UOL


São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Azul cristalino

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Foi aquela conquista que o cronista, de boca cheia, pode classificar de límpida e cristalina, de uma clareza meridiana, incontestável em todos os aspectos. Venceu o Cruzeiro, o clube que melhor se preparou para a competição e aquele que soube, mais do que todos os outros, jogar o primeiro Nacional disputado no sistema de pontos corridos em turno e returno.
A incrível festa no Mineirão e em Belo Horizonte disse tudo sobre a alegria de uma torcida que, mesmo tendo comemorado uma Taça do Brasil, em 1966, com aquele timaço, ainda não havia visto seu time vencer o Brasileiro.
É verdade que a conquista dos anos 60 foi nacional, mas o regulamento era diferente, regionalizado. Eram outros tempos. Isso não significa que aquele time não mereça ser considerado como o melhor do país na ocasião. Ninguém seria avaro e insano a esse ponto. Tem um sabor especial, no entanto, o título deste ano.
A trajetória do Cruzeiro no Brasileiro fica como exemplo para os demais, especialmente para o Santos, que, mesmo tendo futebol para ser campeão, não mostrou a regularidade necessária nem a mesma determinação do rival. Há atenuantes para o time da Vila, mas nada que possa nem de longe colocar em questão a campanha vitoriosa da Raposa, de seus jogadores e de seu treinador.
 
O jornalista Fábio Mazzitelli, com quem tive oportunidade de trabalhar no diário "Lance!", enviou na semana passada uma mensagem eletrônica sobre um assunto que merece consideração.
Na hipótese, dizia ele, de resultados que levassem a um empate em pontos entre o Santos e o Cruzeiro talvez não fosse o mais correto que o campeonato viesse a ser decidido pelo critério de maior número de vitórias.
Embora o jornalista nutra suas simpatias pelo Santos, não considero que estivesse apenas advogando em torcida própria. É de fato uma questão a ser discutida. Seria o número de vitórias um critério suficientemente bom para determinar o campeão? Não seria o caso, nessas circunstâncias, de o regulamento prever um jogo extra? Ou dois, mesmo concedendo uma vantagem para o que tivesse mais vitórias?
É difícil acontecer um empate numa maratona dessas, mas não é impossível. Fica, portanto, o tema para debate.
 
O Cruzeiro é campeão, mas o campeonato não acabou. Ainda há decisões importantes pela frente. As mais emocionantes -ou dilacerantes- dizem respeito aos candidatos a frequentar a Série B em 2004.
A rodada da semana promoveu uma reviravolta. A Ponte Preta perdeu e foi para a lanterna, acendendo uma luz para o Grêmio, que parecia condenado. O interesse pela zona inferior da tabela vai animar as duas últimas rodadas. Lembrando que no ano que vem a coisa vai ser ainda mais crítica -já que quatro terão que descer.

Perigo em 2004
Como escrevi no final da coluna ao lado, em 2004 o Campeonato Brasileiro terá quatro rebaixados para a Série B. A idéia -correta- é reduzir o número excessivo de participantes. Considerando que a virada de mesa está se tornando um recurso cada vez mais difícil de ser engolido pelo torcedor -o que é ótimo para a moralização do esporte-, o novo regulamento deveria estar desde já despertando preocupações entre dirigentes. Não para que tentem reviver as velhas marmeladas, como muitos provavelmente ainda gostariam, mas para preparar seus times antes que o desastre seja inevitável. O alerta vale para todos os clubes, mas especialmente para os mais tradicionais -incluindo o Botafogo e o Palmeiras, que acabam de voltar à Séria A.

E-mail mag@folhasp.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Conferência de cúpula
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.