São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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TOSTÃO

Dia de alegrias e tristezas


Ao final das partidas de hoje, alguns vão lamentar erro de árbitro na 1ª rodada ou revés que não poderia ter ocorrido


TERMINA HOJE o Brasileirão.
Não tenho nenhum palpite sobre o que irá acontecer. Todos os jogos valem alguma coisa. Até o vice será bastante disputado por Santos e Flamengo. Como escreveu Antero Greco, o Corinthians já caiu, e muito, por tantas lambanças que houve no clube, independentemente do resultado de hoje.
A qualidade técnica do campeonato não agradou, mas não é diferente da maioria dos jogos dos principais campeonatos da Europa. Com exceção de alguns poucos times europeus, que contratam os poucos craques de todo o mundo, as outras equipes estão mais ou menos no nível das brasileiras. Como os craques não brilham sempre, até os jogos dos grandes times costumam ser ruins, como ocorreu durante a semana pela Copa dos Campeões da Europa.
Há muitas pessoas no Brasil que adoram até uma partida entre Wigan e Derby County, pelo Campeonato Inglês. Não sei do que gostam. Deve ser do conforto dos estádios, do gramado perfeito e da bola que não pára.
Quando terminarem as partidas de hoje pelo Brasileiro, alguns vão lamentar o erro de um árbitro na primeira rodada ou uma derrota que nunca poderia ter ocorrido.
Outros vão chorar de alegria, desabafar e dizer que calaram a boca dos críticos. Será um dia de alegrias e tristezas. Uma das melhores coisas na vida para um atleta e para um fanático torcedor é ver seu time ganhar um jogo decisivo. Uma das piores é vê-lo perder.

O mundo endoidou
Zagallo, que sempre teve um discurso de infinito amor à amarelinha, vendeu para uma loja de leilões de Londres a coleção de peças que guardou durante sua carreira. Foi junto até a camisa que Pelé usou no primeiro tempo da final da Copa de 70, dada de presente a Zagallo. Segundo os noticiários, foi arrecadado menos que se esperava.
Como Zagallo não precisa desse dinheiro, como ele disse, poderia ter doado a coleção para um museu brasileiro ou vendido para a CBF ou até para o Pelé, que a passaria para um museu. Zagallo era dono das peças, tinha o direito de fazer o que fez, não cometeu ato ilegal ou antiético, mas achei estranho. Todos temos as nossas esquisitices. Antes que alguém pense, não tenho nenhuma dúvida sobre a autenticidade das peças, porém o fato me faz lembrar de outro.
Após a Copa de 70, dei uma bola autografada por todos os jogadores brasileiros, que tinha sido usada nos treinos, para o cônsul do Brasil em Houston. Ele tinha sido extremamente gentil comigo na época em que fui operado do olho naquela cidade. Tempos depois, soube de sua morte. Após mais alguns anos, recebi um telefonema de Londres. A bola ia ser leiloada e pediam que eu fizesse uma declaração de que ela foi usada na final da Copa de 70.
Obviamente que não fiz.
Imagino que existem por aí muitas coisas falsas e muitas cópias. No mundo atual, em que o real se confunde cada vez mais com o simbólico, as imitações bem-feitas costumam ser quase tão valorizadas e desejadas quanto as originais. Muitas vezes, o que é não parece e o que parece não é. O mundo endoidou.

tostao.folha@uol.com.br


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