São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Hipismo usa dois pesos na seleção para o Pan

Seletiva do CCE vai considerar evento na Europa, o que não ocorre nos saltos

Divergências com dirigentes sobre os critérios para a escolha da equipe fizeram Rodrigo Pessoa abrir mão de disputar competição no Rio


FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

A mesma CBH (Confederação Brasileira de Hipismo) que excluiu as provas no exterior da seletiva de saltos para Pan-Americano incluiu Saumur, na França, na observação dos concorrentes para o CCE (concurso completo de equitação).
Os critérios para a formação da equipe de CCE foram divulgados ontem no site da confederação. Serão convocados oito conjuntos para treinamento. Apenas quatro irão ao Pan.
Cinco dos oito selecionados sairão do concurso de Lagoa Santa (MG), de 20 a 22 deste mês. Os outros três serão chamados segundo "critérios subjetivos". Na avaliação, contará o desempenho na prova em Saumur, em 26 de maio.
Em fevereiro, pouco depois de assumir a CBH, o presidente Maurício Manfredi mudou as regras da seletiva dos saltos, excluindo as disputas no exterior como classificatórias para o Pan. Passaram a valer apenas dois concursos no Rio.
Dois cavaleiros estariam pré-classificados, de acordo com o regulamento original: Rodrigo Pessoa e Bernardo Alves, por serem os dois brasileiros mais bem posicionados no ranking mundial. Pessoa aparece na 15ª posição e Alves é o 17º colocado.
Descontente com a mudança na seletiva, Pessoa, além de Álvaro Affonso de Miranda Neto, Cássio Rivetti e Pedro Veniss, decidiu não disputar o Pan do Rio. Os quatro moram na Europa e defendiam provas qualificatórias naquele continente por considerá-las de nível técnico mais alto que as no Brasil.
Alves, a pedido do dono de seu cavalo, Jorge Gerdau, estará em cena no Pan.
O diretor de CCE da confederação, Eduardo Migon, diz que a opção pela prova na Europa atende a "particularidades da modalidade". Para ele, os cavalos do CCE são mais exigidos.
"Nos saltos, uma prova dura, em média, um minuto e meio. No CCE, são 11 minutos, com uma velocidade maior", justifica Migon. "É importante manter o condicionamento físico e as condições orgânicas dos cavalos. Se trago para o Brasil, o cavalo terá o desgaste de 10 mil quilômetros de viagens. Depois, demora a se recuperar."
O dirigente acrescenta que, até o Pan, a partir de 13 de julho, só haverá um concurso de nível no Brasil, justamente o de Lagoa Santa. "Na Europa, serão cinco provas de nível até o Pan. Escolhemos Saumur porque a França é a atual campeã mundial de CCE. Competirão 150 concursos, num intercâmbio grande para os brasileiros."
Migon argumenta que, nos saltos, existem mais concursos de nível no Brasil, o que pesou para que a confederação optasse pelas seletivas para o Pan no país e não mais na Europa.
O presidente da CBH diz ainda que não recuará da decisão de tirar a Europa da seletiva de saltos, mesmo diante da oposição pública de Pessoa.
"Queremos a equipe mais forte possível no Pan. É claro que há defasagem do hipismo nacional em relação ao europeu. Com as seletivas aqui, queremos dar um impulso no hipismo no país", diz Manfredi.


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