São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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TÊNIS

Com força, muita força

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Em 1997, uma jovem tenista suava para conquistar uma vaga na chave principal do Torneio de Moscou. Ainda longe do estrelato, Serena Williams, 16, disputava o qualifying. Passou, a duras penas, mas acabou eliminada na primeira rodada.
Desde então, Serena cresceu (e como!).
Um ano depois, foi a vez de outra jovem tenista, talentosa, buscar a sorte em Moscou. Apesar da torcida a favor, a russa Anastasia Myskina caiu diante da eslovaca Karina Habsudova, nem chegando a entrar na chave principal.
Demorou um pouco, mas Myskina atravessa a melhor fase de sua carreira. Campeã na Costa do Sauípe, está prestes a entrar para o seleto grupo das top ten, possivelmente ainda em 2002.
As duas, crescidas, disputaram no domingo a final em Leipzig, na Alemanha. Mesmo diante de uma adversária tecnicamente competente, o lance do match point da norte-americana foi bastante representativo: ela saca forte, a russa devolve sem equilíbrio, ela sobe à rede, a rival tenta se defender como pode, Serena ataca, fulminante, Myskina, acuada, cai no chão, de bunda, e o jogo acaba.
Serena chegou assim à sua 36ª vitória nos seus últimos 37 jogos, uma sequência que deu os troféus em Roland Garros, em Wimbledon e no Aberto dos EUA. Chegou ao seu oitavo título neste ano; desde que a temporada começou, foram 53 vitórias em 57 partidas.
Um domínio impressionante, para ficar no mínimo. Um domínio que, a continuar por mais um tempo, vai ficar registrado não só no número de títulos e conquistas mas no jeito de jogar tênis daqui para a frente.
A força e a intensidade das Wil-liams nas quadras, de Serena notadamente, já começou a mudar a forma de as mulheres jogarem tênis. As rivais sabem que, se não mudarem estilo, jeito de jogar, jamais chegarão perto do topo.
Agora, as irmãs estão mudando a maneira de as tenistas treinarem, de se prepararem.
Hoje, não existe mais o treino com duas tenistas. É preciso treinar batendo bola, o mais forte possível, com um homem. Um tenista, juvenil que seja, que imprima mais força, feito, corrida, intensidade, que solte o braço e mate o ponto sem dó.
"Elas [as irmãs Williams] estão exigindo que todas nós, que queremos ganhar delas, mudemos a maneira de jogar, não só os golpes, mas tudo. Elas estão nos obrigando a nos aperfeiçoar, estão fazendo com que o tênis feminino seja diferente daqui para a frente", disse Monica Seles, ex-número um do mundo e que já bateu de Martina Navratilova a Martina Hingis, passando por Steffi Graf.
O que Serena tem a dizer? "Ainda não estou jogando do jeito que eu quero. Estou errando demais umas bolas fáceis. Ah, e quero ser mais agressiva ainda, principalmente na rede", disse, com sinceridade e um sorriso no rosto.

Por aqui, continuamos fora da realidade do tênis feminino. No ranking mundial desta semana, um pouco mais de frustração: Carla Tiene, nossa melhor tenista, caiu 25 posições e agora é número 310.
Maria Fernanda Alves, nossa segunda melhor, caiu 22 posições e está situada na 319ª posição. Vanessa Menga despencou 37 posições e é, hoje, a número 419 do ranking. Joana Cortez é a 432ª.
Que dureza...

Para reservar a passagem
Andre Agassi confirmou vaga no Masters de Xangai (China), em novembro. Lleyton Hewitt é o único outro já confirmado.

Para deixar registrado
O Paraná dominou a etapa de Curitiba do Credicard Junior's Cup, com Alexandre Bonatto, Teliana Pereira (na categoria 18 anos), Louise Vendramin e Gustavo Costa (14). Também venceram Patrícia Coimbra, Diego Toledo (16), Lucas Abella e Rebeca Neves (12).

Para rezar
Sai amanhã o adversário do Brasil na primeira rodada da Copa Davis de 2003. As maiores chances são de a equipe nacional jogar fora.

Para ficar (gravado) na memória
Escrevi que a Argentina teve match contra os russos nas duplas da Davis e não fechou. Teve e fechou. A coluna é que se enganou.

E-mail reandaku@uol.com.br



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