São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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RODRIGO BUENO

"O Brasil é mais favorito que em 50"


Ghiggia, o maior carrasco do futebol brasileiro, espera levar o bisneto ao Maracanã na decisão da Copa de 2014

TODO mundo falou (e chutou) da Copa-14. Queria falar (e chutar) também. Liguei para Ghiggia, o autor do fatídico chute.
Cinco horas após o anúncio da sede, o papo começou: ""Sim, vai ser no Brasil, eu sei. Me ligaram da Espanha e da Argentina. É bom porque o Brasil pode fazer [uma Copa] e dar grande satisfação ao país. É compreensível que a Copa seja jogada na América do Sul. Estou bem contente", falou o ex-atacante, que vive em Las Piedras, a pouco mais de 20 km de Montevidéu.
"É mais tranqüilo. A imprensa aqui se lembra quando chegam algumas datas em julho, não gosto.
Prefiro viver tranqüilo. Estou com 80 anos e, por sorte, bem. Até agora o físico responde", conta o senhor Ghiggia, um dos três campeões de 1950 ainda vivos. ""Só restamos três, nada mais. Nos falamos por telefone, mas não de futebol. De futebol, não se fala. O Aníbal [Paz] está um pouco mal de saúde. O outro, Juan Carlos González, vive na Argentina e está bem de saúde." Mas será que o Brasil pode perder uma segunda Copa em casa?
"Não creio que vai deixar escapar porque é uma segunda oportunidade após 58 anos [64 em 2014]. Será muito bom para o Brasil, um candidato firme para ganhar o título. Vou torcer por um time sul-americano, pelo Brasil [risos]", falou o homem que fez a nação chorar com uma escapada pela direita e um gol.
"Não falo muito de 1950. Foi uma etapa da minha vida que, por sorte, foi uma etapa boa, mas não gosto muito de falar de 1950. Já passou muito tempo e guardo isso dentro de mim, nada mais [risos]."
Mas o senhor não disse certa vez que só o senhor, o papa João Paulo 2º e o Frank Sinatra calaram o Maracanã? ""Disse e ficou aí [risos]." O Uruguai terá chance? "Tem que levantar muito. A seleção não está formada. Vamos ver se para 2014 aparecem outros jogadores que possam brindar um bom espetáculo no Brasil. O futebol mudou muito, tudo mudou. Não sei se para bem ou para mal. Não vou mais a estádios. Não gosto como estão jogando bola. Me chateia. O futebol é um espetáculo, as pessoas gostam quando uma equipe joga bem."
Apontaria um novo Ghiggia? ""Gosto muito do Estoyanoff [atacante do Valladolid]. São sete anos [para a Copa] e pode ser que ele tenha hoje 28 anos [tem 25], não sei." Arrisca um favorito? ""Para mim, é o Brasil. Mais favorito que em 1950. Esperemos que a seleção brasileira dê alegria a vocês."
Quando esteve no Brasil pela última vez? ""Há dois anos, de férias, passeando por Porto Alegre, Rio.
Minha senhora não conhecia. Fui várias vezes aí, estive com Zizinho, grande amigo." E a família? ""Minha filha tem 48 anos, e meu filho, 52. Já fizeram a vida. Tenho seis netos. E um bisneto de dois anos."
Pensa em levá-lo à final no Rio?
"Sim, se estiver bem de saúde e forte, gostaria. Vamos ver [risos]."

rbueno@folhasp.com.br


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