São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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FUTEBOL

Dá-lhe Gordo!

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Credo, como o Brasil marcou mal as bolas cruzadas, "paradas" ou não! Erramos o posicionamento várias vezes; menos mal que a Argentina também finalizou pessimamente. Livravam-se da bola, um horror.
A seleção repetiu velhos problemas: atacantes muito isolados, sofrimento na saída de bola. Os meias não encostavam nos laterais para oferecer opções de jogo. E cometemos muitos "erros não-forçados", entregando a bola de presente em passes bisonhos.
Mas foi legal ver Ronaldo tomar uma, duas, três faltas e seguir, impávido, com a bola no pé. Que drible deu no primeiro tempo... Mexam com nosso Gordito que vocês vão ver!
 
Defendi Ricardinho quando ele trocou o Corinthians pelo São Paulo -após anos no Parque São Jorge, tinha o direito de buscar novos ares, mesmo que fosse no rival. Não era o caso de alguns nômades que existem por aí, sempre correndo atrás de sua "independência financeira" (como se já não estivessem garantidos "até a terceira geração", como ouvi).
A ida de Ricardinho para o Santos, no entanto, parece mais difícil de defender. O convite era muito bom para ser recusado: um bom time, um técnico e um colega com quem se deu bem (Deivid)... Mas se ele e o São Paulo firmaram um acordo e estabeleceram valores para a quebra do contrato, isso não pode ser ignorado.
Mas como cada coisa é uma coisa, fiquei abismada com as avaliações negativas de sua estréia no Santos. "Apagado", "discreto", "só fez um cruzamento, e errou"... Ricardinho foi muito bem, ainda mais para quem acabou de chegar. Ajudou a desafogar Diego, fez pelo menos um lançamento espetacular e quase marcou um gol de cabeça. Restrições aos rumos da sua carreira não podem atrapalhar as avaliações de seu desempenho. Já basta insistirem no manjado "nunca fez nada no São Paulo", esquecendo o ótimo Brasileiro de 2002 (quando eu disse, antes do jogo fatídico na Vila, "quero ver como o São Paulo vai segurar o Santos", torcedores reagiram com incredulidade - "que absurdo, o tricolor está arrebentando!". Agora esqueceram?).
Depois do empate no domingo, Luxemburgo disse que só vai trabalhar com quem estiver "inteiro no Santos". De fato, a maioria dos jogadores parece cair de rendimento quando vai sair. Mas há honrosas exceções: Gustavo Nery e Vágner não se abalaram com a saída iminente, ao contrário. Luis Fabiano talvez acerte agora com o Barcelona e só vá para lá em 2005. Parece um bom negócio.
Nem mesmo um muro como o (vergonhoso) do México seguraria os jogadores aqui. Eles querem conhecer o mundo e ganhar dinheiro - em muitos casos, lamento e discordo da decisão; em outros, não. Em todos, sinto um gosto amargo ao saber que um intermediário ganhou milhões na transação. São muitos os mecanismos de concentração de renda; o futebol é mais uma máquina de moer muitos pobres e produzir poucos ricos.

Não dá
Filas de horas. Informações incompletas ou erradas. Postos de venda insuficientes. Horários de início das vendas desrespeitados. Sistemas que caem, computadores que não funcionam. Planejamento malfeito (é um tal de suspender a venda porque "precisa imprimir mais ingressos" que não consigo entender). Torcedores com muita dificuldade para comprar seus bilhetes, mas cambistas não. Essas foram as queixas de centenas de pessoas, não só as que tentaram ver o jogo do Brasil no Mineirão, mas também as interessadas nos jogos do São Paulo na Taça Libertadores da América. É intolerável. Os responsáveis pela venda e pelo espetáculo precisam tratar desse problema com a urgência e o rigor que ele exige.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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