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O tira-teima das últimas décadas
MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas
É uma pena que Brasil e Holanda não estejam completos
para realizar o que seria um tira-teima em três partidas.
Brasileiros e holandeses desenharam alguns dos melhores
momentos do futebol nos últimos 30 anos. Tostão fez ontem
um resumo tático das duas seleções. Vamos, pois, conversar
sobre a dimensão histórica.
Os brasileiros encantaram o
mundo em 70, com um sistema
tático que tirava partido de um
dos melhores elencos de todos
os tempos. Os holandeses retrucaram em 74 com o carrossel
-uma geração de jogadores
talentosos em um sistema tático que revolucionava o futebol.
Os destaques eram o extraordinário jogador Johan Cruyff e o
técnico Rinus Michels.
Brasileiros passam por um
período de crise tática em 74,
procurando inovar taticamente com Cláudio Coutinho em
78, mas não tinham um elenco
regular. Sem a mesma agilidade, o carrossel holandês ainda
girou em 78, ficando, novamente, em segundo lugar.
Em 82, brasileiros encantam
novamente com um técnico
inovador, Telê Santana, e um
excelente elenco, sobretudo
com meio-campistas (Falcão,
Cerezo, Batista) e meias-de-ligação (Zico, Sócrates, Paulo
Isidoro). O ano de 86 vê o ocaso
dessa geração.
Os holandeses entram em decadência no início dos 80, mas
uma nova safra de talentosíssimos jogadores começava a ser
gestada, entre eles, os companheiros de peladas desde garotos Ruud Gullit e Frank Rijkaard (o atual técnico holandês) juntos com o excepcional
atacante Marco van Basten e o
líbero Ronald Koeman.
Comandados novamente por
Michels, os novos holandeses
explodem em 88, conquistando
a Copa de seleções européias.
Em 90, as duas vivem grande
crise. Os brasileiros, com um time em transição, um técnico
(Lazaroni) sem legitimidade
para impor seu 3-5-2 e muita
bagunça, foram um fracasso.
Apesar do excelente nível do
elenco, os holandeses estavam
desmotivados e divididos: parte deles havia tentado impor
Cruyff como técnico e não conseguiu. Outro fracasso.
Os brasileiros iniciam os 90
adotando um esquema mais
defensivo, consagraram o 4-4-2, vencendo a Copa de 94.
Os holandeses iniciam os 90
adotando um esquema bem
ofensivo, com três zagueiros,
quatro meias e três atacantes,
com ponta-direita e esquerda.
Gullit recusou-se a ir à Copa
-queria a Holanda jogando
no 4-4-2, como os brasileiros.
Esses esquemas se enfrentam
nas Copas de 94 e 98, com duas
vitórias brasileiras, em dois jogos que muitos consideram como os melhores dessas Copas.
As duas agora vivem processos de transição, com excelentes jogadores à disposição dos
novos técnicos.
Luxemburgo tenta mexer na
maneira como jogam os volantes brasileiros, procurando iniciar neles as jogadas ofensivas.
Rijkaard manteve a mudança
holandesa para quatro zagueiros, mas, como ele encerrou a
carreira no Ajax atuando como
o defensor do meio no esquema
de três zagueiros -posição que
os holandeses consideram como fundamental-, pode ser
que altere o sistema defensivo.
Holanda e Brasil têm espalhado jogadores de alta qualidade técnica pelo mundo. Suas
torcidas têm em comum o gosto
pela habilidade e criatividade.
²
Matinas Suzuki Jr. escreve às quintas e é diretor editorial-adjunto da Abril S.A.
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