Pela 1ª vez no pódio e em decisão de Mundiais de basquete, europeus tentam título que só cinco países já conquistaram

Pau Gasol, astro espanhol, fica fora do jogo com gregos, que, sem jogadores na NBA, buscam a taça após baterem o badalado time americano

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Grécia e Espanha eram vistas com desconfiança antes do Mundial de basquete do Japão.
Mesmo campeões europeus, os gregos despertavam pouco interesse do público por não contarem com astros da NBA.
Já os espanhóis fizeram campanha preparatória acachapante, com nove vitórias. Mas ninguém levava muito a sério uma equipe, que, assim como no futebol, costumava amarelar.
Hoje, em Saitama, cada time lutará para pôr o nome na história. Espanha e Grécia nunca foram a uma final. Nem sequer subiram ao pódio em Mundiais.
"É histórico. Será genial. Respeitamos a Grécia, que tem bom jogo coletivo e acredita que possa nos vencer", diz o armador Calderón, cujo time não terá o ala Pau Gasol, seu maior nome. Exame apontou uma fratura no seu pé esquerdo -a lesão ocorreu na semifinal.
É uma mudança e tanto na quadra. Tradicionalista, o basquete não costuma abrir espaço a novatos. Desde que o Mundial surgiu, em 1950, é a primeira vez que times que nunca haviam feito uma final decidem.
E, em todas as vezes que foram à semifinal, a dupla teve desempenho frustrante. A Grécia ficou em quarto em 1994 e, mesmo em casa, só repetiu a colocação quatro anos depois. Nem participou da última edição, em Indianápolis-02. A Espanha não passou da quarta posição em 1982. Favorita, caiu nas quartas-de-final do Mundial-02 e da Olimpíada-04.
Quem vencer hoje colocará seu nome no olimpo dos cinco únicos países campeões mundiais: Argentina, Brasil, EUA, Sérvia e Montenegro (ex-Iugoslávia) e Rússia (herdeira da antiga União Soviética).
Apesar do mau retrospecto, Grécia e Espanha mostraram méritos. Para chegar à final, os gregos bateram três campeões continentais -Austrália, Brasil e China. Nas semifinais, superaram os EUA, badalados por astros da NBA como LeBron James e Dwyane Wade. Para isso, apostaram no jogo solidário.
"Não sou egoísta. Sei que há muitos atletas mais talentosos que eu. Mas eles não têm sido campeões em seus clubes ou em suas seleções. Eu tenho", alfineta o armador Papaloukas, que abocanhou o Europeu-05 pela Grécia e a Euroliga-06 com a camisa do russo CSKA.
A Espanha, por sua vez, eliminou sucessivamente Sérvia e Montenegro, bicampeã mundial, Lituânia, campeã do Europeu-03, e Argentina, ouro nos Jogos de Atenas-04. "Temos que ser respeitados", adverte o técnico Pepu Hernández.