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Handebol estimula o êxodo das jogadoras
Atletas na Europa ajudam a melhorar nível da seleção, afirma confederação
Das 16 inscritas no Mundial, apenas uma atua no Brasil; entidade que comanda o esporte no país tem como meta pódio até fim de 2008
DA REPORTAGEM LOCAL
Do minúsculo Estado de Sergipe, saiu um dos produtos de
exportação que mais dividendos têm trazido ao esporte brasileiro nos últimos anos.
Em Aracaju, sede da CBHb
(Confederação Brasileira de
Handebol), começaram as mudanças que transformaram um
simples coadjuvante nos anos
90 em atração no Campeonato
Mundial feminino, que tem início hoje na França.
Impulsionada pelo patrocínio da Petrobras -que, neste
ano, chegou a R$ 2,8 milhões-,
a entidade viu a seleção saltar
da 20ª posição no Mundial-03
para o sétimo lugar dois anos
depois no torneio.
Entre os homens, os resultados ainda são modestos. No
Mundial deste ano, o time ficou
em 19º lugar, atrás da Argentina, 16ª, rival que foi batido, meses depois, no Pan do Rio.
Quinze das 16 convocadas
atuam na Europa, o centro da
modalidade. O técnico da seleção é espanhol, Juan Coronado.
A CBHb estimula a ida dos jogadores ao velho continente.
"Há uma necessidade de os
jogadores irem para a Europa.
Não temos o dinheiro suficiente para segurar os atletas, e lá
estão os melhores do mundo.
Esse intercâmbio se reflete na
seleção", afirma o sergipano
Manoel Luiz Oliveira, há 16
anos à frente da confederação.
"Há um estímulo para que as
jogadoras atuem na Europa para ganhar mais experiência",
conta o técnico Coronado.
Se não pode ser considerado
ainda um dos favoritos, o time
nacional passou a ser levado a
sério no planeta. Na última semana, em torneio amistoso, o
Brasil bateu a França, campeã
mundial em 2003, por 21 a 20,
na casa das adversárias.
O cenário é o oposto de dez
anos atrás. Naquela época, o time nem se destacava no Pan.
Só em Winnipeg-99 levou o ouro. E é o atual tricampeão. Foi
às duas últimas Olimpíadas.
Uma jogadora que já integrou a seleção conta que, nos
tempos de vacas magras, as
atletas tinham até que levar
lençóis para forrar as camas
nas concentrações.
O patrocínio da Petrobras
veio em 2003. Eram R$ 800 mil
por ano. Agora, o valor é quase
quatro vezes maior. O orçamento da CBHb, nesta temporada, é de R$ 5 milhões. Para
2008, ano olímpico, a previsão
alcança os R$ 6 milhões.
No ano em que a confederação foi agraciada com a verba
da Petrobras, a empresa era
presidida por José Eduardo
Dutra, cujo reduto eleitoral é o
mesmo Estado de Sergipe.
Oliveira afirma que as seleções, feminina e masculina, são
"produtos da Petrobras".
"As ações que não contemplamos ainda iremos executá-las com a verba que virá da lei
de incentivo ao esporte [R$ 864
mil ao handebol]. Vamos dar
ajuda de custo aos jogadores
das seleções e à comissão técnica de R$ 2.500", afirma ele.
A meta é chegar ao pódio em
breve. "Trabalhamos com um
planejamento estratégico. E
nele está escrito que até o final
de 2008 o Brasil vai ao pódio
numa competição internacional de peso seja no feminino seja no masculino", diz Oliveira.
(FABIO GRIJÓ)
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