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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Vaidosos e competentes

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Há quase consenso entre torcedores e a crônica esportiva que Luxemburgo e Leão são os dois melhores técnicos que atuam em clubes brasileiros. Existem outros que estão muito bem, como Cuca, Bonamigo e Tite.
Luxemburgo e Leão já devem ter recebido muitas propostas para mudarem de clubes no final do ano. O técnico do Cruzeiro renovou o contrato e disse que só sairia se houvesse convite de uma das grandes equipes da Europa, o que é quase impossível.
Pelos noticiários, é quase certa a saída do Leão, que deverá ir para uma equipe que disputará a Libertadores. No momento, São Paulo e Atlético-MG, clube em que ele fez um bom trabalho, são os mais fortes interessados.
Luxemburgo e Leão não só dirigem as suas equipes, como também exercem as funções de coordenador e gerente. Indicam a contratação e a dispensa de jogadores, comandam a comissão técnica e participam das decisões da diretoria, em relação ao futebol.
Anos atrás, Luxemburgo, Leão e a maioria dos técnicos brasileiros tinham um comportamento teatral e agressivo na lateral do campo. Gritavam, gesticulavam, reclamavam e, às vezes, ofendiam os árbitros e os auxiliares. Isso tem mudado. Ainda bem. Até o Luxemburgo tem reclamado pouco, com exceção das ofensas ao árbitro do jogo contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, quando foi, merecidamente, suspenso.
Leão é hoje exceção. Reclama de tudo, com ou sem razão. Passou a implicar com os jogadores mais famosos. Recentemente, substituiu o Diego sem motivo, quando o time precisava reagir. O jogador ficou com cara de quem não gostou, mas não disse nada.
Há dois meses, Leão barrou o Robinho, com razão, porque ele jogou mal várias partidas. Isso fez bem ao jogador. Porém, contra o Cienciano, no momento em que a bola começava a chegar ao ataque e o Robinho ensaiava ótimas jogadas, o técnico trocou o jogador pelo William. Todos pensaram que sairia o Fabiano.
Fabiano, improvisado de centroavante, é o xodó do Leão. Cumpre todas as ordens e ainda pergunta ao técnico se ele quer que ele faça mais alguma coisa. Após a excelente exibição do time contra o Coritiba, Leão disse que o Fabiano tinha sido o melhor jogador, pois abriu espaço na defesa. É o famoso jogador tático.
Nesse jogo, Fabiano saiu da área para receber a bola, tocou para trás ou para o lado e não fez nada importante. Se ele fizer hoje o gol da vitória contra o Corinthians, nada muda. De vez em quando, qualquer centroavante faz gol. Se ele jogar bem várias partidas, vou elogiá-lo. Na verdade, Fabiano e William são fracos para serem titulares do Santos.
Luxemburgo está mais discreto nos jogos. Em compensação, não suporta críticas, mesmo corretas, quer pautar e corrigir a imprensa e até dá aula de ética. Semanas atrás, reuniu jornalistas e quis convencer a todos que a agressão do Edu Dracena foi falta normal. Mostrou imagens do Alex Alves fazendo o mesmo. Uma agressão não justifica a outra.
As explicações do técnico serviram para evidenciar ainda mais a violência da falta, com ou sem a intenção, e para aumentar a convicção do STJD de que o jogador deveria ser suspenso, Luxemburgo foi um péssimo advogado.
Luxemburgo e Leão são ótimos treinadores, principalmente quando têm tempo, boa estrutura profissional e excelentes jogadores para fazerem seus trabalhos.
Porém os dois querem ser mais realistas do que o rei, mais poderosos do que o poder, mais competentes do que a competência e mais espertos do que a esperteza. Acabam sendo também mais prepotentes e vaidosos do que a prepotência e a vaidade.

Quase craque
Não houve surpresa na convocação dos 17 "estrangeiros". Os outros cinco mais prováveis são: Julio César (Marcos deve atuar pelo Palmeiras), Renato, Alex, Luis Fabiano e Diego. Na posição e acima do Diego, há três reservas: Alex, Kaká e Juninho Pernambucano, que também pode atuar de volante.
Por isso, convocaria o Robinho, e não o Diego. Robinho é um jogador diferente. Atua pelo meio e pelas laterais. Pode ocupar o espaço do Denílson, que era boa opção pela esquerda. Não há no elenco nenhum atacante veloz que atua pelos lados.
Em vez de se tornar um craque, tinha receio de que o Robinho se transformasse num Denílson piorado. Ele já é um Denílson melhorado. Quase craque.

E-mail: tostao.folha@uol.com.br

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