São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jogo modelo do Ministério do Esporte experimenta propostas do Código de Defesa do Torcedor

A PM duvida...

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Era uma vez um jogo assim... Ingressos antecipados. Transporte facilitado. Segurança reforçada. Centenas de monitores. Lugares demarcados. E até pernil avalizado pela vigilância sanitária.
Um cenário que não convence nem o comandante do policiamento paulista nos estádios, um dos maiores interessados na melhoria das condições para os torcedores, e que beira a utopia após os incidentes das duas últimas semanas no futebol brasileiro.
Hoje, no Pacaembu, com Corinthians x Fluminense, será feito o primeiro teste das propostas do Código de Defesa do Torcedor.
O jogo modelo será coordenado pelo Ministério do Esporte.
"Não dá para pretender que os brasileiros ajam como os japoneses. Nem na Copa do Mundo, em que era obrigatório sentar onde indicava os ingressos, os brasileiros respeitaram. Aqui o torcedor não se senta. Fica de pé. É emotivo. Quer festa. Nada regula isso", disse o major Marcos Marinho, comandante do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar de SP.
De todas as novidades propostas pelo Código de Defesa do Torcedor, recém-enviado ao Congresso pelo presidente da República para ser votado em regime de urgência, a que mais interessa à PM é a instalação do sistema de monitoramento de imagens.
Com dinheiro doado pelo Ministério do Esporte -cerca de R$ 10 mil-, o Pacaembu foi dotado de dezenas de filmadoras e de um centro de imagens. Se o código for aprovado pelos congressistas, todos os clubes terão que fazer o mesmo em suas arenas.
Além disso, esperam hoje, pelos torcedores de Corinthians e Fluminense, 200 voluntários teoricamente treinados para auxiliá-los na localização de assentos e na resolução de pequenos conflitos.
Se o projeto de lei for aprovado, será virtualmente impossível repetir esse modelo. Num campeonato com 26 clubes, como este Brasileiro, 2.600 pessoas terão que se "voluntariar" a cada rodada.
"Os monitores não vão fazer nada demais. Vão ajeitar a fila, indicar a entrada, coisas simples", disse o tenente Elço, responsável pelas entradas da rua Itápolis.
A intenção dos organizadores é mesmo repassar pouca responsabilidade aos universitários que ajudarão o público. Para que não causem transtornos, foram vetados dentro do campo, de onde os policiais vigiam as arquibancadas, e no setor amarelo, reservado à organizada Gaviões da Fiel.
Tal setor, diferentemente dos demais, não foi numerado nem receberá monitores. A Gaviões vai monitorar os "gaviões". "É melhor assim. Estamos sempre em contato para equacionarmos o trabalho", afirmou o major.
Se o código for aprovado, com ou sem Gaviões, todos os estádios terão que ter lugares numerados, e os torcedores terão que obedecer à numeração dos bilhetes.



Texto Anterior: A rodada
Próximo Texto: ...e o Corinthians não acredita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.