PAULO COBOS
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob nova administração, mas com velhos problemas. É assim que começa hoje a edição 2004 da Copa São Paulo de juniores.
Será a primeira versão da competição na gestão de Marco Polo Del Nero na Federação Paulista de Futebol. Agora o inchaço e as regras esdrúxulas, marcas do torneio sob a batuta de Eduardo José Farah, são ainda mais fortes.
Estão na disputa 80 clubes, recorde histórico (a marca anterior pertencia à edição de 2001, com 72 equipes inscritas).
Muitos dos times são inexpressivos até em seus próprios Estados, como o Estudantes, da Paraíba, e o Unit, de Minas Gerais.
Após a primeira -em que quatro times irão se enfrentar em cada um dos 20 grupos-, segunda e terceira fases (ambas em mata-mata), a definição de um dos classificados terá de ser feita com a ajuda da calculadora.
Isso porque o regulamento não define um emparelhamento clássico. Assim, nas oitavas-de-final (com dez times) e nas quartas-de-final, um entre os perdedores dos mata-matas vai avançar.
As quartas serão disputadas não por oito, mas sim por seis equipes, sendo que cinco serão os vencedores dos confrontos da fase anterior. O sexto classificado, segundo as regras, será "uma, dentre as cinco perdedoras, que tiver a melhor campanha na somatória de todas as fases".
Para definir os semifinalistas, também vale o critério esdrúxulo: avançam os três vencedores dos mata-matas e o perdedor com a melhor campanha.
Mas como definir quem tem a melhor campanha? Basta aplicar os critérios de desempate previstos no regulamento. E aí, entre eles, estão dois que já causaram polêmica: menor número de cartões amarelos ou de vermelhos.
O critério de premiar a disciplina gerou confusão no Campeonato Paulista-2003. A regra dos cartões dava ao Corinthians a vantagem de jogar por dois empates, mas Farah rasgou o regulamento e passou o direito ao São Paulo, que tinha melhor campanha. Os times ameaçaram dar a volta olímpica juntos, mas os corintianos venceram os dois jogos e evitaram a disputa nos tribunais.
O regulamento da Copa SP-2004 recebeu críticas. "É um absurdo o campeonato ter 80 clubes. Tem muito time desconhecido, time de empresário", reclama Vizolli, treinador do São Paulo.
O treinador palmeirense Wilson Coimbra concorda: "O ideal é que houvesse a classificação de dois times por chave. Um probleminha qualquer durante um jogo pode tirar o time da competição".
A Folha tentou durante toda a semana uma posição de Del Nero, presidente da FPF, ou de algum dirigente da federação sobre o motivo do regulamento esdrúxulo, mas não teve sucesso.
Quatro duelos abrem hoje a Copa SP, cujo atual campeão é o Santo André. Em Barueri, o time local pega o Paysandu. Depois, jogam Flamengo e Santa Cruz. Josense e Gama fazem a primeira partida em São José. Santos e Madureira fecham a rodada dupla.