São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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É seleção brasileira com o menor número de atacantes, três
Insegurança no meio faz Zagallo sacrificar ataque

dos enviados a Ozoir-la-Ferrière

O medo de problemas na marcação fez Zagallo sacrificar uma vaga no ataque para incluir um meia. Emerson, do Bayer Leverkusen, da Alemanha, será mais um volante da seleção pela direita.
Com a redução de quatro para três atacantes (restam Ronaldinho, Bebeto e Edmundo), o técnico quebrou um recorde histórico da seleção. Nunca, em 16 Copas, o Brasil foi para um Mundial com tão poucos atacantes.
Mesmo as seleções de 1990 e de 1994, marcadas por seu defensivismo, possuíam mais jogadores dessa posição, cinco em cada.
Zagallo afirmou que convocou Emerson porque os volantes César Sampaio, 30, e Dunga, 34, estão com "problemas físicos".
Na semana passada, Dunga sofreu uma contratura na virilha esquerda que o deixou fora dos treinos até ontem.
Sampaio recuperou-se recentemente de uma lesão na coxa esquerda e ainda apresenta sequelas, como mau condicionamento físico. Zagallo teme que algum deles volte a ter problemas musculares.
A convocação de Emerson indica que a "era Doriva" também está ameaçada. O meia do Porto, de Portugal, vinha atuando na equipe titular, em coletivos e amistosos, desde que Dunga se machucou. Como único reserva dos dois volantes, sua participação na Copa era quase certa.
Agora, Doriva, 26, será reserva apenas de Dunga.
Essa é a segunda troca na seleção da Copa em que o jogador que entra não é da mesma posição do que sai. Na primeira, o lateral-direito Zé Carlos, 30, substituiu o volante Flávio Conceição, 25.
Pelo regulamento da Copa da França, só 22 jogadores podem ser convocados. Como são chamados três goleiros, numa das dez posições restantes, só é chamado um jogador.
Nesse "cobertor curto", Zagallo tem agido caso a caso. Primeiro cobriu a lateral direita e descobriu parcialmente o meio-campo defensivo: Doriva ficou como substituto único de César Sampaio e Dunga. Quando ficou claro que existe risco de esses voltarem a se machucar, cortou um atacante e pôs mais um nessa posição.
Nesse põe-e-tira, ficou evidente a falta de informação do treinador sobre vários de seus jogadores.
Anteontem, Zagallo ficou surpreso com o relato do preparador físico Moracy Sant'Anna, ex-São Paulo, de que Denílson destacou-se no Campeonato Paulista de 1998 jogando como atacante. Para Zagallo, Denílson só sabia jogar como meia.
Há outros exemplos. Mesmo jogando como volante há quase dois anos, Zé Roberto nunca foi testado na seleção nessa posição. Ele ainda é visto pelo treinador ainda como lateral-esquerdo.
No caso de uma emergência na função de segundo volante, o treinador conta com o meia Leonardo, que nunca jogou nessa posição -apenas atuou como lateral ou meia ofensivo.
Zagallo, apesar de dizer que observou Giovanni no Campeonato Espanhol, não levou em consideração o fato de que ele passou a jogar como segundo volante do Barcelona, pela direita.
O treinador até cogita em escalá-lo no ataque, posição em que o meia não joga há mais de um ano.
O exemplo se estende também ao lateral-direito Cafu. Na Copa de 94, ele foi convocado para a lateral, embora jogasse como meia no São Paulo. Agora que não atua nessa posição há mais de três anos, está sendo cogitado para voltar a ela pela seleção. (JCA, MD e AGz)



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