São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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NFL, gorda e doente, celebra a 41ª final

Número de casos de moléstias de obesidade cresce no futebol americano, que tem Chicago x Indianapolis no Super Bowl

Estudo mostra que 37% dos atletas da liga têm corações superdimensionados e 52% sofrem de diabetes, pressão alta e doenças coronarianas

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Aos 17 anos, Joe Martin-Culet tem 2,07 m e pesa 150 kg. O adolescente é um dos jogadores das 40 escolas da região de Miami que participaram das festividades do Super Bowl, decisão do torneio de futebol americano e maior evento esportivo dos EUA, que ocorre hoje.
Colegas de classe de Joe (eles ainda estão no colégio, lembra?), Joshua Stanley, Michael Roberts, Jason Cohen e Ryan Rhoden pesam entre 140 kg e 160 kg. Junto, o grupo soma mais de meia tonelada.
Hoje, no futebol americano, quanto mais gordo e grande, melhor. Nunca, na história do esporte nos EUA, houve atletas tão obesos (e tão doentes). Dados da NFL, a liga nacional da categoria, revelam que, em 2005, mais de 300 atletas pesavam acima de 140 kg. Trinta anos antes, não havia nenhum.
Preocupada, a organização do Super Bowl encomendou um estudo médico com 550 jogadores. O diagnóstico:
1) Três quartos sofrem de apnéia do sono, um distúrbio que causa a suspensão momentânea da respiração;
2) Metade tem síndrome metabólica, transtorno relacionado à resistência à insulina e à obesidade abdominal;
3) Dos avaliados, 37% têm corações superdimensionados;
4) Outros 52% sofrem de diabetes, pressão alta e doenças coronarianas.
Com rivais maiores, é preciso estar cada vez mais gordo para enfrentá-los. Isso cria um ciclo vicioso que já atinge atletas de base. O volume dos atletas, por assim dizer, já causa transtornos econômicos. Não cabem, por exemplo, nas poltronas de avião. Para a maioria, é preciso comprar três assentos no vôo.
Embora não haja um estudo científico sobre a longevidade e a expectativa de vida dos atletas, cinco deles morreram jovens desde 2001: Chris Stewart (Oklahoma City), aos 17; Reggie White (Green Bay Packers), aos 43; Thomas Herrion (San Francisco 49ers), aos 23; Korey Stringer (Minnesota Vikings), aos 27; e Frank Warren (New Orleans Saints), aos 43. Todos tiveram infarto do miocárdio.
Estudo feito com jogadores da Universidade de Iowa e publicado na última edição do jornal da Associação Médica Americana revela que o quadro é semelhante em atletas jovens. Metade dos alunos tem os mesmos problemas de saúde, e um em cada dez é obeso mórbido.
Pior: quando se aposentam e deixam de se exercitar, a obesidade é acentuada. Não houve um jogador sequer que tenha perdido peso fora de campo.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 71% dos homens, 61% das mulheres e 33% das crianças estão acima do peso nos EUA. Do total da população, 64% são considerados obesos, quando o índice de massa corporal -peso dividido por altura elevada ao quadrado- é superior a 30.
Atenta ao problema, a NFL faz hoje, no Dolphin Stadium, em Miami, o 41º Super Bowl, cuja final será entre Chicago Bears e Indianapolis Colts. Em 2006, o jogo foi visto por 91 milhões de pessoas só nos EUA.

NA TV - Chicago x Indianapolis
ESPN, ao vivo, às 21h


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