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Contusão que provocou o corte do atacante ocorreu em um jogo de futevôlei
Comissão
dispensa
Romário
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARCELO DAMATO
ALEXANDRE GIMENEZ
enviados a Ozoir-la-Ferrière
Numa entrevista coletiva, marcada pelo constrangimento de
seus membros, a comissão técnica
da seleção brasileira anunciou ontem o corte do atacante Romário,
32, da equipe que vai disputar a
Copa do Mundo da França.
Para o lugar do jogador, foi convocado o meia Emerson, 24, do
Bayer Leverkusen (Alemanha).
Américo Faria, Zico, Zagallo e
Lídio Toledo -nessa sequência-
entraram na sala de conferências,
montada no Château Grande Romaine (concentração da equipe)
mostrando abatimento.
Eles pouco se olharam durante a
duração da entrevista coletiva.
O primeiro a falar foi Zagallo. O
técnico afirmou que a comissão tinha um comunicado importante a
fazer e transferiu a palavra para
Toledo. O médico, contrariando
os prognósticos que ele próprio tinha dado nos últimos dias, anunciou o desligamento do atacante.
Segundo o fisioterapeuta Claudionor Delgado, "o atacante tem
uma desinserção da aponeurose
do músculo gêmeo interno".
Trocando em miúdos, a membrana que envolve o músculo do
jogador se soltou. Isso gerou um
acúmulo de líquidos linfáticos no
local. Quando Romário faz exercícios, aumenta a pressão do líquido
no músculo, causando dor.
O corte do jogador foi decidido
na segunda-feira à noite, quando
Toledo recebeu os resultados de
um exame vascular e de uma ressonância magnética feitos no domingo à tarde em Paris.
O exame foi pedido depois que o
jogador acordou, no último sábado, com dores no local. Depois de
ver os resultados, às 23h, os membros da comissão se reuniram.
Antes do encontro, Romário foi
avisado de que não deveria dormir
naquele momento.
Por volta das 23h30, Romário foi
convocado pela comissão e recebeu o comunicado de seu corte.
"A contusão não evoluiu como
planejamos", disse Lídio.
A ressonância mostrou que o
edema do jogador diminuiu de
nove centímetros para seis num
período de seis dias, data da primeira ressonância magnética feita
pelo jogador na França.
"Não podia garantir que ele fosse jogar o primeiro, segundo, nem
mesmo o terceiro jogo. É uma lesão que requer tempo e pode provocar dor a qualquer momento",
afirmou o médico.
A contusão de Romário foi provocada por uma partida de futevôlei disputada após um período de
treinos em Teresópolis. O atacante
se apresentou com uma contusão
na coxa e fez apenas tratamentos
médicos na Granja Comary.
Quando se apresentou para o
embarque para a Copa, Romário
reclamou da nova contusão.
Inicialmente, a comissão técnica
afirmou que as dores do atacante
foram provocadas pelo excesso de
treinos na bicicleta ergométrica,
que foram indicados para a recuperação da contusão.
Com a demora para a volta aos
treinos, Toledo passou a dizer que
Romário estava com um pequeno
edema na perna. Ontem, durante
a entrevista, o médico referiu-se
ao inchaço como "grande".
Toledo afirmou que não errou a
não diagnosticar precocemente a
gravidade da contusão do jogador.
"Existem mil causas de uma dor
muscular", disse.
O técnico Zagallo afirmou que a
decisão foi tomada por toda a comissão técnica. "Esse foi um caso
especial, pela categoria do jogador. Fomos até o limite que podíamos e fizemos o máximo para ele
continuar na seleção", afirmou.
Zagallo disse que a convocação
de um meia não vai desfalcar o
ataque do time. "Outros jogadores, como Rivaldo, Giovanni e Denílson, podem fazer essa função."
Alguns minutos depois da entrevista da comissão técnica, o atacante entrou no salão. Romário
deu um depoimento de cinco minutos, interrompido duas vezes
pelas lágrimas. Quando começou
a chorar pela terceira vez, foi retirado do salão por Nelson Borges,
assessor de imprensa da seleção.
"O futebol nos proporciona
coisas boas e ruins, positivas e negativas. E esse é um momento
muito difícil na minha vida", disse
Romário, que embarcaria ontem
mesmo para o Brasil num vôo da
Varig, que chegaria hoje ao Rio de
Janeiro às 7h30.
Colaborou
Noelly Russo, enviada a Paris
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