São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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CUCA FRESCA

Há menos de três meses no clube, substituto não fez exames de coração no São Caetano

Jonas, 17, herda hoje a vaga de Serginho

DA REPORTAGEM LOCAL

"Ele tem só 17 anos, mas é bastante maduro. Não vai sentir a responsabilidade." O diagnóstico do técnico Péricles Chamusca sobre o substituto do zagueiro Serginho para os 31 minutos que restam da partida entre São Caetano e São Paulo foi quase perfeito. Só faltou acrescentar que o lateral-direito Jonas é também um verdadeiro cuca fresca.
Quando o árbitro reserva levantar a placa (se o procedimento padrão for mantido) para ordenar a substituição mais trágica da história do futebol brasileiro, vai entrar em campo um garoto que mostra um jeito sereno que parece faltar para companheiros bem mais experientes no trato com a morte de Serginho.
Paulista de Votuporanga, Jonas, que hoje vai vestir a camisa 13, não completou nem três meses de São Caetano -o time comprou metade dos direitos sobre ele do Mirassol. Ele só disputou dois jogos pelo Brasileiro.
Jonas mostra respeito pelo companheiro morto. "Ele me deu conselhos e me ajudou muito", diz ele, que hoje vai jogar improvisado na lateral esquerda -Ceará será deslocado para a posição que Serginho ocupava.
Mas nada parece incomodar o novato. O fato de jogar improvisado é quase motivo de piada. "É a mesma coisa, é só mudar o pé".
Já os são-paulinos são respeitados, mas não assustam. "Não dá para ter medo dos caras", diz.
Jonas, que já defendeu a seleção brasileira sub-17, vibra pela oportunidade de jogar em um time que atua no 3-5-2. "Sou mais ofensivo, para mim é beleza esse esquema", declara o fã de Cafu.
O atleta espera tirar proveito do jogo que muitos não gostariam de participar. "Tenho que aproveitar a chance. Estou 100%", diz o articulado lateral, que tenta completar em 2004 o último ano do ensino médio.
Na quarta-feira passada, depois da morte de Serginho, Jonas deixou o estádio do Morumbi com o ônibus da delegação e foi para o alojamento que divide com outro nove jogadores na cidade do Grande ABC.
Ele diz que sua residência agrada. "É legal, tem Sky (TV por assinatura) e microondas", afirma Jonas, que enfrentou com naturalidade quase uma dezena de câmeras de TV enquanto o grosso do elenco do São Caetano seguia em silêncio.
Nem quando o assunto coração entra na conversa o substituto de Serginho fica tenso. "Aqui no São Caetano não fiz exame nenhum, porque não deu tempo. Mas lá no Mirassol eu fiz e não deu nada", afirmou Jonas, que acha que na seqüência da sua carreira terá que ir muitas vezes ao médico. "A partir de agora todo mundo vai tomar mais cuidado." (PC)


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