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cofre aberto
Verba pública financiará 94% dos estádios da Copa
Documento do Ministério do Esporte mostra que país vai gastar R$ 5,3 bilhões
Previsão de investimento em arenas para o Mundial de 2014 já ultrapassa em
167% o valor estimado há apenas dois anos pela CBF
MARIANA BASTOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora é oficial. A Copa de
2014, que Ricardo Teixeira, o
presidente da CBF, dizia que
seria o Mundial da "iniciativa
privada", terá 94% dos R$
5,342 bilhões para a reforma e a
construção de estádios bancados pelos cofres públicos.
A conta foi formalizada pelo
Ministério do Esporte, que divulgou documento que detalha
as responsabilidades dos gastos
do Mundial e especifica quanto
custará cada um dos 12 estádios
da Copa e quem irá pagá-los
-também fez isso para as obras
de mobilidade urbana necessárias para a competição.
O contrato mostra que R$
3,427 bilhões para as obras nas
arenas serão bancados com dinheiro do BNDES. O governo
federal argumenta que o banco
estatal de fomento fará empréstimos em condições de
mercado, o que não configuraria uso de verba pública.
Mas, desse montante, só
R$ 175 milhões devem ser tomados por entidades privadas
-R$ 25 milhões pelo Atlético-
-PR e R$ 150 milhões pelo São
Paulo. O resto, ou quase tudo,
será levantado pelos governos
estaduais, que falharam na tentativa de angariar parceiros privados para as obras.
Além do dinheiro do BNDES,
os Estados ainda preveem investir, com recursos próprios,
quase R$ 1,6 bilhão nas arenas.
O governo de Brasília, por
exemplo, promete bancar com
dinheiro do seu orçamento
R$ 345 milhões dos R$ 745 milhões que vai custar o novo Mané Garrincha, o mais caro de todos os estádios do Mundial.
Em 2007, quando o país ganhou o direito de abrigar a Copa pela segunda vez, a CBF, responsável pela candidatura brasileira na Fifa, estimava que o
país gastaria pouco menos de
R$ 2 bilhões com estádios. Ou
seja: a estimativa atual já é
167% maior do que a original.
O fato de os cofres públicos
assumirem quase toda a conta
dos estádios vai na contramão
do que Ricardo Teixeira discursava até ano passado. Em maio,
por exemplo, a CBF divulgou
comunicado, assinado por ele,
em que o cartola era categórico
na defesa de verbas privadas.
"A Copa do Mundo será melhor quanto menos dinheiro
público for investido. Essa
equação é que norteia o projeto
desde o início. Ao governo, em
todos os seus níveis, caberá os
gastos com obras que lhe dizem
respeito. O investimento maior
terá de vir da iniciativa privada", escreveu o cartola.
Os mais de R$ 5 bilhões que o
Brasil pretende gastar com estádios ficam acima do despendido pela África do Sul nas arenas da Copa-2010. A projeção
de investimento dos sul-africanos é de R$ 3,9 bilhões. São dois
estádios a menos que o Brasil,
mas alguns dos projetos são arquitetonicamente mais ousados que os brasileiros, como o
do Soccer City, em Johannesburgo, e os das arenas da Cidade do Cabo e de Durban.
Os organizadores do Mundial brasileiro querem que as
obras de todos os estádios comecem em março, mas nem todas as sedes cumprirão o prazo.
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