São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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Organizador da Copa do Mundo, ex-astro francês diz que país não pode ficar "refém' de grevistas
Platini pede o fim da greve de pilotos

dos enviados a Ozoir-la-Ferrière

A ameaça à Copa da França representada pela greve dos pilotos da Air France, que vai transportar as equipes participantes, mobilizou ontem até mesmo o ex-jogador Michel Platini, maior ídolo da história do futebol francês.
Platini disse ontem que a França não pode ser "pega como refém", referindo-se à paralisação que começou na segunda-feira e pode durar até 15 dias. A Copa começa no próximo dia 10.
Como co-presidente do CFO (comitê organizador da Copa), Platini é um dos responsáveis pelo bom andamento da competição.
Ontem, ele afirmou que "é a imagem da França que está em jogo, e não exatamente a de uma companhia aérea". "Eu acho que, na época de uma Copa do Mundo, é questão de todos serem solidários", completou.
Ontem, sete diretores da empresa iniciaram uma reunião com 26 sindicalistas no aeroporto de Roissy. O encontro começou às 16h e, após duas interrupções, não havia acabado até as 21h.
Os pilotos protestam contra a decisão da Air France de cortar 15% dos salários em troca de ações da companhia e a implantação de uma dupla política salarial, em 1997, que significou a redução dos salários dos pilotos iniciantes.
Na terça-feira, foram adiados 83% dos vôos de longa distância, além de 72% dos de menor distância dos aeroportos de Roissy e Charles de Gaulle e 64% dos vôos do aeroporto de Orly. Todos estão localizados na região parisiense.
A empresa prevê que hoje deverão ser realizados novamente apenas 17% dos vôos de longa distância (entre França e Brasil, por exemplo). Hoje, deve haver um vôo de Paris a São Paulo às 23h10.
Estima-se que cada dia de greve custe US$ 17 milhões à empresa.
A chance de acordo não parecia provável ontem. O presidente da Air France, Jean-Cyril Spinetta, afirmou que a empresa não vai abrir mão de economizar US$ 84 milhões anuais em salários.
Já os sindicatos dos pilotos, em especial o SNPL, maior de todos, afirmam que não aceitam os cortes propostos pela empresa.
A Air France mostrou maior flexibilidade em relação à nova política salarial, que pode ser revogada. Desse modo, os pilotos voltariam a ter uma única escala de salários, mas sob novas condições.
Para complicar mais a situação, funcionários do aeroporto Charles de Gaulle, o principal do país, iniciaram ontem uma greve-surpresa que atrapalhou também os passageiros de outras companhias.
Ainda ontem, uma nova categoria de trabalhadores de transportes iniciou uma greve. Os condutores de ônibus e de trens de Lyon realizaram uma paralisação de um dia. Só 10% das linhas de ônibus e uma linha de metrô funcionaram ontem na cidade. A princípio, não há previsão de nova parada.
Os sindicalistas querem uma gratificação de férias e aposentadoria aos 55 anos. Lyon vai abrigar seis jogos da Copa



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