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FUTEBOL
Dá-lhe Gordo!
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Credo, como o Brasil marcou
mal as bolas cruzadas, "paradas" ou não! Erramos o posicionamento várias vezes; menos mal
que a Argentina também finalizou pessimamente. Livravam-se
da bola, um horror.
A seleção repetiu velhos problemas: atacantes muito isolados,
sofrimento na saída de bola. Os
meias não encostavam nos laterais para oferecer opções de jogo.
E cometemos muitos "erros não-forçados", entregando a bola de
presente em passes bisonhos.
Mas foi legal ver Ronaldo tomar
uma, duas, três faltas e seguir, impávido, com a bola no pé. Que
drible deu no primeiro tempo...
Mexam com nosso Gordito que
vocês vão ver!
Defendi Ricardinho quando ele
trocou o Corinthians pelo São
Paulo -após anos no Parque São
Jorge, tinha o direito de buscar
novos ares, mesmo que fosse no
rival. Não era o caso de alguns
nômades que existem por aí, sempre correndo atrás de sua "independência financeira" (como se
já não estivessem garantidos "até
a terceira geração", como ouvi).
A ida de Ricardinho para o
Santos, no entanto, parece mais
difícil de defender. O convite era
muito bom para ser recusado: um
bom time, um técnico e um colega
com quem se deu bem (Deivid)...
Mas se ele e o São Paulo firmaram um acordo e estabeleceram
valores para a quebra do contrato, isso não pode ser ignorado.
Mas como cada coisa é uma coisa, fiquei abismada com as avaliações negativas de sua estréia no
Santos. "Apagado", "discreto",
"só fez um cruzamento, e errou"...
Ricardinho foi muito bem, ainda
mais para quem acabou de chegar. Ajudou a desafogar Diego,
fez pelo menos um lançamento
espetacular e quase marcou um
gol de cabeça. Restrições aos rumos da sua carreira não podem
atrapalhar as avaliações de seu
desempenho. Já basta insistirem
no manjado "nunca fez nada no
São Paulo", esquecendo o ótimo
Brasileiro de 2002 (quando eu
disse, antes do jogo fatídico na Vila, "quero ver como o São Paulo
vai segurar o Santos", torcedores
reagiram com incredulidade -
"que absurdo, o tricolor está arrebentando!". Agora esqueceram?).
Depois do empate no domingo,
Luxemburgo disse que só vai trabalhar com quem estiver "inteiro
no Santos". De fato, a maioria dos
jogadores parece cair de rendimento quando vai sair. Mas há
honrosas exceções: Gustavo Nery
e Vágner não se abalaram com a
saída iminente, ao contrário. Luis
Fabiano talvez acerte agora com
o Barcelona e só vá para lá em
2005. Parece um bom negócio.
Nem mesmo um muro como o
(vergonhoso) do México seguraria os jogadores aqui. Eles querem
conhecer o mundo e ganhar dinheiro - em muitos casos, lamento e discordo da decisão; em
outros, não. Em todos, sinto um
gosto amargo ao saber que um intermediário ganhou milhões na
transação. São muitos os mecanismos de concentração de renda;
o futebol é mais uma máquina de
moer muitos pobres e produzir
poucos ricos.
Não dá
Filas de horas. Informações incompletas ou erradas. Postos
de venda insuficientes. Horários de início das vendas desrespeitados. Sistemas que
caem, computadores que não
funcionam. Planejamento malfeito (é um tal de suspender a
venda porque "precisa imprimir mais ingressos" que não
consigo entender). Torcedores
com muita dificuldade para
comprar seus bilhetes, mas
cambistas não. Essas foram as
queixas de centenas de pessoas,
não só as que tentaram ver o jogo do Brasil no Mineirão, mas
também as interessadas nos jogos do São Paulo na Taça Libertadores da América. É intolerável. Os responsáveis pela venda
e pelo espetáculo precisam tratar desse problema com a urgência e o rigor que ele exige.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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