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TÊNIS
O bom filho
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Pouca gente conhece Filipstad. Não é nenhum ginásio
na Alemanha, nem um tipo de piso usado na temporada indoor,
muito menos nome de tenista belga. Filipstad é uma cidade de 12
mil habitantes, perto do pólo Norte, no meio do nada, entre Estocolmo e lugar nenhum.
No tédio e no frio, a diversão
dos garotos locais não é o futebol.
Poderia até ser, não fosse um detalhe: como jogar futebol no meio
da neve? A diversão em Filipstad
é jogar "bandy", uma espécie de
"pelada" do hóquei no gelo.
Pois de tanto brincar de
"bandy", o jovem Leif, sempre impulsionado pelos pais, que queriam ver o filho praticando esporte, ficou tão bom que chegou até a
ser convocado para jogar na Rússia. Tênis, então, era só um passatempo no verão, curto, e só para
não desagradar à avó, que lhe dera uma raquete de aniversário.
Teria sido uma vida tranqüila
não tivesse o jovem Leif recebido,
no mesmo dia da convocação para a seleção de "bandy", um outro
convite, para uma temporada de
aulas de tênis nos EUA.
Leif gostava mais de "bandy"
do que de tênis. Só que a curiosidade em conhecer a Flórida era
maior do que a vontade de passar
alguns dias debaixo de neve em
Moscou. Foi por causa da viagem
para a terra do Mickey que Leif
Magnus Norman entrou no tênis.
A incursão não deveria ter ido
além da viagem para os EUA. Juvenil, em um jogo que nada valia,
ficou com tanta raiva do adversário que atirou a raquete sobre o
alambrado. Ela ficou presa em
uma árvore, e ele desistiu do jogo.
Parecia que tênis e Norman não
haviam nascido um para o outro.
Entre Stefan Edberg e a seleção de
hóquei no gelo, Norman sempre
ficava com a segunda opção.
Só os resultados empurravam
Norman adiante. Com os primeiros passos no profissionalismo,
porém, veio a notícia de que tinha
problemas no coração. Passou
por uma cirurgia de cinco horas.
Norman sempre "batia na trave". Nos Grand Slams, despachava Lleyton Hewitt, Marat Safin e
Nicolas Kiefer, mas sempre aparecia um Ievgueni Kafelnikov, um
Gustavo Kuerten no final. Subia
no ranking com títulos, mas parava no posto de número dois.
Ele mesmo reconhecia suas "limitações". Melhor saque? Pete
Sampras, dizia. Voleio? Patrick
Rafter. Backhand? Andre Agassi,
Lleyton Hewitt e Kuerten. "Eu
sou apenas um bom lutador."
Há três anos, então, as contusões passaram a atormentar o lutador impiedosamente. Primeiro,
no joelho; depois, no quadril. Depois, no joelho de novo.
Agora, o tênis finalmente conseguiu se livrar de Norman. Há dez
dias, depois de conversar com a
família e o médico, o tenista resolveu, com apenas 28 anos, abandonar as quadras.
Norman volta a Filipstad para
o Natal. É certo que passará a
dormir até mais tarde, algo de
que sempre reclamou quando tinha de treinar pela manhã. Talvez troque de carro, uma Ferrari
nova. Tristeza? Nenhuma. Melhor lembrança? Nada de Roland
Garros, Masters Cup ou badalações mundiais: "Aberto da Suécia,
1997". Título, aliás, conquistado
ali em Bastad, perto de Filipstad.
Longe de Filipstad
Francisco Costa ganhou o Future de Americana. Nesta semana, o circuito vai a Campinas. E Larissa Carvalho ficou com o Pfizer Open,
em Florianópolis, ao vencer a argentina Maria Jose Argeri.
Por aqui
Luis Henrique Grangeiro, Karina Chiarelli (18 anos), Nicolas Santos,
Bárbara Oliveira (16), José Pereira, Carolina de Luca (14), Alexandre
Schnittman e Isabela Miró (12) ganharam o Masters da Credicard
MasterCard Juniors Cup. Após passar por Uberlândia, Ribeirão Preto, Joinville, Brasília, Curitiba e São Paulo, o circuito volta em 2005.
Em São Paulo
A segunda edição da Copa Fino rola nesta semana, na Unisys Arena.
E-mail
reandaku@uol.com.br
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