São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Eu também te amo, Regina!

Cara dona Regina, bom-dia. No último domingo, diante de 1,5 bilhão de telespectadores, seu marido, o senhor Marcos Evangelista de Morais, disse que a amava. Aliás, ele fez mais do que isso: subiu num púlpito e, entre jatos de gelo seco e papéis picados prateados, gritou: "Eu te amo, Regina!".
Foi a maior declaração de amor de todos os tempos. Nunca alguém revelou seu amor para 1,5 bilhão de pessoas ao mesmo tempo. E essa declaração será repetida milhares de vezes por todo o mundo.
Talvez (e isso costuma acontecer com os grandes gestos) o senhor Marcos Evangelista nem se tenha dado conta das consequências de sua manifestação. Talvez não tenha percebido que, com sua declaração amorosa, tenha deixado aquela festa ainda mais comovente. É que, em geral, os capitães da seleção levantam a taça com um nobre ar militar. Mas seu marido, graças à senhora, pôs uma gota de poesia naquela conquista. Em vez do orgulho patriótico, o amor.
Por isso, com todo o respeito, permita-me dizer: "Eu também te amo, Regina!". Acho que todos os brasileiros a amamos.
Porém o gesto do senhor Marcos Evangelista criou um problema. É que, daqui para a frente, todas as esposas vão esperar uma declaração igual.
Já posso até imaginar algum capitão menos fiel erguendo a taça e anunciando ao mundo:
- Eu te amo, Lucimar! Quer dizer, Marilza. Xi, tá filmando?

torero@uol.com.br



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