São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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BRASIL 3 X 1 ARGENTINA

Mais velho, mais pesado e de volta ao estádio que o revelou para o mundo, atacante sofre e converte três pênaltis, quebra série invicta de arqui-rivais e coloca a seleção na liderança

Argentinos derrubam Ronaldo, e Ronaldo derruba a Argentina

Sergio Moraes/Reuters
Ronaldo é abraçado por Kaká depois de marcar o primeiro de seus três gols de pênalti contra a Argentina, ontem, no Mineirão



PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Dez anos e muitos quilos a mais, mas igualmente decisivo, Ronaldo voltou ontem à noite pela primeira vez ao palco que o revelou para o futebol mundial. No Mineirão, a seleção brasileira venceu a Argentina por 3 a 1, com três gols do atacante, todos de pênalti, todos sofridos por ele.
O Brasil assumiu a liderança isolada das eliminatórias sul-americanas, com 12 pontos. Os argentinos, que haviam perdido pela última vez na disputa também para o Brasil fora de casa por 3 a 1 -não tinham caído nos últimos 17 jogos-, ficam com 11.
Bem mais pesado -em 1994, no amistoso contra o Botafogo que marcou a despedida do Mineirão e do Brasil, tinha 75 kg, 13 kg a menos do que o seu suposto peso ideal na atualidade-, Ronaldo virou artilheiro isolado das eliminatórias, com seis gols, e goleador máximo na nova era Parreira, pouco rica em artilharia.
O atacante vestiu chuteiras douradas, parecidas com a do maior vexame da sua carreira -na final da Copa de 1998, teve uma crise que ameaçou sua presença na decisão e deixou o time inseguro.
Ronaldo não teve seu nome cantado pelos torcedores no início, mas fez a diferença desde cedo. Aos 17min, converteu seu primeiro pênalti, o único que teve que ser repetido -houve invasão de área por parte de Luis Fabiano e Kaká. Mas Ronaldo estava inspirado e concluiu bem de novo.
Segundo o Datafolha, o atleta do Real Madrid fez seis finalizações na partida, três delas certas. Foi o jogador que mais driblou (oito vezes) e o que mais faltas sofreu (sete). Fez ainda uma assistência e errou apenas um passe -recebeu 27 vezes a bola.
A Argentina dominou boa parte da partida, especialmente no primeiro tempo. Luis Fabiano, o parceiro de Ronaldo após o corte de Ronaldinho, jogou mais afastado da área e, nas duas oportunidades que teve, não definiu bem.
Ronaldo, que não se movimentava muito, dissera anteriormente que preferia o jogo contra a Argentina no Maracanã. Ele, no entanto, seria o único jogador do país a brilhar no Mineirão no mais esperado jogo do ano -o técnico Marcelo Bielsa, da Argentina, chegou a afirmar que trocaria a liderança das eliminatórias por uma vitória contra o Brasil.
No segundo tempo, a seleção brasileira voltou melhor, mas seguidamente era ameaçada pelo adversário, que levava perigo especialmente nas bolas altas.
Na sua melhor característica, Ronaldo arrancou mais duas vezes em direção à área rival e conseguiu outros dois pênaltis, aos 23min e aos 51min, quando a Argentina pressionava pelo empate.
O ala-esquerdo Sorín, de longe o melhor jogador do rival -ex-cruzeirense, também brilhou na volta ao Mineirão-, descontara para os visitantes aos 35min.
Desde a vitória por 4 a 2 em Porto Alegre, em 1999, um jogador brasileiro não fazia três gols em um clássico contra a Argentina.
"O Ronaldo continua sendo aquele jogador que faz a diferença", disse um eufórico Parreira logo após o término da partida.
Ronaldo, bem mais contido, lembrou que a seleção não atuou de forma brilhante (embora tenha dado até "olé" nos argentinos) e que o Mineirão lhe traz sorte.
"Foi uma vitória merecida. Claro que não foi a melhor partida da seleção, mas o importante foi a vitória. Não há tempo para treinar. Acho que essa é a minha casa."


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