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Hamilton veio, viu e venceu
Campeão parafraseia general romano e diz que é "especial" ganhar título na terra de Ayrton Senna
"Meu coração parecia que ia explodir", afirma inglês, que perguntava à McLaren, de forma insistente, pelo rádio, se havia ganhado o título
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Lewis Hamilton, ontem, depois de chegar em quinto lugar no GP Brasil e faturar o Mundial de F-1
DA REPORTAGEM LOCAL
A expressão fechada, os dentes separados escondidos já duravam pelo menos três corridas. Mas bastou cruzar a linha
de chegada ontem que o Lewis
Hamilton que chegou à F-1 no
início do ano passado, sorriso
fácil e falante, reapareceu.
"Nós viemos, nós vimos e nós
conquistamos", disse, parafraseando o romano Júlio César.
Bandeira da Inglaterra no
pescoço, desceu do carro chorando e correu para a pesagem
obrigatória. Depois, debaixo de
chuva e dos papéis picados que
caiam da cerimônia do pódio,
atravessou o paddock correndo
até chegar ao escritório da
McLaren na outra ponta.
Uma multidão o seguia. Assessores da equipe inglesa tentavam controlar o tumulto.
Sempre com o pai, falou à imprensa, voltou para os boxes, tirou foto ao lado de crianças e de
Maurren Maggi, medalha de
ouro no salto em distância na
Olimpíada de Pequim, e voltou
para falar com os repórteres.
Depois, trocou de roupa e,
com a camiseta laranja da vitória da McLaren, voltou a falar
com a imprensa. "Ainda não
posso acreditar que sou campeão mundial."0
(TATIANA CUNHA)
PERGUNTA - Como foram as últimas voltas?
LEWIS HAMILTON - Antes de começar a chover eu estava bem.
Meus pneus não estavam perfeitos, e estava sofrendo um
pouco para me manter na pista
e consegui ficar à frente do [Sebastian] Vettel. Aí começou a
garoar e ele me passou, mas me
avisaram que eu tinha que ultrapassá-lo e não podia acreditar. Aí na última curva consegui
passar o [Timo] Glock e... Nossa, foi sensacional. Meu coração parecia que ia explodir. Não
sei como consegui ficar calmo.
É um sonho.
PERGUNTA - A equipe te avisou sobre o Glock?
HAMILTON - Sim, mas só quando eu estava chegando perto
dele. Foi um dos GPs mais duros da minha vida.
PERGUNTA - Quando cruzou a linha
de chegada, sabia que era campeão?
HAMILTON - Estava no rádio gritando para a equipe: "Consegui?, consegui'?" [risos]. Até que
na curva 1 [S do Senna] disseram. Fiquei chocado.
PERGUNTA - Sente que pagou uma
dívida com a McLaren, que desde cedo apostou em você?
HAMILTON - Com certeza. Isso é
um sonho. Eles não venciam
havia tanto tempo e ser o responsável por esta conquista me
enche de orgulho.
PERGUNTA - Você entrou para a história. Tem noção do que fez?
HAMILTON - Não acho que a ficha tenha caído ainda. Meu coração ainda está batendo muito
forte. Só posso agradecer à
McLaren e minha família por
tudo que fizeram por mim.
PERGUNTA - Ganhar o título no Brasil foi especial?
HAMILTON - Com certeza. Vencer no solo do [Ayrton] Senna
não teria como não ser especial.
PERGUNTA - O quanto difícil foi correr pelo quinto lugar?
HAMILTON - Desde o começo,
tentei manter minha posição,
me poupar, não atacar ninguém. Foi ótimo não ter que
tentar ser segundo ou algo assim. Estava numa posição confortável, mas foi chegando ao
fim e as coisas foram ficando
mais difíceis.
PERGUNTA - Essa foi um bela temporada...
HAMILTON - Eu não diria que foi
o melhor ano de uma maneira
geral, especialmente pelo início
da temporada. Mas chegar ao
topo no fim... Estou muito agradecido.
PERGUNTA - Quando você conheceu Ron Dennis, ele disse para ligar
quando fosse mais velho. Como essas palavras soam para você?
HAMILTON - Ainda é agradável.
Só sei que estou cada vez mais
perto do carro que ele me prometeu [um McLaren de passeio
cor de laranja, edição limitada].
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