São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Símbolo de um novo craque

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Kaká continua muito bem na Itália. Como Inzaghi está contundido e o substituto Tomasson não é brilhante, o Milan tem jogado com dois meias ofensivos (Kaká e Rui Costa) próximos de um único atacante fixo (Schevchenko). O time ficou melhor. A seleção brasileira campeã do mundo, a atual e o Cruzeiro com Alex e Rivaldo jogam assim.
Carlo Ancelotti comparou Kaká a Platini. Imagino que o técnico do Milan se referia ao sucesso que teve o atleta francês e que Kaká pode ter. Ainda não tem. Os dois atuam na mesma posição, mas têm características diferentes.
Platini, um dos melhores jogadores da história do futebol mundial, era um meia de passes, dribles e toques precisos, bonitos, elegantes e geniais. Era eficiente e fantasista. Lembra um pouco o Ronaldinho e os grandes meias do Brasil, menos o Kaká.
Além da ótima técnica, Kaká se destaca pelo futebol objetivo, disciplinado e pela velocidade, força física e arrancadas em direção ao gol. Kaká poderá se tornar símbolo de um novo estilo de craque.
Ancelotti deve estar apaixonado pelo futebol do Kaká, um jogador que corre muito, desarma, arma, ataca, faz tudo o que o técnico pede e ainda sabe jogar futebol. Ele é o atleta dos sonhos de todo treinador, principalmente dos italianos.

Pensar o pensamento
Flamengo e Fluminense fizeram ótima partida. Felipe, que é um excelente jogador, deu um show. Gostaria de chamá-lo em definitivo de craque, mas não devo. Ele é craque em alguns momentos.
Um jogador só deveria ser chamado de craque se brilhasse durante um certo tempo ao lado de outros craques. Há muitos jogadores que somente se destacam quando são os únicos excelentes atletas de um time. Todas as bolas chegam aos seus pés e só ele brilha. Toda seleção sem expressão que enfrenta o Brasil tem um desses pseudocraques, que parecem melhores do que os autênticos craques brasileiros.
Romário deu três toques precisos no jogo e saiu. Fez um gol de pênalti, deu um ótimo passe para Rodolfo marcar e colocou com maestria uma bola no canto, após dar um drible de corpo nos dois zagueiros. Ao verem o movimento do corpo do Romário, Júnior Baiano e Fabiano Eller foram para um lado, e o Baixinho, pensou (fintou) o pensamento dos dois, foi para o outro e fez o gol.

Frágil equilíbrio
O placar mais correto da excelente partida entre Santos e Palmeiras deveria ser 5 a 5. O Palmeiras, com seus rápidos contra-ataques, e o Santos, com o seu futebol ofensivo e trocas de passes, envolveram com facilidade as duas defesas, durante todo jogo. Os gols das duas equipes e muitos outros perdidos poderiam ter acontecido em qualquer tempo.
Os dois precisam reforçar a defesa. O Palmeiras necessita de melhores zagueiros, e o Santos, de acertar o posicionamento dos defensores. O time vai para a frente e deixa a defesa desprotegida.
No contra-ataque, o Santos perdeu as duas partidas para o Boca Juniors na Libertadores e muitos jogos pelo Brasileiro. Pelo mesmo motivo, com freqüência, a equipe sofre um gol e tem de correr atrás da vitória, do lucro, e não do prejuízo, como falam.
Parreira e todos os técnicos adoram falar de equilíbrio. É obvio que isso é fundamental, desde que o time seja bom na defesa, no meio e no ataque, como o Cruzeiro no ano passado. Time equilibrado, mas ruim em todos os setores, é ainda pior.

Nova convocação
Não houve surpresas na convocação e não foram chamados jogadores do Santos e do Cruzeiro que atuam na mesma data pela Libertadores. Não mudei de opinião sobre os jogadores que estiveram no Pré-Olímpico. Mesmo se todos os atletas pudessem ser chamados, convocaria Luisão, Alex ou Edu Dracena (dois dos três) e mais o Robinho.
Não havia e não há lugar para o Diego. Ele é um excelente meia ofensivo, porém Kaká, Alex, Ronaldinho, Rivaldo e Juninho Pernambucano, que pode também atuar de volante, são superiores.
Edu Dracena e Alex não brilharam, mas atuaram bem no Pré-Olímpico. Se o Parreira não mudar o esquema tático, não há reserva para o Zé Roberto. Parece até que ele é o Zidane do time. Insisto que o Robinho seria uma boa opção, não para jogar como no Pré-Olímpico nem fazer o que faz o Zé Roberto. Desconfio que falo sozinho.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


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