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VÔLEI
O retorno
CIDA SANTOS
Nestes tempos em que vencer é
mais importante que competir, as
seleções têm de disputar a Olimpíada com seus melhores atletas.
Diante desse quadro, a volta de
Tande e Giovane é bem-vinda. O
problema é como esse retorno está
sendo negociado e o que vai representar para os outros jogadores.
Nas reportagens publicadas nos
últimos dias, o que chama a atenção é como o técnico Radamés
Lattari está à margem das negociações. Pelas suas declarações, divulgadas pela imprensa, Radamés ainda nem conversou com
Tande e Giovane sobre o possível
retorno deles à seleção.
Os dois atletas estão tratando a
questão com patrocinadores e
com a Confederação Brasileira de
Vôlei (CBV). A Folha publicou na
última semana uma frase significativa do presidente da CBV, Ary
Graça Filho: "Eu vou convocar os
dois. Se eles vão aceitar ou não, é
outra história". Afinal, quem é o
técnico?
Vale lembrar que, especialmente este ano, o técnico vai precisar
ter o grupo na mão já que terá de
administrar uma fogueira de vaidades. Em 99, a seleção já teve
problemas. Com a volta de Carlão, o time experimenta uma nova situação: Nalbert e Giba não
são mais titulares absolutos.
A disputa dos três por duas vagas no time rendeu atritos como
no jogo contra a Coréia do Sul, na
Copa do Mundo, quando Nalbert
não aceitou a reserva e deixou o
ginásio antes do jogo. Com a volta
dos dois campeões olímpicos, serão cinco em busca de duas vagas.
A briga vai ferver ainda mais.
No caso de Tande e Giovane há
um agravante: eles estão vindo da
praia para disputar só a Olimpíada. Depois voltam para a praia.
Como os atletas, que estão batalhando nos últimos anos com a seleção, vão lidar com a possibilidade de perder a posição para os
dois logo no torneio que todos sonham disputar?
Nessa situação, aparece até
uma questão ética: será que é justo Tande e Giovane irem para a
Olimpíada sem ter de passar por
todas as provas que os outros tiveram que enfrentar? Dependendo
de como os jogadores da seleção
responderem essa questão, poderemos ter ou não um grupo unido
na Olimpíada.
A história mostra a enorme dificuldade que o vôlei brasileiro tem
de lidar com as vaidades. Nas
Olimpíadas de 84 e 96, a seleção
foi derrotada pelos problemas de
relacionamento entre os atletas.
O certo é que Tande, Giovane,
Maurício, Negrão e Carlão têm a
chance de ir a mais uma Olimpíada com a experiência de quem já
ganhou uma e perdeu outra por
vaidades. O que se espera é que tenham aprendido a lição de Atlanta e a transmitam a seus companheiros para não repetir os erros.
Para encerrar, parabéns para o
Minas, que atravessou um caminho de pedras contra Flamengo e
BCN e garantiu vaga na final contra o Rexona. O time, comandado
pelo técnico William e pela levantadora Fofão, tem dado show de
bola e revelado mais uma atacante em grande forma: Rosângela.
Cida Santos escreve às segundas-feiras
NOTAS
Italiano
O Bergamo, da brasileira Cilene, vai decidir quarta-feira
com o Vicenza, da russa Tatiana Menchova, uma vaga na semifinal do Campeonato Italiano. Cada time está com uma
vitória. O destaque do Bergamo é Gabriela Perez, 32 anos,
1,94 m e estrela da seleção do
Peru nos anos 80. Cilene está
atuando como líbero.
Desfalque
A Itália já tem um desfalque
para o início da Liga Mundial.
O atacante Bernardi, titular da
seleção, machucou o tornozelo
esquerdo e será operado. Bernardi, que joga no Sisley, também está fora da fase decisiva
do Campeonato Italiano.
Boas-novas
A Intelbras/São José, de Santa Catarina, vai manter a equipe masculina para a próxima
temporada. O time, que foi o
lanterninha da Superliga, também vai investir nas categorias
de base.
E-mail cidasan@uol.com.br
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