São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2001

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FUTEBOL

Grandes e pequenos

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Por um capricho do futebol e da matemática, a final do Paulista terá, inevitavelmente, um time "grande" (Corinthians ou Santos) e um "pequeno" (Ponte Preta ou Botafogo).
Recorro às aspas porque os termos "grande" e "pequeno" dizem respeito à história de cada um, quantidade de títulos conquistados, tamanho da torcida e da folha de pagamento. Não têm qualquer relação com a qualidade dos times. "Pequeno", aqui, também não tem o sentido que lhe é atribuído pela torcida, que grita "timinho!" quando um jogador é violento em campo -crítica brilhante.
Desde o feito do São Caetano no ano passado e, durante um certo tempo, do Palmeiras "desmontado" nos acostumamos a assistir ao triunfo dos "pequenos". Em outras ocasiões, nos encantamos com as revelações do Vitória; com a ofensividade e o futebol bonito do Goiás, do Sport e do Atlético-PR. Times bem organizados e consistentes, sem estrelas, mas com bons jogadores (alguns, muito bons).
Equipes que desafiaram o destino de ser não mais que um tropeço dos favoritos; que contrariaram o dogma que os obrigava a "jogar feio", "fechado" e "dar porrada". Estratégias, aliás, frequentemente empregadas pelos outros, os "grandes"...
A Ponte Preta e o Santos conseguiram a marca respeitável de nove vitórias em 15 jogos no Paulista. A Ponte só teve duas derrotas na primeira fase. O Santos perdeu cinco jogos; quatro deles, em sequência. Os três outros semifinalistas ganharam do Santos na primeira fase -o Corinthians, de goleada, naquele jogo em que tudo deu errado para o time da Baixada.
Discuti muito por causa do Santos nesta temporada. Eu defendia a tese do "time bom em fase ruim", enquanto a maioria acreditava no contrário. Mas, mesmo gostando de Fábio Costa, Leo, Russo, Robert, Deivid e Dodô -e também de Caio e Rodrigão-, eu tinha jogado a toalha. Depois do fiasco na Copa do Brasil, não apostava na classificação do Santos, mesmo com a presença de Rincón, que voltou muito bem do "recesso".
Talvez o volante tenha tido um papel decisivo na última rodada -ele reagiu contra a mudança na tabela do fim de semana, porque considerou um favorecimento ao Corinthians. Reclamou da falta de pulso da diretoria santista e inflamou o time. Motivação nem sempre resolve o problema de uma equipe, mas dificilmente atrapalha.
Na semifinal, o Santos será o único time impedido de jogar em casa. O Morumbi também não é a casa do Corinthians, mas fica na sua cidade. Existem mil motivos para vetar a Vila (conflitos nas estradas, que já acabaram em morte), mas Campinas já foi palco de cenas lamentáveis (algumas, com a participação de maus policiais) e a própria cidade de São Paulo não está livre de problemas.
As cinco vitórias do Botafogo e o saldo negativo de dois gols o transformam em azarão, mas tudo pode acontecer em 180 minutos. Com respeito à equipe, que pode vencer por seus próprios méritos, olho na arbitragem! Há "mil" motivos para um time "mais fraco" ir à final.
O Corinthians tem todas as possibilidades de voltar a jogar bem, mas descobriu que não é imbatível. Essa pode ser uma ótima lição, e é bom que seja, pois não resta muito tempo para aprender e, agora, não há mais segunda época.

Como diz o Torero
Se o sistema de pontuação do Campeonato Paulista fosse "normal", com um ponto para cada empate, os classificados teriam sido a Ponte Preta, o Santos, o Corinthians e o Palmeiras, nessa ordem. Se...

Isto é Brasil
A seleção brasileira vai muito mal, dizem, porque o futebol no Brasil está um lixo. Desorganizado, desacreditado e falido. De fato, temos problemas de todos os tipos, mas os times brasileiros continuam fazendo bonito na Taça Libertadores da América, que reúne quase os mesmos países das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.

Não entendi
Afinal, a equipe do Americano foi roubada ou favorecida na partida contra o Bangu?

E-mail: soninha.folha@uol.com.br


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