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FUTEBOL
Sobe o Cruzeiro, e cai o real
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Nas últimas rodadas do
Brasileiro, o Cruzeiro foi a
equipe que mais subiu. Não tanto
como o dólar, para alegria dos
banqueiros. Depois de um péssimo início, o time mineiro está em
nono lugar, com a mesma média
de aproveitamento do Atlético-PR (sétimo colocado).
O principal responsável pelo
crescimento do Cruzeiro foi Alex.
Quando Luxemburgo assumiu
o cargo, logo percebeu, como bom
técnico que é, que o meio-campo
do time era fraco e insistiu na
contratação do Alex.
O técnico escalou três volantes,
bastante fortes fisicamente e bons
marcadores: Quintana, Viveros e
Paulo Miranda. Os três correm e
marcam, e Alex, livre, organiza as
jogadas.
Alex está jogando demais, com
talento e garra. Quer recuperar o
prestígio. O jogador passa e finaliza com precisão. É preciso diferenciar o passe técnico e eficiente,
mas previsível, do passe criativo e
surpreendente.
Antes de a bola chegar aos seus
pés, numa fração de segundos,
Alex faz um mapeamento dos
companheiros e defensores e a
põe, com precisão, onde ninguém
espera. Às vezes, nem o companheiro. Alex tem muita técnica e
criatividade.
Porém falta ao jogador uma
qualidade importante no futebol
atual: mobilidade, capacidade de
sair da marcação.
Alex ocupa uma estreita faixa
longitudinal que vai do centro do
meio-campo à área adversária.
Aí, concentram-se os volantes,
que desarmam ou atropelam o
armador. Por isso, Alex é frequentemente anulado e desaparece em
campo. Não é por apatia nem
porque dorme.
No último ano, Kaká ocupou o
lugar de destaque do Alex na seleção e no futebol brasileiro.
Além de habilidoso, técnico e
criativo, o meia-atacante do São
Paulo destaca-se pela mobilidade, velocidade e força física. É alto, forte e ganha as bolas divididas. Desloca-se por todo o campo.
É difícil marcá-lo.
Kaká é mais guerreiro e previsível. Procura mais o gol. Alex é
mais organizador, estilista e fantasista. Procura mais o companheiro. Dois craques.
Corrente da violência
A expulsão de jogadores tem sido um dos fatores decisivos nos
resultados das partidas.
Os atletas brasileiros continuam violentos e sem equilíbrio
emocional. Não sabem antecipar
e desarmar sem atropelar o adversário. Confundem virilidade
com agressão; marcação dura
com pontapé. Reclamam demais
e perturbam os árbitros. A seleção
do penta foi exceção.
As equipes que estão perdendo e
têm um jogador expulso, o que é
mais comum, correm grandes riscos de serem goleadas.
Esse foi o principal motivo das
goleadas sofridas pelo Atlético-MG para Flamengo e Paysandu.
Em 14 jogos, Ponte Preta e Atlético-MG tiveram cada um oito jogadores expulsos. Pior, muitos
desses jogadores não foram ainda
julgados pelo STJD.
O Palmeiras, com dez jogadores, só não foi goleado pelo Santos
porque Marcos é um dos melhores
goleiros do mundo e os atacantes
do Peixe finalizaram mal.
Os treinadores são também responsáveis pela violência e tantas
expulsões, que prejudicam os times. Em vez de substituir e/ou
orientar os jogadores para não fazerem faltas desnecessárias, os
técnicos, indiretamente, incentivam a violência com ordens para
matar a jogada.
Muitos treinadores brasileiros
acham que os times que cometem
mais faltas vencem. "Se os outros
fazem, temos também de fazer o
mesmo." É a corrente da violência e da mediocridade.
Dedo do técnico
Este é um momento decisivo para o Palmeiras e para o Brasil. É
tempo de mudanças. O Verdão
está reagindo e recuperando a
auto-estima. Tem ainda boas
chances de não ser rebaixado, pelos resultados em campo, e não
por causa de virada de mesa.
Individualmente, o time do Palmeiras, com a presença de todos
os jogadores, está no nível das
boas equipes. Não há, no Brasileiro, um time nem elenco que se
destaque dos demais.
No momento instável e decisivo
de uma equipe, a atuação do técnico torna-se muito mais importante do que é normalmente.
Além do firme comando dentro
e fora de campo, Levir Culpi terá
de escalar os melhores jogadores,
nas posições corretas, e dar condições para que eles joguem tudo
que sabem.
Este é o momento de o técnico
colocar o seu dedo e de dar brilho
ao time.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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