São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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OLIMPÍADA

Ao divulgar balanço da Lei Piva, presidente do COB repete discurso da posse e pede mais dinheiro para obter resultados

Após 9 anos, Nuzman quer tempo e verba

DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DO RIO

Dinheiro e oito anos de trabalho. Quando assumiu a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro, em 1995, foi isso que Carlos Arthur Nuzman afirmou ser necessário para transformar o país em uma potência esportiva.
Ontem, na demonstração da aplicação dos recursos da Lei Piva, no Rio, o dirigente comemorou os quase R$ 47,5 milhões que sua entidade recebeu em 2003.
Também celebrou o crescimento recorde do números de atletas. Só que continuou pedindo recursos e tempo para que os resultados significativos apareçam.
"Temos que considerar que o tempo de amadurecimento de um trabalho leva de oito a 12 anos", disse Nuzman, em discurso semelhante ao que inaugurou sua gestão na entidade.
Oito anos, aliás, foi o período que o dirigente pediu em junho de 1995, quando assumiu o comando do COB. A diferença é que, naquela época, o dirigente estimava que os gastos com a delegação para os Jogos de Atlanta no ano seguinte seriam de R$ 3 milhões.
A verba viria do Indesp (Instituto Nacional do Desenvolvimento Desportivo), braço operacional do Ministério Extraordinário dos Esportes, que acabou extinto, e de patrocinadores do comitê.
O COB também era beneficiado com a arrecadação de testes da Loteria Esportiva. Dois rateios acumulados renderam R$ 90 mil.
Agora, apesar de o percentual obtido com as loterias em 2003 ter alcançado valores superiores ao registrado em 2002, o presidente considera a quantia ainda insuficiente. "Estes recursos atendem a cerca de um terço do custeio do esporte olímpico no Brasil. É importante prosseguir na luta pelo incentivo fiscal ao esporte."
Aprovada em julho de 2001, a lei, que leva o nome do ex-senador Pedro Piva (PSDB-SP), destina 2% da arrecadação das loterias da Caixa Econômica Federal ao COB e ao Comitê Paraolímpico.
Dez por cento foi para o esporte escolar, e 5%, para o esporte universitário. O restante, R$ 47,5 milhões, ficou com o COB, que fez a distribuição de R$ 27.850.782,76 para 27 modalidades.
O valor é 46,2% superior ao do montante recebido em 2002 (R$ 19.099.601,69), crescimento superior ao do número de atletas registrados pelas federações e repassado ao COB foi ainda maior.
De 2002 até 2003, houve um incremento de cerca 6%, contabilizando o alto rendimento e a base. Em 2002, existiam 426 mil atletas filiados às federações. Agora o número alcança 455 mil.
Mesmo com o volume da verba crescendo mais rápido que o de competidores, as confederações precisaram utilizar mais R$ 2.120.037,28 que foram antecipados da receita de 2004.
Nuzman festejou os números e destacou o crescimento nas regiões Norte (26,3%), Nordeste (36,4%) e Centro-Oeste (24%).
"Este é um dado impressionante. Prova que se está investindo na base. É desse trabalho de base que saem os atletas que representam o Brasil em competições no exterior", disse o presidente do COB.

Recursos de mais
Apesar de Nuzman ter declarado que os recursos da Lei Piva ainda são insuficientes para o esporte brasileiro, algumas confederações não conseguiram gastar o montante que receberam em 2003.
No total, sete entidades terminaram o ano com dinheiro das loterias acumulado no caixa -Desportos Aquáticos, Desportos na Neve, Handebol, Judô, Levantamento de peso, Taekwondo e Vôlei. A soma do dinheiro não utilizado resulta em R$ 856 mil.
O caso mais emblemático ocorreu com o levantamento de peso.
A confederação ainda possui 46,3% dos recursos que tinha para utilizar no ano passado, o que equivale a mais de R$ 390 mil.
Em 2002, a modalidade já havia acumulado 48,7% da verba que poderia utilizar. Para 2004, a previsão é que a parte do levantamento de peso na divisão da receita caia de 1,5% para 0,5%.


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