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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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Santista Robinho enfrenta o Corinthians como único herdeiro da habilidade da camisa 7, que há anos sofre na pele de defensores e brucutus

Estrela solitária

Denis Ferreira Netto-25.out.2003/Folha Imagem
Robinho, exceção à regra atual da camisa 7


ALEC DUARTE
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Velho ícone do talento do futebol brasileiro, a camisa 7 caiu em desgraça. Antes vestido por atacantes como Garrincha, Jairzinho e Julinho, o uniforme perdeu a mística e, via de regra, é recheado por jogadores inábeis, brucutus.
No Brasileiro, tem sido usado por volantes e até por zagueiros.
A exceção desfilará hoje, na Vila Belmiro, às 16h, no clássico entre Santos e Corinthians. Depois de superar um mau momento técnico, Robinho, 19, voltou a encantar platéias e resgatou uma tradição adormecida e abandonada.
Exatos 50 anos depois de Garrincha pisar pela primeira vez no Botafogo, o santista é a tradução contemporânea da habilidade que a camisa que veste sintetiza.
A referência pára por aí. No Corinthians, por exemplo, a 7 deve ficar justamente com a vítima das pedaladas de Robinho na decisão do Brasileiro do ano passado: o lateral-direito Rogério, que jogará deslocado no meio, como volante.
Desta vez, quem pode perder o sono com Robinho é a nova dupla de zaga corintiana, formada pelos novatos Betão e Marcus Vinícius, substitutos de Anderson e Marquinhos, que estão suspensos.
"O Robinho é um desses jogadores que não adianta a gente falar como vai marcar. Chega na hora, aparece com uma invenção e complica tudo", disse Betão.
Se a descrição é rara, mais rara ainda é a presença dela na ponta direita, que perdeu em prestígio até na seleção brasileira, onde a 7 virou quase uma maldição.
Hoje à tarde, as fintas do santista, que faltaram no meio da semana na derrota para o Cienciano, poderão mais uma vez ser o ingrediente explosivo de um confronto que ganhou volume na decisão do último Brasileiro. E que se transformou em pancadaria no primeiro turno, no Morumbi.
O campeonato avançou, e hoje o Santos é o mais próximo perseguidor do líder Cruzeiro. O time do litoral paulista, segundo colocado, tem sete jogos para descontar seis pontos de diferença e tentar arrebatar o bi nacional.
Para chegar ao título, o Santos precisará de uma arrancada como a que levou o clube a acabar, no final de 2002, com um jejum de 18 anos sem conquistas relevantes.
No Brasileiro do ano passado, o time de Emerson Leão fez uma campanha fraca na primeira fase, com apenas 52% de aproveitamento. Na reta final, porém, venceu cinco de seis jogos. E, nos mata-matas, a irregularidade deu lugar a um futebol rápido e eficiente, o futebol de Diego e Robinho.
Neste ano, porém, o sistema de pontos corridos parece imperdoável. E, enquanto os santistas sonham com a taça, os corintianos têm como motivação só a chance de complicar a vida do rival. A equipe de Juninho já não sonha nem em conquistar uma vaga na Libertadores de 2004.

Colaborou Fábio Tura, do Datafolha


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