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FUTEBOL
Azul cristalino
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Foi aquela conquista que o
cronista, de boca cheia, pode
classificar de límpida e cristalina,
de uma clareza meridiana, incontestável em todos os aspectos.
Venceu o Cruzeiro, o clube que
melhor se preparou para a competição e aquele que soube, mais
do que todos os outros, jogar o
primeiro Nacional disputado no
sistema de pontos corridos em
turno e returno.
A incrível festa no Mineirão e
em Belo Horizonte disse tudo sobre a alegria de uma torcida que,
mesmo tendo comemorado uma
Taça do Brasil, em 1966, com
aquele timaço, ainda não havia
visto seu time vencer o Brasileiro.
É verdade que a conquista dos
anos 60 foi nacional, mas o regulamento era diferente, regionalizado. Eram outros tempos. Isso
não significa que aquele time não
mereça ser considerado como o
melhor do país na ocasião. Ninguém seria avaro e insano a esse
ponto. Tem um sabor especial, no
entanto, o título deste ano.
A trajetória do Cruzeiro no Brasileiro fica como exemplo para os
demais, especialmente para o
Santos, que, mesmo tendo futebol
para ser campeão, não mostrou a
regularidade necessária nem a
mesma determinação do rival.
Há atenuantes para o time da Vila, mas nada que possa nem de
longe colocar em questão a campanha vitoriosa da Raposa, de
seus jogadores e de seu treinador.
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
O jornalista Fábio Mazzitelli,
com quem tive oportunidade de
trabalhar no diário "Lance!", enviou na semana passada uma
mensagem eletrônica sobre um
assunto que merece consideração.
Na hipótese, dizia ele, de resultados que levassem a um empate
em pontos entre o Santos e o Cruzeiro talvez não fosse o mais correto que o campeonato viesse a
ser decidido pelo critério de maior
número de vitórias.
Embora o jornalista nutra suas
simpatias pelo Santos, não considero que estivesse apenas advogando em torcida própria. É de
fato uma questão a ser discutida.
Seria o número de vitórias um
critério suficientemente bom para
determinar o campeão? Não seria
o caso, nessas circunstâncias, de o
regulamento prever um jogo extra? Ou dois, mesmo concedendo
uma vantagem para o que tivesse
mais vitórias?
É difícil acontecer um empate
numa maratona dessas, mas não
é impossível. Fica, portanto, o tema para debate.
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
O Cruzeiro é campeão, mas o
campeonato não acabou. Ainda
há decisões importantes pela
frente. As mais emocionantes
-ou dilacerantes- dizem respeito aos candidatos a frequentar
a Série B em 2004.
A rodada da semana promoveu
uma reviravolta. A Ponte Preta
perdeu e foi para a lanterna,
acendendo uma luz para o Grêmio, que parecia condenado. O
interesse pela zona inferior da tabela vai animar as duas últimas
rodadas. Lembrando que no ano
que vem a coisa vai ser ainda
mais crítica -já que quatro terão
que descer.
Perigo em 2004
Como escrevi no final da coluna ao lado, em 2004 o Campeonato Brasileiro terá quatro rebaixados para a Série B. A idéia
-correta- é reduzir o número excessivo de participantes.
Considerando que a virada de
mesa está se tornando um recurso cada vez mais difícil de
ser engolido pelo torcedor -o
que é ótimo para a moralização
do esporte-, o novo regulamento deveria estar desde já
despertando preocupações entre dirigentes. Não para que
tentem reviver as velhas marmeladas, como muitos provavelmente ainda gostariam, mas
para preparar seus times antes
que o desastre seja inevitável. O
alerta vale para todos os clubes,
mas especialmente para os
mais tradicionais -incluindo
o Botafogo e o Palmeiras, que
acabam de voltar à Séria A.
E-mail mag@folhasp.com.br
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