não cometer falta ou estourar demais o tempo limite de 83 segundos para os 550 m do percurso.
Pessoa, 27, cotado como favorito ao título olímpico, tinha zerado (passagem sem falta) no primeiro percurso da prova, no Equestrian Centre. Aliás, ele tinha zerado também nas duas passagens da última quinta-feira no concurso por equipes e na de desempate (Brasil foi bronze). Só havia cometido uma falta na abertura da seletiva para o torneio individual, na segunda-feira anterior.
No refugo de Baloubet, Pessoa por pouco não foi atirado de cima do cavalo, que parou já batendo na entrada do oitavo obstáculo, de 1,50 m de altura.
Tentou mais duas vezes, mas o cavalo se recusou a saltar. Pessoa, tricampeão da Copa do Mundo e primeiro do ranking mundial, acabou eliminado. Na verdade, ele tinha iniciado mal a série decisiva quando já no primeiro obstáculo -de 0,95 cm de altura- , normalmente o mais fácil da prova, cometeu uma falta.
"A gente tem de dar uma olhada no vídeo, ver se pode detectar erro em algum lugar, não uma desculpa, mas alguma coisa que tenha acontecido para ele ter tido aquela atitude", afirmou o cavaleiro brasileiro. ""É um cavalo corajoso, generoso e que tem um respeito. Quando alguma coisa está errada, ele não quer se colocar numa situação difícil."
Aborrecido, mas respondendo às perguntas com tranquilidade, Pessoa disse que não adiantava bater no problema para encontrar uma causa e que o cavalo dificilmente teria se assustado com alguma figura dos obstáculos.
"O pior já passou. É difícil quando você está tão perto assim de uma conquista tão importante, terminar desse jeito, sem medalha. É muito amargo."
Pessoa retorna à sua casa, em Bruxelas, Bélgica, e volta a competir no final deste mês, na Alemanha, com outro cavalo. Baloubet não salta mais este ano.
Os conjuntos que subiram no pódio cometeram uma falta cada. O ouro ficou com Jeroen Dubbeldam/Sjiem (Holanda). A prata foi para Albert Voorn/Lando (Holanda) e Khaled Al Eid/Khashm Al Aan (Arábia Saudita) pegou o bronze. (EDGARD ALVES, JOSÉ ALAN DIAS e RODRIGO BERTOLOTTO)


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