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MOTOR
Já que a moda é secar...
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A cada tentativa de Hoover
Orsi, o público vibrava.
Quando o sul-mato-grossense enfim passou Cacá Bueno, Interlagos comemorou com entusiasmo
de gol de fim de campeonato.
Aplausos brotaram até na teoricamente neutra sala de imprensa.
Tenho certeza de que nem Orsi
nem Giuliano Losacco contam
com aquela torcida tão inflamada. Mais: a maioria nem sequer
devia saber quem conduzia aquele carro preto. Mas não importava. Um estava deixando o filho do
Galvão Bueno para trás, outro tirando dele um título "garantido".
Cacá é ótimo piloto. Fácil, fácil
dos melhores da categoria. É dos
raros que cresceram focado em
turismo, e não em monopostos.
Do kart, passou para a Fórmula
Uno, foi correr de Palio, chegou à
Stock B, fez sucesso na Argentina
e voltou para atuar na Stock Car.
Aí estancou. Foi terceiro colocado em 2002 e agora acumula um
trivice. Por razões diferentes, o título não veio. Até por ter acontecido no mesmo final de semana, a
derrota deste ano guarda paralelos com a catástrofe do Náutico.
E qual foi o motivo desta vez?
Acho que daria para preencher
umas dez colunas com explicações as mais variadas. Para encurtar o assunto, fiquemos na
principal: a uma certa altura do
campeonato, o relacionamento
do piloto e de seu estafe com a direção da equipe foi pro vinagre.
Reluto em acreditar que algum
mecânico tenha "esquecido" de
apertar alguma porca, e os três
que vi chorando no fundo dos boxes, após a corrida de domingo,
reforçam a minha impressão.
Mas falta de tesão enfraquece. E é
fatal quando seu adversário vem
embalado e com os ombros leves.
Voltemos, porém, à explosão de
rejeição de Interlagos e aos comentários que ouvi durante a semana. Sim, a Stock virou assunto
de botequim, por ter acontecido
do jeito que aconteceu, por ter sido com quem foi. Ou melhor: por
ter sido com o filho de quem foi.
Criticar Galvão é esporte nacional. Das 172 comunidades do Orkut com seu nome, 144 vêm precedidas de um "eu odeio" ou variações mais mal-educadas. E os
praticantes, que há anos não poupam os deslizes do narrador,
acharam em Cacá um novo alvo.
Também não ajudam as reportagens bajuladoras que vira-e-mexe a Globo e seus canais põem
no ar, nem o discurso de Galvão
em seu programa na última segunda-feira, tampouco as acusações de mau-caratismo, conspiração ou trapaça -essa última durou poucas horas, até a vistoria
da CBA, acompanhada pelo time
de Cacá, constatar que o carro de
Losacco estava nos conformes.
Não sei até que ponto a torcida
contra afetou o piloto nesse sprint
final. Mas sei que ela não estava
restrita às arquibancadas. E, na
pista, pode interferir, independentemente das suas vontades.
Cacá tenta ir para a Nascar,
mas, se ficar, deve correr com o irmão, Popó, numa equipe que será
montada com Augusto Cesário,
hoje na F-3 e na F-Renault.
Qualquer que seja a rota escolhida, só conseguirá dobrar os
"secadores" com títulos. Aqui é
menos difícil. Mas lá não é filho
de ninguém e isso tem seus prós e
contras. Escolha complicada.
Cartão vermelho
No domingo, da região de Congonhas até o autódromo, uma hora e
meia de congestionamento. A CET precisa entender que não é apenas a F-1 que merece esquema especial de trânsito.
Gol de placa
Depois de lançar um instituto com Barrichello, Kanaan agora se une
a Felipe Giaffone em um projeto que visa dar chances a pilotos de
kart promissores, mas sem lá muito dinheiro. Num ambiente tão
mesquinho, frio e hostil, o baiano é campeão também no coração.
Bola rolando
Aguri fora (por ora). Sai BAR, entra Honda. Villeneuve e Monteiro
confirmados, fechando o grid. As apostas estão feitas.
E-mail: fseixas@folhasp.com.br
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