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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Atacante santista melhora em dez fundamentos no segundo turno do Brasileiro e lidera time na corrida atrás do bi

Robinho afina pontaria para resgatar a 7

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma arrancada fulminante, como a que costuma dar em direção às zagas adversárias. Foi assim, melhorando em dez fundamentos no segundo turno do Brasileiro, subitamente, que Robinho voltou a conferir graça à camisa 7, tão vazia nos últimos tempos.
Na atual etapa da competição, ele voltou a brilhar com belos gols e jogadas de arrancar aplausos até das torcidas adversárias.
O atacante santista, principal trunfo do time para vencer o Corinthians hoje, agora rende mais em quase todos os fundamentos.
A mudança de Robinho entre o primeiro e o segundo turno do Nacional é notável, e, de acordo com o Datafolha, o jogador melhorou suas médias em dez dos 15 fundamentos avaliados.
O maior progresso ocorreu na pontaria: o atacante dobrou sua eficiência e hoje acerta, em média, 1,6 arremate a gol (contra 0,7).
A explicação para o sucesso são os treinos, diz o atleta. Ontem, meia hora após o encerramento da atividade para o clássico de hoje, ele continuou em um dos campos do CT Rei Pelé exercitando arremates a gol. Do lado de fora, o meia Diego até gritou: "O treino já acabou". Mas Robinho insistiu em cobrar de pênalti e nas finalizações a partir de cruzamentos.
E foi essa insistência e o acerto da pontaria que resultaram em mais gols na conta pessoal de Robinho. Em 14 jogos no primeiro turno, ele havia marcado três vezes. Agora, em 13 jogos, fez cinco (quatro nas duas últimas rodadas). A falta de pontaria era a principal crítica do técnico Emerson Leão ao atacante.
Com a mira calibrada, Robinho está mais confiante para tentar balançar as redes. No primeiro turno, ele fazia apenas 1,8 finalização, em média, por jogo. Agora são 3,4 arremates. Essa marca colocava o santista como o sexto jogador que mais finaliza na competição até o início desta rodada.
Robinho passou a ser mais procurado pelos outros jogadores do Santos. No primeiro turno, ele recebia 29,4 bolas. Agora, é acionado 32,8 vezes, em média.

Tradição e desgraça
No Brasileiro, em que a maioria das equipes escala com a 7 jogadores com mais facilidade para marcar do que driblar, Robinho é o único representante da escola de habilidosos atletas acostumados a usar esse número na camisa.
Tesourinha, ídolo de Inter, Vasco e Grêmio nas décadas de 40 e 50, foi um dos primeiros a tornar notória a camisa 7 como exemplo de ofensividade em campo.
Era a época de ouro dos pontas-direitas, posição que teve em Garrincha seu máximo expoente.
No Brasil, os pontas caíram em desgraça a partir de 1980, quando Telê Santana assumiu a seleção brasileira e trouxe o terceiro homem de ataque para o meio-campo. O bordão "bota ponta, Telê!" acompanhou o treinador até a campanha no Mundial de 1982.
De lá para cá, o camisa 7 foi recuando e perdendo o carisma que consagrou inúmeros atletas da posição. O primeiro Brasileiro de pontos corridos dá uma dimensão do atual desprestígio da camisa 7. Hoje praticamente um reduto de marcadores limitados e de pouca qualidade técnica. Até zagueiros -Igor e Juliano, do Atlético-PR- vestiram o uniforme.
Segundo o Datafolha, no Nacional a 7 foi envergada, em sua maioria, por atletas com preocupações defensivas: volantes e laterais somam 39,3% nessa estatística, superando os atacantes (34%). Nomes como o do são-paulino Fábio Simplício, do corintiano Fabrício e do gremista Tinga, que não prezam pela criatividade e que nem de longe remetem ao talento dos predecessores ilustres.
Na seleção, a situação é a mesma. Em Copas, Bebeto foi o último atacante a atuar com a 7, há nove anos. No Mundial-98, a camisa foi destinada por Zagallo a um jogador convocado por pressão do coordenador técnico Zico: Giovanni, que atuou só 45 minutos. Em 2002, nova decepção: o escolhido, o volante Emerson, contundiu-se e foi substituído por Ricardinho, meia com mais habilidade, mas que pouco jogou. (ALEC DUARTE E PAULO COBOS)



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