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NFL, gorda e doente, celebra a 41ª final
Número de casos de moléstias de obesidade cresce no futebol americano, que tem Chicago x Indianapolis no Super Bowl
Estudo mostra que 37% dos atletas da liga têm corações superdimensionados e 52% sofrem de diabetes, pressão alta e doenças coronarianas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Aos 17 anos, Joe Martin-Culet tem 2,07 m e pesa 150 kg. O
adolescente é um dos jogadores
das 40 escolas da região de Miami que participaram das festividades do Super Bowl, decisão
do torneio de futebol americano e maior evento esportivo
dos EUA, que ocorre hoje.
Colegas de classe de Joe (eles
ainda estão no colégio, lembra?), Joshua Stanley, Michael
Roberts, Jason Cohen e Ryan
Rhoden pesam entre 140 kg e
160 kg. Junto, o grupo soma
mais de meia tonelada.
Hoje, no futebol americano,
quanto mais gordo e grande,
melhor. Nunca, na história do
esporte nos EUA, houve atletas
tão obesos (e tão doentes). Dados da NFL, a liga nacional da
categoria, revelam que, em
2005, mais de 300 atletas pesavam acima de 140 kg. Trinta
anos antes, não havia nenhum.
Preocupada, a organização
do Super Bowl encomendou
um estudo médico com 550 jogadores. O diagnóstico:
1) Três quartos sofrem de apnéia do sono, um distúrbio que
causa a suspensão momentânea da respiração;
2) Metade tem síndrome metabólica, transtorno relacionado à resistência à insulina e à
obesidade abdominal;
3) Dos avaliados, 37% têm
corações superdimensionados;
4) Outros 52% sofrem de diabetes, pressão alta e doenças
coronarianas.
Com rivais maiores, é preciso
estar cada vez mais gordo para
enfrentá-los. Isso cria um ciclo
vicioso que já atinge atletas de
base. O volume dos atletas, por
assim dizer, já causa transtornos econômicos. Não cabem,
por exemplo, nas poltronas de
avião. Para a maioria, é preciso
comprar três assentos no vôo.
Embora não haja um estudo
científico sobre a longevidade e
a expectativa de vida dos atletas, cinco deles morreram jovens desde 2001: Chris Stewart
(Oklahoma City), aos 17; Reggie
White (Green Bay Packers), aos
43; Thomas Herrion (San
Francisco 49ers), aos 23; Korey
Stringer (Minnesota Vikings),
aos 27; e Frank Warren (New
Orleans Saints), aos 43. Todos
tiveram infarto do miocárdio.
Estudo feito com jogadores
da Universidade de Iowa e publicado na última edição do jornal da Associação Médica Americana revela que o quadro é semelhante em atletas jovens.
Metade dos alunos tem os mesmos problemas de saúde, e um
em cada dez é obeso mórbido.
Pior: quando se aposentam e
deixam de se exercitar, a obesidade é acentuada. Não houve
um jogador sequer que tenha
perdido peso fora de campo.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 71%
dos homens, 61% das mulheres
e 33% das crianças estão acima
do peso nos EUA. Do total da
população, 64% são considerados obesos, quando o índice de
massa corporal -peso dividido
por altura elevada ao quadrado- é superior a 30.
Atenta ao problema, a NFL
faz hoje, no Dolphin Stadium,
em Miami, o 41º Super Bowl,
cuja final será entre Chicago
Bears e Indianapolis Colts. Em
2006, o jogo foi visto por 91 milhões de pessoas só nos EUA.
NA TV - Chicago x Indianapolis
ESPN, ao vivo, às 21h
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