São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

Próximo Texto | Índice

Samba, suor e cerveja no palácio

Vida leva eu


Família Scolari não abre mão de Scolari


"Deixa a vida me levar". Zeca Pagodinho, recurso motivacional na Ásia, foi levado a sério pela seleção pentacampeã mundial, que desembarcou ontem em Brasília. Jogadores, dirigentes e até mesmo o técnico Luiz Felipe Scolari deixaram-se levar pela farra em que se transformou a maior comemoração popular dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
Cerca de 500 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, algo próximo a 25% da população do Distrito Federal, foram às ruas receber a seleção, que desfilou a bordo de trio elétrico da AmBev, patrocinadora da CBF. A festa não respeitou nem o Palácio do Planalto, tomado por políticos, funcionários e crianças, onde a delegação foi condecorada pelo presidente.
Pelo menos 2.000 pessoas lotaram o salão central e o mezanino do palácio. Aguardaram cerca de seis horas, ao som de rock e hinos da Copa, a chegada dos jogadores.
Ao contrário de 1994, quando a seleção tetracampeã usava terno e gravata ao ser recebida no Planalto pelo então presidente Itamar Franco, ontem os jogadores estavam com uniformes de treino, cada um com estilo próprio. O goleiro Marcos, por exemplo, entrou com bandeira brasileira em punho e camisa do Palmeiras.
Quando os jogadores entraram no palácio, a multidão -descontente com a falta de visibilidade- desrespeitou os cordões de isolamento para chegar perto do time.
Neste momento, a segurança perdeu o controle. Ronaldinho, que foi puxado e empurrado pelo público, precisou tirar o lenço da cabeça antes que este fosse arrancado. Ao receber sua medalha, acenou ao público e acabou não cumprimentando FHC.
Vampeta, que vestia camiseta do Corinthians, após ser condecorado pelo presidente, deu três cambalhotas na rampa do palácio e desceu parte dela rolando.
Kaká foi um dos mais assediados, especialmente pelas crianças. Muitos meninos exibiam o corte de cabelo de Ronaldo. Enquanto Scolari recebia sua medalha, o público gritava seu nome no salão.
Com o tumulto, pelo menos seis crianças desmaiaram e foram atendidas pelo serviço médico. Muitas outras se machucaram e choravam pelos corredores. A intensa circulação fez a segurança desligar o detetor de metais.
A bagunça acabou apenas às 15h45, quando os jogadores deixaram a Praça dos Três Poderes para embarcar para o Rio.


Próximo Texto: Operação tartaruga
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.