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TÊNIS
Sorte não basta
THALES DE MENEZES
A aventura brasileira na chave de simples de Roland Garros
poderia ser mais longa, mas
não chegou a ser um desastre.
Meligeni foi bem demais, só
perdeu para Muster porque o
austríaco está quase voltando
ao excelente nível que lhe deu o
apelido de "Musterminator".
Kuerten teve o azar de cruzar
com uma locomotiva russa em
dia inspirado, o promissor gigante Marat Safin. A trajetória
do rapaz em Paris impressionou, batendo Agassi, Kuerten e
Vacek. Só perdeu para Pioline,
quando 16 mil fãs torcendo para o francês fizeram diferença.
As conclusões são inúmeras,
mas duas são importantes.
Primeiro: Meligeni é cada vez
mais um jogador passional. O
tênis que joga depende de seu
estado de espírito. Motivado,
em boa forma física, já é um
tenista que impõe respeito a
qualquer adversário.
Teoricamente, um pouco de
cabeça fria poderia fazer bem a
ele, mas talvez Meligeni perca o
pique. O negócio é entrar solto
na quadra, sem compromisso e
sem ligar para o ranking do cara do outro lado da rede.
A receita também serve para
Kuerten. E a segunda conclusão
de Roland Garros aponta para
a irregularidade do jogo dele.
Cometer erros é normal, mas
Kuerten anda cometendo muitos e variados. Contra Safin, o
brasileiro estourou suas rebatidas quando o momento da partida pedia calma (no início do
quarto set, com 2 a 1 a favor) e
travou os golpes, sem forçar, no
final. Ou seja, errou para mais e
para menos.
A queda no ranking da ATP
pode ser recuperada. Basta jogar o tênis que ele sabe jogar,
agora sem a pressão de defender um lugar entre os dez melhores do mundo.
É hora de Kuerten tentar dar
a volta por cima e calar a boca
de seus críticos que já começam
a classificar o título na França
em 1997 de "sorte".
Ninguém ganha um torneio
de Grand Slam por sorte. E
Kuerten pode provar isso.
NOTAS
New look
Aparecer de penteado novo e
badalando nas arquibancadas
de Paris foi uma boa decisão de
Gustavo Kuerten.
Bastidores
A foto de Kuerten acompanhando uma partida ao lado de
Marcelo Ríos é sintomática.
Com a ascensão do catarinense
no cenário internacional, o público brasileiro passa a conhecer mais de perto o dia-a-dia
do circuito profissional. Num
dia é Meligeni batendo bola
com Sampras, no outro é uma
jam session dos brasileiros
com a gangue de Yannick
Noah, e por aí vai. Legal.
Os queridinhos
Torcedores tristes: a russa
Anna Kournikova está fora.
Torcedoras alegres: o espanhol
Carlos Moyá continua no torneio.
Pois é...
O colunista errou. O espanhol Alberto Berasategui não
chegou lá.
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