São Paulo, quinta, 3 de junho de 1999

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TÊNIS
"Não pude sair da armadilha", declarou o brasileiro após perder para Medvedev; semifinais não têm favoritos
Kuerten é eliminado em Roland Garros

Reuters
O ucraniano Andrei Medvedev celebra vitória em Roland Garros sobre Gustavo Kuerten (fundo)


de Paris

Gustavo Kuerten, oitavo do ranking mundial do tênis, foi eliminado ontem, alijando o Aberto da França de favoritos nas semifinais. Nenhum dos quatro finalistas, inclusive o brasileiro Fernando Meligeni, tem no currículo um título de um evento importante no saibro, o piso de Roland Garros.
Em duas horas e quatro minutos, o ucraniano Andrei Medvedev, 100º do mundo, derrotou o "homem a ser batido em Roland Garros" -Gustavo Kuerten-, por 3 sets a 0 (7/5, 6/4 e 6/4).
Dentre os semifinalistas, o norte-americano Andre Agassi, 14º do mundo, é quem carrega o melhor retrospecto: foi primeiro do mundo por duas vezes, entre 95 e 96, num total de 32 semanas. O título da França é o único de Grand Slam que lhe falta: venceu o Aberto da Austrália, em 95, Wimbledon, em 92, e o Aberto dos EUA, em 94. Por duas vezes, foi finalista em Roland Garros, em 90 e 91.
Ele vai enfrentar o eslovaco Dominik Hrbaty, 30º do mundo. Na outra semifinal, jogam Fernando Meligeni, 54º, e Andrei Medvedev. Os jogos serão amanhã.
Apontado como favorito ao bicampeonato do Aberto da França, Kuerten esteve praticamente todo o tempo dominado por Medvedev, que atuou ofensivamente, alternando bolas fortes com deixadas próximas à rede. O ucraniano foi um dos rivais a quem ele derrotou na campanha ao título de 97.
"Não desisti de lutar. Fiquei procurando mudar as coisas. Mas não foi meu dia", disse Kuerten. "Fiquei esperando ele errar, mas ele não errou o suficiente. Não pude sair da armadilha", completou o catarinense, que em 98 foi eliminado na segunda rodada.
Ao fim do jogo de ontem, Kuerten jogou uma bola de tênis para fora do estádio. A imagem foi repetida à noite pelas TVs locais.
Durante a partida, bateu com a raquete no chão e reclamou, com gritos, de erros que cometeu.
Questionado se ficou nervoso ao fim do jogo, Kuerten respondeu que sim: "Acho que é frustrante, porque você está lutando muito, tentando o seu melhor, mas não sente bem a bola. É difícil jogar nessas condições. Estava preparado e jogando bem, mas hoje não foi um bom dia e está acabado."
A partida foi disputada sob forte vento. Em algumas ocasiões, os tenistas retardaram seus saques para que a poeira levantada passasse.
Com um público reduzido a menos da metade da capacidade da quadra central, Medvedev quebrou o serviço de Kuerten quando o jogo estava empatado em 5 a 5, no primeiro set. Uma greve de ônibus e metrô em Paris ontem, em decorrência do assassinato de um agente do metrô numa das estações parisienses, atrasou a chegada dos espectadores.
O ucraniano manteve o serviço e fez 7 a 5. Até o fim do jogo, quebrou o serviço de Kuerten mais duas vezes. O brasileiro, no terceiro set, conseguiu sua única quebra.
Para Medvedev, Kuerten não foi capaz de buscar alternativas, em parte devido a suas vitórias anteriores, em Roma e Montecarlo, também no saibro (terra batida).
"Você tem de estar preparado para isso. Acho que Kuerten não estava. Foi a primeira vez que jogou um torneio como favorito. Podia ser o número um, trouxe sua família. É preciso ser muito maduro para poder se concentrar."
O catarinense, que tem chances de figurar como sexto do mundo, poderia desbancar o russo Yevgeny Kafelnikov, atual número um, no final do Aberto da França.
Para isso, além de ser campeão, dependia de uma combinação de resultados. Com a eliminação do chileno Marcelo Ríos, anteontem, Kuerten não poderia mais conquistar os pontos de bônus necessários para chegar ao topo.
(HAROLDO CERAVOLO SEREZA)


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