São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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PENTA

No vôo da vitória, atletas defendem continuidade; Cafu diz que deixa time se técnico sair

Pentacampeões engrossam lobby para que Scolari fique

Reuters
O técnico Luiz Felipe Scolari e o capitão Cafu acenam da janela do avião que trouxe a seleção brasileira pentacampeã a Brasília


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os jogadores pentacampeões mundiais engrossaram o lobby nacional pela permanência de Luiz Felipe Scolari na seleção.
No vôo que trouxe o time de volta ao Brasil, os argumentos se sucederam para que o treinador não deixe o Brasil pela Europa.
A atitude mais radical foi do lateral-direito e capitão Cafu. Atleta mais velho do grupo da Copa, com 32 anos, ele afirmou que só continua na seleção se Scolari for mantido no cargo. "Não me interessa ficar se ele sair. Seria quebrar a sequência de um trabalho que deu certo. Para mim, começar um planejamento do zero a essa altura não valeria a pena."
Constantemente criticado pela torcida e apontado pelo próprio Scolari como o responsável pela introdução do esquema de três zagueiros na seleção -segundo o técnico, Cafu tem limitações defensivas-, o lateral deu a volta por cima durante o Mundial.
Virou capitão só depois do corte do volante Emerson às vésperas do início da Copa. A faixa foi parar em seus braços por um pedido dos jogadores ao técnico.
Mas, durante a Copa, a relação entre Cafu e Scolari melhorou, a ponto de o jogador agora condicionar sua permanência à dele.
Marcos disse que não faz sentido desfazer um grupo "que se uniu tanto e obteve tantas vitórias". O goleiro foi outro que afirmou não ter grandes ambições quanto ao futuro na seleção. "Não é um sonho meu ser campeão de novo. Para mim está ótimo o que já conquistamos."
Mas deixou clara sua posição: "Se depender de mim, ele tem de continuar. Ele foi fundamental nesse ambiente de companheirismo que se criou".
O atacante Denílson chegou a fazer um "pronunciamento público" pela manutenção do treinador. Foi depois que Scolari, Cafu e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, inauguraram um painel alusivo ao penta no avião da Varig fretado pela confederação.
Surgiu um coro para que alguém fizesse um discurso -e o único a habilitar-se foi Denílson.
"Professor, se esse grupo continuar como está, o sexto [título mundial" está vindo."
E fez piada: "Não sei quem o senhor vai convocar. Sei que vai ser Denílson e o resto", afirmou, arrancando risos de toda a equipe.
Há ainda o caso de Rivaldo. Embora não tenha revelado essa intenção, o meia-atacante estuda a possibilidade de não continuar a defender a seleção dependendo de quem seja o técnico.
Aos 30 anos, o jogador do Barcelona já revelou que, por causa da idade, considera difícil disputar o Mundial de 2006.
Alvo predileto dos torcedores brasileiros nos momentos em que a seleção esteve mal nos últimos anos, Rivaldo acha que, como não pretende mesmo jogar na Alemanha-2006, talvez fosse melhor sair "por cima", já que realizou um ótimo Mundial na Ásia.
A chance de isso acontecer diminui consideravelmente se Scolari der sequência ao trabalho.
Segundo o próprio Rivaldo, o técnico gaúcho foi o que mais lhe deu confiança entre os últimos ocupantes do cargo na seleção -postura que teria sido decisiva para a boa fase do meia-atacante.
Scolari considerou o craque do Barcelona o melhor jogador da Copa Coréia/Japão.



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