São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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TÊNIS
Sorte não basta

THALES DE MENEZES

A aventura brasileira na chave de simples de Roland Garros poderia ser mais longa, mas não chegou a ser um desastre.
Meligeni foi bem demais, só perdeu para Muster porque o austríaco está quase voltando ao excelente nível que lhe deu o apelido de "Musterminator".
Kuerten teve o azar de cruzar com uma locomotiva russa em dia inspirado, o promissor gigante Marat Safin. A trajetória do rapaz em Paris impressionou, batendo Agassi, Kuerten e Vacek. Só perdeu para Pioline, quando 16 mil fãs torcendo para o francês fizeram diferença.
As conclusões são inúmeras, mas duas são importantes.
Primeiro: Meligeni é cada vez mais um jogador passional. O tênis que joga depende de seu estado de espírito. Motivado, em boa forma física, já é um tenista que impõe respeito a qualquer adversário.
Teoricamente, um pouco de cabeça fria poderia fazer bem a ele, mas talvez Meligeni perca o pique. O negócio é entrar solto na quadra, sem compromisso e sem ligar para o ranking do cara do outro lado da rede.
A receita também serve para Kuerten. E a segunda conclusão de Roland Garros aponta para a irregularidade do jogo dele.
Cometer erros é normal, mas Kuerten anda cometendo muitos e variados. Contra Safin, o brasileiro estourou suas rebatidas quando o momento da partida pedia calma (no início do quarto set, com 2 a 1 a favor) e travou os golpes, sem forçar, no final. Ou seja, errou para mais e para menos.
A queda no ranking da ATP pode ser recuperada. Basta jogar o tênis que ele sabe jogar, agora sem a pressão de defender um lugar entre os dez melhores do mundo.
É hora de Kuerten tentar dar a volta por cima e calar a boca de seus críticos que já começam a classificar o título na França em 1997 de "sorte".
Ninguém ganha um torneio de Grand Slam por sorte. E Kuerten pode provar isso.

NOTAS

New look
Aparecer de penteado novo e badalando nas arquibancadas de Paris foi uma boa decisão de Gustavo Kuerten.

Bastidores
A foto de Kuerten acompanhando uma partida ao lado de Marcelo Ríos é sintomática. Com a ascensão do catarinense no cenário internacional, o público brasileiro passa a conhecer mais de perto o dia-a-dia do circuito profissional. Num dia é Meligeni batendo bola com Sampras, no outro é uma jam session dos brasileiros com a gangue de Yannick Noah, e por aí vai. Legal.

Os queridinhos
Torcedores tristes: a russa Anna Kournikova está fora. Torcedoras alegres: o espanhol Carlos Moyá continua no torneio.

Pois é...
O colunista errou. O espanhol Alberto Berasategui não chegou lá.



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