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FUTEBOL
Símbolo de um novo craque
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Kaká continua muito bem na
Itália. Como Inzaghi está
contundido e o substituto Tomasson não é brilhante, o Milan tem
jogado com dois meias ofensivos
(Kaká e Rui Costa) próximos de
um único atacante fixo (Schevchenko). O time ficou melhor. A
seleção brasileira campeã do
mundo, a atual e o Cruzeiro com
Alex e Rivaldo jogam assim.
Carlo Ancelotti comparou Kaká
a Platini. Imagino que o técnico
do Milan se referia ao sucesso que
teve o atleta francês e que Kaká
pode ter. Ainda não tem. Os dois
atuam na mesma posição, mas
têm características diferentes.
Platini, um dos melhores jogadores da história do futebol mundial, era um meia de passes, dribles e toques precisos, bonitos, elegantes e geniais. Era eficiente e
fantasista. Lembra um pouco o
Ronaldinho e os grandes meias
do Brasil, menos o Kaká.
Além da ótima técnica, Kaká se
destaca pelo futebol objetivo, disciplinado e pela velocidade, força
física e arrancadas em direção ao
gol. Kaká poderá se tornar símbolo de um novo estilo de craque.
Ancelotti deve estar apaixonado pelo futebol do Kaká, um jogador que corre muito, desarma, arma, ataca, faz tudo o que o técnico pede e ainda sabe jogar futebol.
Ele é o atleta dos sonhos de todo
treinador, principalmente dos
italianos.
Pensar o pensamento
Flamengo e Fluminense fizeram
ótima partida. Felipe, que é um
excelente jogador, deu um show.
Gostaria de chamá-lo em definitivo de craque, mas não devo. Ele é
craque em alguns momentos.
Um jogador só deveria ser chamado de craque se brilhasse durante um certo tempo ao lado de
outros craques. Há muitos jogadores que somente se destacam
quando são os únicos excelentes
atletas de um time. Todas as bolas chegam aos seus pés e só ele
brilha. Toda seleção sem expressão que enfrenta o Brasil tem um
desses pseudocraques, que parecem melhores do que os autênticos craques brasileiros.
Romário deu três toques precisos no jogo e saiu. Fez um gol de
pênalti, deu um ótimo passe para
Rodolfo marcar e colocou com
maestria uma bola no canto, após
dar um drible de corpo nos dois
zagueiros. Ao verem o movimento do corpo do Romário, Júnior
Baiano e Fabiano Eller foram para um lado, e o Baixinho, pensou
(fintou) o pensamento dos dois,
foi para o outro e fez o gol.
Frágil equilíbrio
O placar mais correto da excelente partida entre Santos e Palmeiras deveria ser 5 a 5. O Palmeiras, com seus rápidos contra-ataques, e o Santos, com o seu futebol ofensivo e trocas de passes,
envolveram com facilidade as
duas defesas, durante todo jogo.
Os gols das duas equipes e muitos
outros perdidos poderiam ter
acontecido em qualquer tempo.
Os dois precisam reforçar a defesa. O Palmeiras necessita de melhores zagueiros, e o Santos, de
acertar o posicionamento dos defensores. O time vai para a frente
e deixa a defesa desprotegida.
No contra-ataque, o Santos perdeu as duas partidas para o Boca
Juniors na Libertadores e muitos
jogos pelo Brasileiro. Pelo mesmo
motivo, com freqüência, a equipe
sofre um gol e tem de correr atrás
da vitória, do lucro, e não do prejuízo, como falam.
Parreira e todos os técnicos adoram falar de equilíbrio. É obvio
que isso é fundamental, desde que
o time seja bom na defesa, no
meio e no ataque, como o Cruzeiro no ano passado. Time equilibrado, mas ruim em todos os setores, é ainda pior.
Nova convocação
Não houve surpresas na convocação e não foram chamados jogadores do Santos e do Cruzeiro
que atuam na mesma data pela
Libertadores. Não mudei de opinião sobre os jogadores que estiveram no Pré-Olímpico. Mesmo
se todos os atletas pudessem ser
chamados, convocaria Luisão,
Alex ou Edu Dracena (dois dos
três) e mais o Robinho.
Não havia e não há lugar para o
Diego. Ele é um excelente meia
ofensivo, porém Kaká, Alex, Ronaldinho, Rivaldo e Juninho Pernambucano, que pode também
atuar de volante, são superiores.
Edu Dracena e Alex não brilharam, mas atuaram bem no Pré-Olímpico. Se o Parreira não mudar o esquema tático, não há reserva para o Zé Roberto. Parece
até que ele é o Zidane do time. Insisto que o Robinho seria uma
boa opção, não para jogar como
no Pré-Olímpico nem fazer o que
faz o Zé Roberto. Desconfio que
falo sozinho.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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