São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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TOSTÃO

A vida não pára

Ufa! No final deu certo! O Brasil é pentacampeão do mundo. Com todos os méritos. Vivi também uma experiência inesquecível, profissional e de vida. Agora, é pensar na Alemanha em 2006. A organização do Mundial foi excelente. Os coreanos estavam mais entusiasmados do que os japoneses. Na Coréia do Sul, a imprensa também teve mais facilidade para trabalhar. A parte cansativa foram as constantes viagens, troca de hotel e excessiva burocracia.
Os estádios são excelentes, confortáveis e práticos, com gramados perfeitos. Se todos os gramados no mundo são ótimos -inclusive os de treinamentos e de pelada-, por que no Brasil são péssimos, com algumas exceções. Qual é o mistério? Existe alguma praga -no amplo sentido- que não deixa os gramados ficarem bons, ou é incompetência e desleixo?
Os brasileiros merecem estádios confortáveis, seguros e com ótimos gramados. Aliás, como está funcionando a Comissão de Defesa dos Direitos do Torcedor, criada pelo Ministério dos Esportes?
A qualidade do Mundial foi inferior ao que eu imaginava. Pior do que a de 98. As duas principais favoritas antes do Mundial foram desclassificadas na primeira fase. Poucas estrelas brilharam intensamente. Não aconteceram novidades táticas. Todas as seleções atuaram da mesma maneira, com poucas variações. Até os discursos de técnicos e jogadores são idênticos. As únicas diferenças foram Ronaldo e Rivaldo. Os dois mereciam o título de craque da Copa. A escolha de Oliver Kahn parece piada, mas tem uma explicação: a eleição foi feita antes do último jogo.
A maioria dos jogadores brasileiros estará em boas condições físicas na próxima Copa. Nenhum está descartado. Rivaldo é o menos provável. Estará com 34 anos e não sei se ele e o Ronaldo vão arriscar o próximo Mundial, depois do show que deram.
Cafu é o mais velho -estará com 36 anos na Copa da Alemanha- , mas está muito bem fisicamente. Não será surpresa vê-lo no próximo Mundial, correndo e pedindo a bola. Além do mais, não há, nesse momento, nenhum outro lateral-direito.
A Copa serviu também para todos nós conhecermos e aprendermos um pouco de cidadania e de como as coisas públicas e os cidadãos são respeitados no Japão e na Coréia. Como exemplo, em todos os lugares públicos como ruas, aeroportos e estações de trem, há no chão faixas amarelas, salientes, para os deficientes visuais se locomoverem.
Desde pequeno, ouço que o Brasil é o país do futuro.
Estou ficando velho e o futuro não chega.
Está na hora de retornar. Como todos os homens, gosto do novo, do desconhecido, mas sou também de hábitos e de rotina. Vivemos divididos entre o que temos e o que sonhamos; entre o que somos e o que gostaríamos de ser.
Nada melhor do que voltar para casa, rever as pessoas queridas e desfrutar de pequenos e antigos hábitos. ""O tempo não pára" (Cazuza).

tostao.folha@uol.com.br



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