São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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AUTOMOBILISMO

Dirigente, que anunciou renúncia, teme mortes na categoria

Mosley diz que prefere praia a F-1

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS

Não bastava a Max Mosley renunciar à presidência da FIA, atitude inédita nos cem anos da entidade. Não bastava detonar a maior crise da F-1 desde a morte de Ayrton Senna, em 1994. O inglês fez questão de centrar fogo nos chefes de equipe. Para ele, é deles a culpa pelo atual marasmo.
Mosley, 64, desabafou ontem, em Magny-Cours, após os primeiros treinos do GP da França.
Ele não citou nomes, generalizou. E fez uma previsão sombria: pilotos voltarão a morrer se a F-1 não mudar. "Não me interesso mais em ficar horas e horas sentado com chefes de equipe e depois ver que tudo o que decidimos não é aplicado. É mais divertido ficar numa praia, lendo um livro."
Presidente da entidade máxima do automobilismo desde 91, Mosley anunciou anteontem que deixará o cargo em outubro, um ano antes do fim do mandato. "Um ano a mais no cargo só significaria outro ano de aborrecimentos."
O motivo é a resistência que vem encontrando para implantar um novo pacote de segurança para a F-1. Para que as mudanças sejam adotadas, é necessária a aprovação dos times. "A questão é que a F-1 está muito rápida, e algo precisa ser feito. Desse jeito, logo voltaremos a ver pilotos morrendo."
Por ora, a renúncia de Mosley deixa a F-1 sem rumo. Nos últimos anos, nenhum dirigente manifestou vontade de comandar a FIA. E ainda não surgiram candidatos às eleições convocadas extraordinariamente para outubro.
Desde o início dos 80, os bastidores políticos do esporte não sofriam um abalo tão intenso. Em 82, um duelo entre Jean Marie Balestre, da Fisa -então o braço esportivo da FIA-, e Bernie Ecclestone e Mosley, defendendo as equipes, culminou com um boicote dos grandes times ingleses ao GP de San Marino, em Imola.
Como último ato, o inglês encaminhará no dia 6 mais uma tentativa de mudar as regras. Ele defende maior limitação no uso de pneus (dois jogos por final de semana) e de motores (um propulsor terá que durar dois GPs) e um corte na aerodinâmica em 2005.
Na pista, o dia ontem foi considerado perdido pelos pilotos. Choveu nas duas sessões, o que não deve se repetir hoje, às 9h, na definição do grid. Rubens Barrichello foi o mais veloz, seguido por Cristiano da Matta. Amanhã, a largada será no mesmo horário.


NA TV - Treino oficial do GP da França, Globo, ao vivo, às 9h


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