São Paulo, quinta, 3 de junho de 1999

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FUTEBOL
Gaviões e Independente abalam semifinais em SP
Torcidas ameaçam retomar violência

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

As principais torcidas organizadas de Corinthians e São Paulo, a Gaviões da Fiel e a Independente, respectivamente, ameaçam retomar a prática de atos de violência nas semifinais do Paulista-99.
De relações rompidas, as duas uniformizadas passaram o dia de ontem trocando acusações, o que culminou num fax enviado pela Gaviões para órgãos de comunicação e autoridades policiais, alertando-os para possível tragédia domingo, quando os dois times se enfrentarem pela primeira rodada das semifinais.
De acordo com a Gaviões, cuja extinção é pedida pelo Ministério Público, o perigo de atos de violência e até mortes de torcedores domingo existe devido às ameaças que lhe são feitas pela Independente, que está extinta pela Justiça.
Em abril, quando dois são-paulinos morreram em Diadema, assassinados por corintianos, a relação entre as duas torcidas piorou.
Em maio, um telefonema anônimo alertou a polícia para suposta trama da Independente, que teria planejado emboscada contra os corintianos, após o primeiro jogo da semifinal da Libertadores entre Corinthians e Palmeiras. Mas os são-paulinos negam o plano.
"Como a situação está ficando complicada, decidimos pedir desde já que façam um trabalho preventivo para evitar o pior. Não quero que mais uma vez sejamos responsabilizados pelas loucuras de alguns indivíduos", afirmou José Cláudio de Almeida Moraes, o Dentinho, presidente da Gaviões.
Para os corintianos, que dizem estar se eximindo de qualquer responsabilidade "pela possível selvageria no domingo", a Independente está sem comando, fragmentada e tomada por um sentimento de vingança contra qualquer um que vista a camisa do rival.
O presidente da Independente, André Amorosino, concorda que a fragmentação da torcida está deixando a situação fora de controle, mas entende que o fax da Gaviões é demagógico. "Perdemos o contato com o associado. A violência está crescendo."
"É muito fácil se eximir de culpa. Eles estão querendo posar de santos, mas isso é demagogia. Se eu quisesse acabar com a violência, não mandaria um fax que cria um clima ainda mais hostil", disse Amorosino.
Segundo o líder da Independente, as relações da torcida com a Gaviões "não existem" hoje em dia.
"Antes, estávamos juntos. Mas com algumas pessoas não dá para conversar. Diria que a nossa relação com a Mancha Verde (maior organizada do Palmeiras) é mais de homem", disse Amorosino.
Para o promotor Fernando Capez, que pede a extinção da Gaviões, a postura das duas organizadas apenas reforça a certeza de que elas devem cessar suas atividades para evitar mais violência.
"A estratégia de bani-las é mais do que acertada. O fax da Gaviões, por si só, é gravíssimo e, em vez de isentá-la dos possíveis atos de violência, mostra que ela vai ao jogo pensando em praticá-los."
O promotor disse que pretende acompanhar a rota das torcidas domingo e que a troca de acusações entre Gaviões e Independente faz o jogo ser de "altíssimo risco".




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