São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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TRIATLO
Karen Smyers adiou um tratamento para disputar uma vaga para a estréia olímpica da modalidade
Atleta enfrenta câncer por Sydney

da Reportagem Local

O sonho de participar da Olimpíada de Sydney está fazendo a triatleta norte-americana Karen Smyers, 38, adiar um tratamento contra o câncer.
Karen voltou a competir anteontem na segunda etapa da Copa do Mundo, no Havaí, pouco mais de três meses após a cirurgia que retirou a maior parte de sua tireóide afetada e dois nódulos linfáticos, e terminou no 16º lugar.
"Deve ser minha única chance (o triatlo estréia como modalidade olímpica em Sydney). Tenho de dar tudo agora", disse.
Após a operação, na semana anterior ao Natal, o médico de Karen recomendou o início imediato do tratamento radioterápico.
Ela decidiu procurar outros médicos, soube que o tipo de câncer não é tão agressivo e, após pesquisas na Internet, descobriu que o índice de cura atinge 95%.
"Perguntei aos médicos se não poderia esperar até a definição das vagas olímpicas. Como eles não me recomendaram isso, decidi correr o risco", afirmou Karen.
Ela terá duas oportunidades para tentar conquistar uma das três vagas da equipe dos EUA.
A primeira vaga será da atleta do país mais bem colocada na etapa da Copa do Mundo de Sydney, no dia 15. As duas restantes serão definidas na seletiva dos EUA no dia 27 de maio, em Dallas.
O câncer foi o último percalço na área médica enfrentada por Karen, que não teve contusões nos primeiros 13 anos de carreira.
Nos último dois anos e meio, porém, ela viveu uma fase negra. Em 1997, sofreu uma lesão na perna em um acidente doméstico e, no ano seguinte, após ser atropelada enquanto treinava ciclismo, quebrou seis costelas e teve seu ombro direito deslocado.
Durante a recuperação da contusão de 1997, ficou grávida e teve sua única filha, Jenna.
Karen descobriu que poderia ter câncer em outubro. Com bronquite, foi ao médico e aproveitou para examinar um inchaço em seu pescoço.
Uma ultra-sonografia apontou a possibilidade do câncer, mas era necessária uma biópsia para confirmar a suspeita. Karen decidiu esperar para fazer o exame.
No mesmo mês, foi vice-campeã do Ironman (a competição mais desgastante do triatlo). "Fiz uma grande prova e achava improvável que tivesse câncer. Acreditava em algum engano."
A última competição em 1999 aconteceu no México. No ciclismo, Karen perseguia uma adversária, que acabou caindo e provocando um efeito dominó.
A triatleta retornou a Massachusetts, onde mora e faria a biópsia, com a clavícula fraturada.

Outros casos
Antes de Karen, outros atletas voltaram às competições após se confrontarem com o câncer.
No ano passado, o ciclista norte-americano Lance Armstrong, que teve câncer nos testículos, venceu a Volta da França, mais famosa competição da modalidade. O tumor havia se espalhado por outras partes, incluindo o cérebro.
Também em 99, a russa naturalizada sueca Lyudmila Engquist esteve no Mundial de atletismo, após uma mastectomia (retirada da mama), devido a um tumor no seio direito.
O caso de Karen deve ser menos traumático, pois vai se submeter a radioterapia e não quimioterapia.
"Normalmente, a radioterapia é relativamente simples e feita por via oral", afirmou Antônio Roberto Chacra, professor titular de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que preferiu não comentar especificamente o caso de Karen.
(FERNANDO ITOKAZU)


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