RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tecnicamente, a Copa com 36 seleções foi vetada. Porém politicamente a Fifa pode aumentar hoje oficialmente o número de participantes no Mundial.
Reunião do Comitê Executivo da Fifa em Zurique (Suíça) vai definir se a proposta lançada pela Conmebol para ampliar o número de equipes já na Copa de 2006, na Alemanha, valerá ou não.
Vários dirigentes europeus teriam aderido à campanha dos seus parceiros sul-americanos, que querem mais uma vaga para sua região no Mundial -pela distribuição de vagas atual, apenas quatro países da América do Sul irão disputar a próxima Copa.
Mas ontem o Comitê Técnico e o Comitê de Futebol da entidade máxima do futebol divulgaram que a grande maioria de seus integrantes é radicalmente contra o inchaço do Mundial, que desde 1998 conta com 32 participantes.
As razões para o veto ao inchaço são, basicamente, esportivas.
A proposta de nove grupos com quatro equipes cada um daria vantagem a alguns times, pois, além dos campeões das chaves, apenas os sete melhores segundos colocados jogariam o mata-mata.
Assim, algumas equipes dependeriam do resultado de seleções de outros grupos -essas jogariam em dias diferentes e saberiam exatamente o que precisariam fazer para obter a vaga.
Antigamente, já houve casos suspeitos quando seleções ficaram na dependência de outras -a Argentina bateu o Peru por 6 a 0 em 1978, por exemplo, depois de um jogo da seleção brasileira, seu rival direito por uma vaga, e foi à decisão pelo saldo de gols.
Nos dois últimos Mundiais, as equipes que disputaram as mesmas vagas (do mesmo grupo) jogaram na última rodada sempre no mesmo horário, o que deu mais credibilidade à disputa.
Pela proposta da Conmebol, não haveria aumento no número de dias de disputa no Mundial da Alemanha. Uma equipe que pleiteia vaga como vice de uma chave poderia ter que esperar alguns dias (pelo outro grupo) para saber se obteve ou não a classificação.
O Comitê Técnico e o Comitê de Futebol da Fifa divulgaram ontem também que, se fosse para aumentar o número de participantes, seria melhor dar vaga a 40 seleções (seriam então oito grupos com cinco equipes cada um).
Os dois comitês são presididos respectivamente pelo francês Michel Platini e pelo espanhol Ángel María Villar Llona, que são membros do Comitê Executivo da Fifa -devem votar, portanto, contra a proposta da Conmebol hoje.
Outro fator levantado contra o Mundial com 36 seleções diz respeito à logística. Seriam mais custos. E o inchaço não acarretaria mais dinheiro para o Mundial.
Franz Beckenbauer, que comanda o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2006, já disse que não haveria problemas financeiros e logísticos para o país anfitrião se o inchaço for aprovado. Mas o dirigente também questionou ""esportivamente" o aumento no número de participantes.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se manifestou contrário inicialmente ao inchaço. O suíço fez mais referências a questões econômicas, uma vez que os direitos do próximo Mundial já foram negociados. Mas a dificuldade que a África teria para organizar uma Copa com 36 seleções, por exemplo, também seria um fator inibidor de outro crescimento do maior torneio do futebol.
A Copa de 2010 será na África. Em 2014, é a vez do Brasil.



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