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TOSTÃO
A vida não pára
Ufa! No final deu certo!
O Brasil é pentacampeão do mundo. Com
todos os méritos. Vivi também
uma experiência inesquecível,
profissional e de vida. Agora, é
pensar na Alemanha em 2006.
A organização do Mundial foi
excelente. Os coreanos estavam mais entusiasmados do
que os japoneses. Na Coréia
do Sul, a imprensa também teve mais facilidade para trabalhar. A parte cansativa foram
as constantes viagens, troca de
hotel e excessiva burocracia.
Os estádios são excelentes,
confortáveis e práticos, com
gramados perfeitos. Se todos
os gramados no mundo são
ótimos -inclusive os de treinamentos e de pelada-, por
que no Brasil são péssimos,
com algumas exceções. Qual é
o mistério? Existe alguma praga -no amplo sentido- que
não deixa os gramados ficarem bons, ou é incompetência
e desleixo?
Os brasileiros merecem estádios confortáveis, seguros e
com ótimos gramados. Aliás,
como está funcionando a Comissão de Defesa dos Direitos
do Torcedor, criada pelo Ministério dos Esportes?
A qualidade do Mundial foi
inferior ao que eu imaginava.
Pior do que a de 98. As duas
principais favoritas antes do
Mundial foram desclassificadas na primeira fase. Poucas
estrelas brilharam intensamente. Não aconteceram novidades táticas. Todas as seleções atuaram da mesma maneira, com poucas variações.
Até os discursos de técnicos e
jogadores são idênticos. As
únicas diferenças foram Ronaldo e Rivaldo. Os dois mereciam o título de craque da Copa. A escolha de Oliver Kahn
parece piada, mas tem uma
explicação: a eleição foi feita
antes do último jogo.
A maioria dos jogadores
brasileiros estará em boas
condições físicas na próxima
Copa. Nenhum está descartado. Rivaldo é o menos provável. Estará com 34 anos e não
sei se ele e o Ronaldo vão arriscar o próximo Mundial, depois do show que deram.
Cafu é o mais velho -estará
com 36 anos na Copa da Alemanha- , mas está muito
bem fisicamente. Não será
surpresa vê-lo no próximo
Mundial, correndo e pedindo
a bola. Além do mais, não há,
nesse momento, nenhum outro lateral-direito.
A Copa serviu também para
todos nós conhecermos e
aprendermos um pouco de cidadania e de como as coisas
públicas e os cidadãos são respeitados no Japão e na Coréia.
Como exemplo, em todos os
lugares públicos como ruas,
aeroportos e estações de trem,
há no chão faixas amarelas,
salientes, para os deficientes
visuais se locomoverem.
Desde pequeno, ouço que o
Brasil é o país do futuro.
Estou ficando velho e o futuro não chega.
Está na hora de retornar.
Como todos os homens, gosto
do novo, do desconhecido,
mas sou também de hábitos e
de rotina. Vivemos divididos
entre o que temos e o que sonhamos; entre o que somos e o
que gostaríamos de ser.
Nada melhor do que voltar
para casa, rever as pessoas
queridas e desfrutar de pequenos e antigos hábitos. ""O tempo não pára" (Cazuza).
tostao.folha@uol.com.br
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