São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Hamilton veio, viu e venceu

Campeão parafraseia general romano e diz que é "especial" ganhar título na terra de Ayrton Senna

"Meu coração parecia que ia explodir", afirma inglês, que perguntava à McLaren, de forma insistente, pelo rádio, se havia ganhado o título


Eduardo Knapp/Folha Imagem
Lewis Hamilton, ontem, depois de chegar em quinto lugar no GP Brasil e faturar o Mundial de F-1

DA REPORTAGEM LOCAL

A expressão fechada, os dentes separados escondidos já duravam pelo menos três corridas. Mas bastou cruzar a linha de chegada ontem que o Lewis Hamilton que chegou à F-1 no início do ano passado, sorriso fácil e falante, reapareceu.
"Nós viemos, nós vimos e nós conquistamos", disse, parafraseando o romano Júlio César.
Bandeira da Inglaterra no pescoço, desceu do carro chorando e correu para a pesagem obrigatória. Depois, debaixo de chuva e dos papéis picados que caiam da cerimônia do pódio, atravessou o paddock correndo até chegar ao escritório da McLaren na outra ponta.
Uma multidão o seguia. Assessores da equipe inglesa tentavam controlar o tumulto. Sempre com o pai, falou à imprensa, voltou para os boxes, tirou foto ao lado de crianças e de Maurren Maggi, medalha de ouro no salto em distância na Olimpíada de Pequim, e voltou para falar com os repórteres.
Depois, trocou de roupa e, com a camiseta laranja da vitória da McLaren, voltou a falar com a imprensa. "Ainda não posso acreditar que sou campeão mundial."0 (TATIANA CUNHA)

 

PERGUNTA - Como foram as últimas voltas?
LEWIS HAMILTON
- Antes de começar a chover eu estava bem.
Meus pneus não estavam perfeitos, e estava sofrendo um pouco para me manter na pista e consegui ficar à frente do [Sebastian] Vettel. Aí começou a garoar e ele me passou, mas me avisaram que eu tinha que ultrapassá-lo e não podia acreditar. Aí na última curva consegui passar o [Timo] Glock e... Nossa, foi sensacional. Meu coração parecia que ia explodir. Não sei como consegui ficar calmo.
É um sonho.

PERGUNTA - A equipe te avisou sobre o Glock?
HAMILTON
- Sim, mas só quando eu estava chegando perto dele. Foi um dos GPs mais duros da minha vida.

PERGUNTA - Quando cruzou a linha de chegada, sabia que era campeão?
HAMILTON
- Estava no rádio gritando para a equipe: "Consegui?, consegui'?" [risos]. Até que na curva 1 [S do Senna] disseram. Fiquei chocado.

PERGUNTA - Sente que pagou uma dívida com a McLaren, que desde cedo apostou em você?
HAMILTON
- Com certeza. Isso é um sonho. Eles não venciam havia tanto tempo e ser o responsável por esta conquista me enche de orgulho.

PERGUNTA - Você entrou para a história. Tem noção do que fez?
HAMILTON
- Não acho que a ficha tenha caído ainda. Meu coração ainda está batendo muito forte. Só posso agradecer à McLaren e minha família por tudo que fizeram por mim.

PERGUNTA - Ganhar o título no Brasil foi especial?
HAMILTON
- Com certeza. Vencer no solo do [Ayrton] Senna não teria como não ser especial.

PERGUNTA - O quanto difícil foi correr pelo quinto lugar?
HAMILTON
- Desde o começo, tentei manter minha posição, me poupar, não atacar ninguém. Foi ótimo não ter que tentar ser segundo ou algo assim. Estava numa posição confortável, mas foi chegando ao fim e as coisas foram ficando mais difíceis.

PERGUNTA - Essa foi um bela temporada...
HAMILTON
- Eu não diria que foi o melhor ano de uma maneira geral, especialmente pelo início da temporada. Mas chegar ao topo no fim... Estou muito agradecido.

PERGUNTA - Quando você conheceu Ron Dennis, ele disse para ligar quando fosse mais velho. Como essas palavras soam para você?
HAMILTON
- Ainda é agradável.
Só sei que estou cada vez mais perto do carro que ele me prometeu [um McLaren de passeio cor de laranja, edição limitada].


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