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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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FUTEBOL

Um ano após ganharem status, equipes modestas vão mal em 2003

Volta dos grandes clubes leva pequenos à realidade

PAULO COBOS
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O sonho acabou, e rápido. Menos de um ano depois de sentirem o doce gosto da conquista de títulos ou turnos, os pequenos times beneficiados pela ausência dos grandes nos Estaduais em 2002 estão de volta à realidade.
Campeão paulista do ano passado, o Ituano, por exemplo, disputa o "Torneio da Morte" agora. Primeiro campeão mineiro do interior em décadas, a Caldense ocupava, antes da rodada de anteontem, um modesto nono lugar no campeonato de 2003.
Como essas duas equipes, a maioria esmagadora das estrelas dos estaduais no ano passado não repetem o mesmo desempenho agora.
A nova realidade incomoda quem sentiu a glória repentina. O Ituano reclama da tabela do torneio deste ano para justificar a fraca campanha no Paulista-2003.
"No ano passado, disputamos um campeonato. Neste ano, estamos disputando um torneio. Eu, desde o início, fui contra essa fórmula, mas não posso fazer nada sozinho", disse Oliveira Júnior, empresário que controla o clube, reclamando do regulamento do torneio, em que cada time só atuou seis vezes na primeira fase.
Segundo ele, clubes que montaram suas equipes "às pressas" acabaram levando vantagem em relação às que fizeram um planejamento adequado.
"Quem tem base, planejamento, se preparou para um campeonato, não para uma competição rápida como essa. Mas não estou tirando os méritos da Portuguesa Santista [semifinalista do Estadual], que montou seu time neste ano", avalia o dirigente.
Os clubes também reclamam que o bom desempenho do ano passado não trouxe dinheiro.
É o caso, por exemplo, do Palmeiras Nordeste, que ganhou a fase do Campeonato Baiano que não teve a presença de Bahia, Vitória e Fluminense.
"Praticamente pagamos para jogar em todas as partidas", afirma o supervisor geral do clube, Hélio Rios. Além do prejuízo financeiro, ele reclama de traição da Federação Baiana ao clube.
"Como campeões baianos, tínhamos o direito de disputar a Copa do Brasil, mas eles nos excluíram sem motivo", disse. "Na verdade, esse título não nos valeu nada. Você tem de avaliar que, quando não enfrenta Bahia e Vitória, tem mais chance de vencer. Mas, por outro lado, quando você não os enfrenta, há o prejuízo financeiro. Então, se correr, o bicho come, se ficar, o bicho pega."
Para a diretoria da Caldense, enfrentar os grandes não significa obter dinheiro com a popularidade dos rivais. Pelo contrário.
Neste ano, o clube, junto com o URT, move ação contra a Rede Globo, que adquiriu os direitos de transmissão do Estadual.
"Eles fecharam acordo de R$ 1 milhão. Cruzeiro e Atlético recebem R$ 425 mil cada um, a federação, R$ 50 mil, o América, R$ 30 mil, e o restante dos clubes, R$ 12,5 mil. Não aceitamos essa ninharia", afirmou o diretor de futebol da Caldense, Jânio Joaquim.
Segundo ele, no ano passado, o Campeonato Mineiro foi mais lucrativo para as equipes pequenas.
"As rendas foram melhores do que as que estamos obtendo agora. Em 2002, o torneio foi acirrado até o fim. Agora, já sabemos que o Cruzeiro é o campeão", disse o dirigente, justificando a má campanha do time no Estadual.
"Estamos jogando com o time reserva porque nossa prioridade neste ano é a Copa do Brasil."


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